NEW AGE RETRO GAMER #3: Dynamite Headdy

Welcome to the NEW AGE RETRO GAMER #3. Get ready!


NEW AGE RETRO GAMER #3
Dynamite Headdy (Mega Drive)
Sega / Treasure
1994

Em meados dos anos 90, a extremamente supimpa developer Treasure vivia um lindo caso de amor com a empresa do ouriço mais azulado do mundo. Não sei dizer se foi um acordo escrito ou se o Maegawa simplesmente ficou muito louco gritando “BURASTO PUROCESSINGU!!” no ouvido de cada um dos ex-funcionários da Konami que trabalhavam na empresa, mas o fato é que a Treasure se empolgou tanto com o Mega Drive da Sega que chegou ao ponto de não lançar um só título para o concorrente Snes.

Se você nunca nem tocou em um jogo da Treasure, permita-me explicar: eles fazem jogos de ação. E em seus jogos de ação, coisas explodem. Tipo, elas explodem O TEMPO TODO. E os jogos são sempre bem rápidos, cheios de efeitos inacreditáveis e COISAS ESTÃO EXPLODINDO e VÉI, acredite em mim: é bem massa. E como o Mega Drive era bem adequado pra esse tipo de coisa, já viu, né?

Mas nem só de coisas explodindo sobreviviam os anos 90, apesar de que chegou perto disso. Como você já leu aqui no site do GAMESFODA, jogos de mascotes estavam em alta no mercado. Todo mês pipocavam nas estantes novos títulos com criaturas fofuxas nas capas nos consoles 16-bit, e foi em meio a esse cenário meio derivativo que a Treasure lançou o explosivo (RÁÁÁÁ!) Dynamite Headdy.

Dynamite Headdy (Cabecinha Dinamite) é um jogo de plataforma/ação/mascote publicado pela Sega em 1994. Headdy é uma marionete amarelada com sapatos de palhaço, gravata borboleta e uma cabeça flutuante com um pavio no topo. É tipo um Rayman ainda mais feio, com direito a basquete usando a própria cabeça e tudo (as semelhanças não param por aí). Na história, um vilão esquisito que eu nunca lembro o nome invade a cidade, taca o caos, xinga a mãe, cospe no chão, deixa toalha molhada em cima da cama e sequestra uma galera para poder povoar o seu império. Após ser capturado, descartado do “novo império do mal” e já a caminho para um incinerador, Headdy consegue escapar e segue em uma fuga frenética que representa a primeira fase jogável.

Um dos grandes enfoques de Dynamite Headdy aparece em sua apresentação artística e visual: toda a ambientação do jogo é baseada em um teatro de fantoches. Cortinas vermelhas marcam a transição de fases, cenários como pano de fundo que caem e revelam outro cenário completamente diferente, nuvens que “flutuam” graças aos fios que as prendem, vigas que sustentam o chão que você pisa, chefes construídos de papelão, batalhas no backstage… toda a ambientação é riquíssima em detalhes e possui um colorido incrível que beira o insano, considerando as limitações da paleta gráfica do Mega Drive, dando um visual marcante ao jogo e especialmente às suas cutscenes, que sempre brincam com a ideia do teatro.

De início, Dynamite Headdy pode aparentar ser um jogo de plataforma qualquer, mas há um bom número de truques em sua manga. O personagem principal ataca arremessando a sua cabeça (Michel Ancel, favor comparecer à direção AGORA!) em oito direções diferentes, e como é de praxe em jogos da Treasure, e tem o poder de “trocar” cabeças temporariamente para adquirir poderes especiais diferentes acertando uns bloquinhos com os ícones correspondentes. As cabeças te tão poderes tais como ficar mais rápido, parar o tempo, se prender nas paredes, diminuir de tamanho, entre outros. Essa é uma sacada legal que permite vários modos de superar um mesmo desafio, mas é um detalhe que poderia ser melhor implementado e tem seu escopo limitado devido às escolhas serem tão pré-determinadas por cenário e durarem tão pouco tempo.

Sendo um jogo de plataforma, você vai ter coisas óbvias como andar pra frente e pular em plataformas (dã), mas o fluxo do jogo é tão diferente do comum que talvez chamá-lo de um jogo de ação faça mais sentido. Cada uma das pequenas fases (chamadas de “cenas”, para manter o aspecto teatral) apresenta uma nova “gimmick” tornando-a diferente da anterior. Dynamite Headdy apresenta ideias em um ritmo constante e descarta elas logo em seguida a favor de algo novo: uma cena de plataforma pode apresentar uma de fuga, três chefes seguidos e uma seção de “navinha” para finalizar. A continuidade do jogo é frenética e vai se renovando o tempo todo, um negócio bem DAORA A VIDA. Talvez a única hora que você repare o quão diversificado é a estrutura do jogo seja depois de duas horas seguidas, quando você pensa “carai, há quanto tempo eu tô nisso?” e logo depois aquela ruivinha peituda do 4º andar te liga reclamando que você está quarenta minutos atrasado pro seu encontro.

Contradizendo a sua provável primeira impressão, a dificuldade aqui é significativa. Mesmo considerando a natureza arcade dos jogos de outrora, Dynamite Headdy é um jogo bem longuinho que vai exigir alguma perseverança para ser terminado (não há bateria de save, mas há um cheat secreto para seleção de fases). Você tem um número limitado de vidas e continues, mas pode obter mais continues pegando os itens que os chefes derrubam após serem derrotados. O início é bem descomplicado, mas lá pro terço final do jogo a dificuldade sobe BRUSCAMENTE, apresentando alguns trechos de navinha e chefes tão escrotos que é bem capaz de você traumatizar o seu priminho de 6 anos com o tanto de novos palavrões que ele acabou de aprender. Dynamite Headdy não é impossível, mas é desafiador, e é improvável que você consiga terminar o jogo na sua primeira tentativa. (O que você está dizendo? “Save… states”? SAIA DA MINHA CASA)

A versão americana e européia do jogo torna isso ainda mais difícil (prática escrota da Sega of America em 1994; Streets of Rage 3 sofre do mesmo problema) ao reduzir o número de vidas e continues e modificar o padrão de ataque de alguns chefes. Há também algumas falas de personagens que foram removidas, e o final é diferente. Se você tiver a escolha, eu recomendaria que jogue a versão japonesa.

Dynamite Headdy saiu no mercado em um momento em que jogos medíocres de mascotes saíam a torto e direto, o que talvez tenha contribuído para a sua falta de sucesso e reconhecimento apenas em um círculo mais underground. Eu pessoalmente gosto de vê-lo como algo próximo de um “Super Mario Galaxy no Mega Drive”, tamanha a criatividade e número de ideias novas que aparecem fase após fase, para serem descartados logo em seguida e substituídos por algo ainda mais loko. É frenético, é interessante e surpreeende o jogador. Pra você que ainda achava que só de Sonic vivia o 16-bit da Sega, vale MUITO a pena dar uma olhada nesse excelente título.

Sobre

Rodrigo "Rod" é soteropolitano, estuda psicologia, e acha que entende alguma coisa sobre design de games. É fanático pela SEGA, George Orwell, Matsuno, ska-punk e ruivas (não necessariamente nesta ordem).
  • http://twitter.com/Roddd @Roddd

    Fãs de jeimes de plataforma: JOGUEM ESTA MERDA

    Esqueci de comentar que o título tá disponível no Sonic's Ultimate Genesis Collecion para PS3/360 e no Virtual Console do Wii.

    • http://twitter.com/undefined @undefined

      Era isso que eu ia dizer, o jogo está no Sonic's Ultimate Genesis Collecion.

      O pior é que eu tenho o disco há quase um ano (comprei por causa dos Streets of Rage, Sonic e Golden Axe da vida) e nem tinha considerado em jogar o Dynamite Headdy justamente por achar que era só um "joguinho de mascote".

      Nem imaginei que era da Treasure (jogo Gunstar Heroes animadamente até hoje). Já tenho um bom programa para o fim-de-semana, hehe.

    • https://www.facebook.com/alvaroleitedomingos Álvaro Leite Domingos

      Era isso que eu ia dizer, o jogo está no Sonic's Ultimate Genesis Collecion.

      O pior é que eu tenho o disco há quase um ano (comprei por causa dos Streets of Rage, Sonic e Golden Axe da vida) e nem tinha considerado em jogar o Dynamite Headdy justamente por achar que era só um "joguinho de mascote".

      Nem imaginei que era da Treasure (jogo Gunstar Heroes animadamente até hoje). Já tenho um bom programa para o fim-de-semana, hehe.

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