Tretas de Hong Kong – Wai Wai World e a magia da Konami

  19/09/2012 - 17:26   konami, Tretas de Hong Kong,  
 

Olá LEITORESFODA! Como podem notar, voltei de uma longa ausência e o Tretas agora será toda quarta. Pouca zuera? Para esse recomeço, vou fazer uma referência quase direta à primeira edição da coluna e falar sobre mais um jogo da Konami que reune uma caralhada de personagens em um lugar só: Wai Wai World (NES, 1988).

Para quem achava que boxart zoada era exclusividade dos Estados Unidos

É bem provável que você não reconheça a maioria dos personagens só de bater o olho nessa capa zoada acima (nem eu reconheceria), mas uma boa parte deles são bem famosos e incluem nada menos que:

  Konami Man – Suposto mascote da empresa, é um super-herói que aparecia de vez em quando de penetra nos jogos quando a Konami tava afim. Aqui temos a primeira aparição jogável dele. Sai por aí dando soco e tiro.

 Konami Girl – Uma androide criada pelo Dr. Cinnamon (mesmo da série Twinbee, tudo nome de comida mesmo) que distribui chutes e tiros na galera. É uma personagem original do jogo.

Image Goemon – Da série Mystical Ninja (ou Ganbare Goemon, como é conhecido no Japão).  Aqui ele aparece antes do primeiro jogo ser lançado no ocidente e antes da mudança de visual, quando ainda tinha cabelo preto e não azul. Mas ainda possui seu cachimbo e suas moedas de ouro.

 Simon Belmont – Ou algo que se parece com ele (?). Protagonista da série Castlevania, tá na bagunça pra derrotar a galera com o seu chicote e sua cruz bumerangue, ou algo do tipo.

 Mikey Walsh – Do filme The Goonies (Os Goonies?? Não sei se tinha tradução pro filme por aqui). Bom, tem mais a ver com o jogo que a Konami fez baseado no filme do que qualquer outra coisa. Seu arsenal incrível de habilidades é composto por um chute e um estilingue. Na versão para celular do jogo, ele é substituído pelo bebê Upa, de um outro jogo de plataforma obscuro da Konami, Bio Miracle Bokkute Upa (disponível no Virtual Console do Wii).

King Kong – Sim, aquele King Kong, do filme mesmo. A Konami tinha altas licenças de filmes na época. Por algum motivo esse é especificamente baseado no jogo King Kong 2 de NES, que por sua vez é baseado no filme King Kong Lives, mas que não tem nada a ver com o filme. Ele ataca dando soco e atirando pedras. Na versão de celular, King Kong foi substituído pelo pinguim Pentarou, do jogo Antarctic Adventure.

  Fuuma – Do pouco conhecido Getsu Fuuma Den (Lenda de Getsu Fuuma), onde o protagonista tem a missão de derrotar o grande demônio Dragon Master (é esse mesmo nome) que matou seus irmãos, precisando viajar até o inferno e recuperar a espada Hadouken (Ao contrario do golpe do Ryu, nesse caso Hadouken significa espada das ondas). Ele ataca dando espadadas e soltando shurikens. Quem jogou Castlevania: Harmony of Despair pode reconhecer Fuuma como sendo um dos personagens de DLC, que vem junto com sua própria fase baseada no jogo.

Moai – Da série Gradius. Como a nave Vic Viper ficaria meio difícil de colocar como personagem normal (e ela tem sua participação no jogo de todo modo), resolveram colocar o vilão Moai por algum motivo. Ele tem pernas e conta com a habilidade de dar cabeçadas e atirar as famosas rosquinhas brilhantes pela boca.

Essa é a galerinha da pesada que faz parte do elenco do jogo. Ao todo são 8 (!) personagens jogáveis, cada um diferente do outro. Dá pra trocar para qualquer um deles no meio do jogo instantaneamente só apertando o botão de pulo enquanto segura para cima. Uma das coisas mais legai é que a musica de fundo muda de acordo com o personagem que você está usando. Então se trocar para o Simon, qualquer fã de Castlevania se excitaria todo só escutando o tema clássico da primeira fase. Há também partes que necessitam personagens específicos, como Mikey para entrar em locais apertados ou King Kong para fazer as acrobacias necessárias para avançar em determinada parte.

Evidentemente, o jogo não te dá todos esses personagens de bandeja. Existem 6 estágios, um para destravar cada personagem,exceto por Konami Man e Girl, selecionáveis desde o começo. Nesses estágios, que são referências diretas aos jogos dos personagens, você sai à procura do dito cujo, que está preso em alguma jaula representativa (Simon está preso em um caixão, por exemplo) e do chefe, que possui a chave para libertá-lo. O chefe também é algum inimigo conhecido da série na qual a fase se baseia. As fases não são enormes, mas têm uma certa liberdade de exploração, deixando o jogo com um climão meio Metroid às vezes. É explorando essas fases que se encontra os power-ups para os personagens também, que originalmente só possuem um único golpe. Depois de resgatar o personagem, você pode abandonar a fase a qualquer momento. O jogo já deixa as seis fases disponíveis logo de cara, mas como a maior parte delas só pode ser explorada decentemente com determinados personagens, as opções iniciais realmente válidas caem para duas.

Cada personagem tem sua própria barra de vida. Não dá Game Over quando um personagem morre, mas ele fica inacessível até que o jogador consiga revivê-lo juntando 100 “Balas”. Como o jogo é difícil para caralho (costumeiro em jogos da Konami na época), mortes devem acontecer aos montes, mas isso nem de longe é tão ruim quanto perder todos os personagens e ter que voltar para o início da fase, contando só com o Konami Man e a Konami Girl vivos e tendo apenas metade das balas, o que te obriga a matar uma caralhada de inimigos só para reviver todos.

Para compensar um pouco isso, o jogo tem um sistema de passwords. Outra opção interessante era um modo cooperativo para 2 jogadores, cada um controlando um personagem. Isso não facilitava muito as coisas, ainda mais se seu parceiro fosse ruim pra caralho, mas para a época deveria ser algo bem divertido.

O jogo muda um pouco mais perto do final, dando a opção de escolher entre a nave Vic Viper de Gradius e o Twinbee de… Twinbee, para jogar em fases com um estilão shoot ’em up. Em seguida o jogo te larga na última fase, que é uma grande homenagem a Contra, com musica igual e tudo mais. Sempre que a Konami consegue, ela adora meter umas mil referências nos jogos.

Wai Wai World traz um conceito foda pra caralho. Infelizmente algumas colisões bugadas e uma dificuldade ridícula estragam um pouco a experiência. Mas qualquer fã da empresa pode relevar isso e se deliciar com a quantidade de fanservice no pacote. Alias, no Japão o jogo foi popular a ponto de merecer uma sequência.

Wai Wai World 2: SOS!! Parsley Jou (SOS!! Castelo Salsa) foi lançado em 1991 para SNES e é um jogo completamente melhorado e revisado. Em primeiro lugar, ele não tem mais um estilo de arte meio Castlevania e sim um estilo chibi que combina bem mais com a proposta. Ele também diminuiu a exploração e se tornou um jogo de plataforma bem mais linear. Os personagens que sobraram da versão anterior foram o Goemon, Simon e Fuuma, adicionando Upa, do já mencionado Biomiracle Bokutte Upa e Billy, de Contra, além do robô protagonista Rikkuru.

A história é simples: o Dr. Warumon raptou a princesa Herb, do castelo Parsley. Para o resgate, o Dr. Cinnamon resolveu criar esse robô rosa aí pra derrotar a galera. E não é só isso: esse robô rosa tem a habilidade se transformar em um dos icônicos personagens da Konami, o que já transforma a dinâmica do título em relação ao anterior.

No início você deve escolher entre combinações de 3 personagens que serão usados durante o jogo. Embora você sempre controle o robô Rikkuru, quando conseguir o power up com a letra “C” os ícones dos personagens serão selecionados um por um, e, quando o jogador quiser, é só apertar para cima e pulo que ele se transforma no personagem selecionado. 

Enquanto você estiver “incorporando” um personagem, os danos levados diminuem a sua vida, mas sim o tempo da transformação. Apesar desse tempo ser limitado, dá pra passar o jogo inteiro transformado, visto que é possível pegar o power-up e usar de novo antes da transformação acabar.

Sendo um jogo mais linear, as músicas que tocam são de acordo com a fase do momento mesmo, que podem reverenciar aos mais diversos jogos, de Contra a Castlevania. A cada final de fase há uma luta contra um boss icônico e uma pequena imagem especial celebrando sua vitória naquele mundo. Há partes onde o gameplay muda também, com minigames remetendo a Gradius, Twinbee ou até jogos antigos e esquecidos como Road Fighter.

Também está presente o co-op com 2 jogadores, colocando o player 2 no papel de uma versão azul do robô. Embora seja um jogo bem mais divertido que o primeiro, ele é extremamente fácil. Os power-ups te deixam basicamente invencível e os inimgos e chefes morrem logo. Mas mesmo assim, ainda é divertido ver tudo o que conseguiram jogar ali no meio. Se o primeiro jogo já tinha personalidade, esse aqui eleva o conceito a um novo patamar com muita criatividade.

Fico pensando se hoje em dia seria possível fazer um crossover desses com alguma empresa (que não envolva outra no meio, ok Capcom?). Antigamente, uma mesma desenvolvedora podia fazer dezenas de jogos novos e diferentes, isso enquanto faziam sequências para as séries mais estabelecidas. Conciliar novas franquias com as séries consagradas é o que dava material para jogos como Wai Wai WorldSmash Bros e Segagaga. Em uma época onde até essas empresas só sobrevivem de sequencias, parece que mesmo esse tipo de auto-homenagem corre o risco de perder a mágica.

Sobre

Luiggi "Afro" Ligocky é um pseudo-artista que estuda a área de jogos digitais. É um adorador de jogos japoneses e bizarros desde a época em que ganhou seu Super Nintendo. Grande fã da Nintendo, Konami e Sega.

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