ARTESFODA BR #18 – A simplicidade de Unseven

  28/09/2012 - 17:26   ARTESFODABR,  
 

Nem sempre precisamos usar da complexidade para transmitir idéias e sentimentos. Às vezes o exagero de detalhes pode ofuscar o básico ou tirar completamente a essência dele. O convidado da semana utiliza uma técnica que é essencialmente isso: simples.

Com vocês, Unseven!

Cara de PREPARADO

Glauber Kotaki tem 25 anos (completados na última terça-feira, CONGRATZ), é formado em Design Digital pela Anhembi Morumbi e trabalha como artista 2D de jogos.

Começou a desenhar quando pequeno, reproduzindo o que gostava de assistir (mais um da era Manchete ~RIP~), principalmente quando se tratava de Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya pros noob). Sua mãe o incentivou muito por ter como próprio hobbie desenhar.

Sua escolha por pixelart deu-se por, na mesma época em que jogava Pokémon Yellow até os olhos sangrarem, ter o Paint do 3.11 como seu passatempo paralelo, imitando nele o que via no jogo, e foi indo e indo até que se viu fazendo seus próprios personagens de Mega Man no Windows 98.

Sapos são definitivamente os seres supremos na Terra

Sua maior influência artística até hoje é Akira Toriyama (Chrono Trigger, Dragon Quest), que vem desde a época de Dragon Ball (sdds), e também Yoshito Usui (Shin-chan), referência que se manteve mesmo depois de terminar seu curso de desenho e trocar muita figurinha com os colegas de lá.

De influências gamísticas, Mega Man X é uma de suas maiores referências por ensinar tudo a seus jogadores visualmente, sem aquele monte de tutorial pulando na tela (Egoraptor manda abraços); Braid, com sua jogabilidade e beleza, e também Canabalt, que conquista pela simplicidade e qualidade gráfica. Outra influência grande é, claro, sua namorada, porque sempre tem que ter aquele momento gay exibicionista e lindo. ♥

DMC2 em 2D? Hum…

Começou a jogar com seu primo, que tinha um SNES – na verdade mais assistia, porque não conseguia jogar direito, mas ainda assim se maravilhava com os gráficos da época. Seus jogos preferidos sempre foram os de ação, rápidos e que exigiam reflexos imediatos, como, por exemplo, Mega Man, que até hoje é sua franquia preferida; Marvel vs Capcom, Devil May Cry e Team Fortress 2 vêm logo depois – a única exceção de jogo “lento” que entra para sua lista é Metal Gear Solid.

Seu currículo de jogos é bem gordinho: já trabalhou em 46 projetos, entre jogos lançados, em andamento e cancelados, atuando tanto profissionalmente como sendo um brother indie. Tensão Abaixo de Zero, Cave Days, Rotten Situation, Freekscape e alguns em parceria com o Studio Miniboss estão entre eles.

Okami pra SNES? ALL MY FEELS

A maior dificuldade que enfrentou já começou pela escolha de sua técnica principal, o pixelart. Desde o começo já sabia que não ficaria rico ou famoso por muito tempo vivendo disso. Depois de seu primeiro trabalho profissional, acabou precisando aprender outras coisas do zero, pois nem a agência nem os clientes (“ainda mais sendo o Brasil um país cheio de clientes mal acostumados”, segundo suas próprias palavras)  ficariam só nisso. Também encontrou dificuldade no exterior, onde procuram pessoas com conhecimento muito específico em áreas fora pixelart – que não era seu caso, pois seu forte era o pixelart mesmo.

Com seu trabalho, busca passar qualidade. Procura fazer com que seus personagens, apesar de sua aparência simples, passem diversos sentimentos de uma vez só, e que a pessoa que esteja vendo seus desenhos ou jogando seus jogos se sinta bem e se divirta.

“Acho que é por isso que eu nunca vou me dar bem com hiperrealismo, é simplesmente chato e brega.”

Mas tudo isso tem uma base que serve para todo mundo, podendo inclusive se aplicar a outras carreiras, dependendo da interpretação:

“Antes de mais nada, o desenho é uma forma de expressão. Isso significa que é o que você tem dentro de você e sente vontade de colocar pra fora. Mas para colocar para fora, antes você precisa colocar algo para dentro, algum combustível. Sendo assim, se você gosta mesmo de desenhar, você precisa gostar de muitas, MUITAS outras coisas também – ou quem sabe até mesmo NÃO gostar (ódio também é combustível, apesar de tudo). É sim importante desenhar bastante, praticar, estudar etc., mas ter uma vida variada, cheia de experiências diferentes faz bem para a alma e vai te dar material o suficiente para expor melhor seu talento.

Coma coisas diferentes, tenha um animal de estimação, viaje para fora do país, vá acampar, aprenda a tocar algum instrumento, aprenda a dançar, aprenda a cozinhar, se apaixone, brigue, arrume a casa, desenterre seus brinquedos, nade pelado, ande na chuva sem guarda-chuva. Faça coisas inusitadas, ou simplesmente coisas que ainda não fez. Seja bobo. Seja ousado.
Tudo isso, tudo que serve como combustível, é o que eu acredito ser a inspiração, a arma mais poderosa de um artista de verdade. A técnica, esta vem eventualmente.”

Fim.

A beleza da simplicidade está em focar na essência das coisas, deixando de lado qualquer tipo de extravagância ou firula. Simplicidade é não precisar de uma mansão nas Ilhas Cayman e ser muito feliz apenas comendo pastel com caldo cana na feira (e isso me deixa realmente feliz). Às vezes é melhor descomplicar tudo – o essencial continua o mesmo, e mais fácil de enxergar.

Glauber pode ser encontrado no portifólio, e-mail, twitter, deviantArt, Pixeljoint, ZeroDuo e DoubleJump.
Fiquem com a galeria dele e até semana que vem!

 

Shana

Sobre

Shana é a ARTESFODA oficial do site. Fã de rhythm games, Neil Gaiman e caldo de cana com pastel, recebe anualmente cerca de 10kg de pinhão enviados por sua mãe.

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