ARTESFODA BR #16 – Rod Pereira, um artista AAA

  7/09/2012 - 17:53   ARTESFODABR,  
 

Esforço é um assunto recorrente em nossas vidas, tanto pelas palavras cansativas de seus pais logo que você atinge maturidade o suficiente (ou não) para fazer as coisas por si, como pelo que nós mesmos acabamos por definir como objetivo.

Ao admirarmos uma pessoa, é raro pensarmos no caminho todo que ela passou até chegar ali, e nosso sentimento imediatista acaba por nos inquietar e frustrar muito mais frequentemente do que deveria.

Porém, não podemos esquecer que o caminho a seguir é sempre longo e pedregoso, e nem sempre o atalho que pegamos realmente chega em algum lugar – se chega, não é exatamente o que queríamos.

O esforço é mais do que necessário, e a experiência que vem com ele nos faz conseguir retirar as pedras do caminho antes mesmo de cruzarmos com elas.

Falando em voz da experiência, nosso convidado da semana entende muito bem sobre os resultados de seu esforço.

E é com muitíssimo prazer que os apresento Rod Pereira!

“Meu deus meu filho, como você vai ser alguém na vida fazendo desenhinho e com esse cabelo?”

Rodrigo Luiz Pereira tem 36 anos, mora na capital de São Paulo e trabalha como concept artist e artista freelancer de comic books. É técnico em Desenho de Comunicação pelo colégio Carlos de Campos.

O dote artístico foi descoberto lá pelos 11 anos, ao começar copiando um desenho de Asterix e levando uma bagagem de elogios pra casa por causa do resultado. É inspirado pelas coisas do cotidiano; além de artistas, quadrinhos e jogos, boas conversas com a esposa e amigos também o inspiram. Entre suas muitas referências, Drew Struzan é uma das maiores, tanto artística quanto pessoal.

A jogatina começou tarde, quando já era adulto, pois na época do Atari seus pais não tinham condições de dar um a ele. Na época do guaraná de rolha, venceu um concurso da Abril onde precisava-se fazer um desenho da Marvel e ganhou um videogame CCE. Mas começou a jogar a valer mesmo quando sua esposa o presenteou com um Xbox 360, quando já estava na Austrália trabalhando como concept artist.

OBJECTION!!

Curte bastante um adventure, e prefere um jogo que o transporte para outro universo ao invés de algo mais realístico. Entre os seus preferidos estão a série Assassin’s Creed, Lost Planet e os títulos da série LEGO. Quando se estica no sofá pra jogar, o faz para relaxar, por isso qualquer jogo que enrole demais pra evoluir no gameplay já é automaticamente banido da rotina, o que, aliás, é um dos problemas que vê (e, vai, nós também vemos…) nos jogos atualmente: gráficos lindos e gameplay lixo.

Rod participou de produções de jogos AAA. E por mais que parecesse surreal ao receber o visto para trabalhar na Austrália, acredita que isso foi apenas resultado de todo seu trabalho durante anos. Uma das coisas que chamou a atenção de seu Diretor de Arte foi justamente a versatilidade, não apenas o foco em concept. Consequentemente, trabalhou em jogos como Sea Legend e Legendary Heroes, e agora está em um projeto na Glu Mobile.

Pois é, foi ele que fez

Diferentemente do que vemos aqui (e até mesmo pela vida), Rod prefere passar seu tempo livre desconectado da arte, por isso raramente desenha algo que não seja para trabalho. Conta que, quando mais novo, chegava a ser meio bitolado, passando o dia inteiro em cima da prancheta – o que não aconselha para ninguém. Porém, graças à sua esposa, acabou percebendo que lá fora tem um mundo cheio de aventuras, pôneis e videogame.

Seu objetivo é fazer com que o cliente perceba que dedicou tempo e conhecimento em seu trabalho, nunca esquecendo da paixão pelo que faz. E agora, estando mais velho, sentiu a necessidade de passar seu conhecimento adiante, por isso começou a ministrar aulas de Concept Art na escola Impacto Quadrinhos. O mais importante para ele é sempre evoluir.

“No dia em que eu achar que não tenho mais nada a aprender na arte eu paro de desenhar.” ~DON~

Pára não…

Apesar disso, sua vida como profissional foi meio cabulosa, como sabemos que normalmente é, mas o que tirou disso são conselhos para se levar para a vida.

Os artistas novos olham muito para o sucesso de outro artistas e esquecem de olhar o passado dele, de como ele chegou naquele patamar. E vida de artista no Brasil não é fácil. Já fiz trabalhos para o Brasil onde não recebi, ou recebi pouco e mal dava pra pagar as contas básicas; pagamentos que atrasam meses para serem recebidos; família que começa a duvidar que isto realmente é uma profissão e não somente um hobby.”

Rod também dá algumas dicas para quem quer viver só da ilustração freelance (aliás, isso vale para QUALQUER tipo de freelance, fiquem ligadinhos):

“Aconselho aos novos artistas que desejam se tornar profissional a antes de sair da casa dos pais, que façam uma boa poupança com um ano de contas pagas pelo menos, incluindo aluguel da casa, luz, internet, alimentação, plano médico.
Quando você tem um caixa desses fica muito mais fácil sobreviver como artista freelancer. Fazer trabalhos freelancer para pagar as contas mensais sem ter um caixa na frente é loucura e causa um stress danado. Só com o tempo e idade é que a gente começa a perceber essas coisas. E tem que amar muito o que faz pra não desistir da carreira antes de atingir o sucesso profissional.”

Ouçam a voz da experiência.

Por isso nunca esqueçam, não é todo mundo que nasce com a bunda virada pra lua, e todos que estão sendo admirados por nós passaram por algum perrengue na vida antes de terem chegado onde estão. Afinal, não dá pra contar com a sorte sempre, não é?

E é assim que o ARTESFODA volta, com toda a pompa e uma voadora de dois pés no peito.

Fiquem com a galeria do Rod e até semana que vem! Aproveitem o feriado!

 

Shana

Sobre

Shana é a ARTESFODA oficial do site. Fã de rhythm games, Neil Gaiman e caldo de cana com pastel, recebe anualmente cerca de 10kg de pinhão enviados por sua mãe.

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