ARTESFODA BR #19 – A Identidade Maru

  5/10/2012 - 15:15   ARTESFODABR, TawStudio,  
 

Todas as pessoas têm uma impressão digital diferente. Todas têm um jeito único de caminhar, de escrever, de falar. A singularidade do modo como as pessoas se expressam, seja através da arte ou da fala ou qualquer maneira que a pessoa tenha de mostrar um pouco de si mesmo é o que chamamos de identidade.

Às vezes acontece de nos espelharmos em alguém a quem admiramos, mas no fim sempre acabamos por extrair o que há de melhor (ou pior…) das coisas e moldá-las à nossa maneira para podermos transmitir às outras pessoas do nosso próprio jeito.

Com isso, apresento-lhes o convidado da semana: Maru!

Um cachimbo e uma marca d’água no pescoço

Marcelo Lopes tem 27 anos, mora em Pindamonhangaba/SP (escrevi certo?) e é integrante da equipe do TawStudio Entertainment como artista 2D.

Maru começou a desenhar desde pequenininho, ainda lá na pré-escola, praticando suas artes durante horas, e seus amiguinhos até pediam desenhos a ele já na época. Dentre suas maiores inspirações atualmente, Braid está no topo. A experiência que teve com ele e com jogos como Shadow of the Colossus e Journey  acabou marcando de um jeito que o fez parar pra pensar e refletir um pouco sobre a vida e seu rumo.

Junto com os jogos, há também inspirações artísticas como Takehito Inoue (Vagabond, Slam Dunk), Yoshiyuki Sadamoto (Evangelion, .hack//Sign), Hiroaki Samura (Blade of the Immortal) e Jason Chan.

O vício por jogos eletrônicos teve provável origem quando seu pai adquiriu um Super Video Arcade e viu o sapinho pulando na tela enquanto seus pais apertavam os botões. Aos 5 anos a bola da vez era o Atari com Pitfall, um vício que conseguiu ser controlado pela mãe na época, mas apenas até ganhar um Megadrive com Sonic 2, que foi sua ida sem volta ao mundo dos joguinhos. Seu vício chegou ao ponto de parar de desenhar por um tempo para ficar apenas jogando.

Seus gêneros preferidos são principalmente RPGs japoneses e plataforma. A “falecida” Square Soft foi seu divisor de águas, principalmente com Final Fantasy IX. Entre outros, Sonic, Mario, Mega Man, Donkey Kong, Castlevania e os clássicos de fliper Streets of Rage e Final Fight também compõem sua lista de jogos preferidos.

Como artista de joguinhos já trabalhou em Sunny Harmony (2009) pela Sina Jafarzadeh, que foi o primeiro jogo em que trabalhou; já pela TawStudio, trabalhou em nos jogos O Desafio do 5S, Mr. Bree: Returning Home e Jelly Escape, que merecidamente foi o nosso primeiro Destruidor de Produtividade. Atualmente estão fazendo uma remasterização de Mr. Bree (Mr. Bree+), que será lançada para PC.

Vai ter uma DLC de zumbis (não)

Apesar de sentir como que conquistando um achievement foda na vida por ter “passado” de ilustrador para artista 2D de jogos, ainda pretende trabalhar dedicando-se ao concept art de um jogo, esperando poder utilizar de toda sua experiência e criatividade para deixar uma marca singular e contribuir para a originalidade do trabalho.

E mesmo tendo conquistado esse achievement, a vida não é um mar de rosas. Dentre as dificuldades já bem conhecidas pelos ilustradores ou mesmo outras profissões menos reconhecidas, Maru é bem pontual sobre isso.

“A maior dificuldade de ser ilustrador (no Brasil) é que raramente se tem ilustração como ofício. Daí como eu, apaixonado por arte e desenho, vou crescer e evoluir como artista se tenho que gastar 10 horas do dia tentando sobreviver e o tempo que sobra eu canalizo meu estresse nos 2 desenhos que consigo fazer em 1 mês?” (história da minha vida, gente)

E algumas outras observações importantes, que nos fazem refletir um pouco sobre a importância que damos à arte:

“Eu creio que a dificuldade maior seja o fato de que desenho não é apreciado da mesma forma que música, jogo, filme ou livro. É muito rápido. Alguém vê um desenho e acha legal pelo momento em que está olhando pra ele e depois esquece. Nenhuma sensação de maravilhamento resta no coração de quem olha para um desenho a não ser por aqueles que são desenhistas também. Sendo assim, é difícil compartilhar e ter feedback ou uma opinião sincera e crítica sobre sua obra ou sobre você como artista.”

trevas

Maru observa as obras de outros artistas e desenvolve uma visão bem singular sobre eles. Em detalhes, ele acaba vendo muito mais além da técnica e estilo.

“A coisa mais importante pra mim em relação a desenho é a identidade. Não estou querendo dizer sobre o estilo único que caracteriza o artista, estou querendo dizer mais sobre o que exatamente uma pessoa desenha. (…) Quando eu vejo ilustrações de Frank Frazetta eu vejo as mulheres com aquele aspecto heróico e viril, de repente era assim que ele enxergava as mulheres ou admirava as que tinham esse traço. Quando vejo Milo Manara, a leitura que faço sobre as mulheres é bem diferente, fragilidade, delicadeza, ousadia, astúcia. (…) Essa identidade determina a personalidade do artista e a característica do legado que ele deixa para o mundo.”

E, com isso em mente, seu objetivo está bem claro.

“Meu objetivo como ilustrador é fazer com que alguém se lembre de mim pelas imaginações que eu tenho sobre o mundo que existe aqui e o que existe na minha cabeça, de maneira que quem vê um desenho feito por mim possa pôr-se a imaginar, junto comigo, sobre fantasias e coisas mágicas que habitam nossos corações e tocam com sutileza algo humano dentro da gente, e que fique com isso guardado depois que sair da vista da obra.”

Manly tears escorreram agora…

Jogo dos brother

Nossa identidade é composta por pequenas particularidades que nos diferencia do resto do mundo. Mesmo algo que passe despercebido à primeira vista acaba por imprimir uma característica única no inconsciente das pessoas. Vai de cada um fazer com que isso acabe se tornando algo perceptível conscientemente, mesmo que depois de muito tempo.

A galeria do Maru tá aí embaixo pra ser apreciada, e quem quiser ver mais trabalhos dele ou encher o saco mesmo, tem o portifólio, Facebook, Twitter e Gtalk.

Abraços e até semana que vem!

 

Shana

Sobre

Shana é a ARTESFODA oficial do site. Fã de rhythm games, Neil Gaiman e caldo de cana com pastel, recebe anualmente cerca de 10kg de pinhão enviados por sua mãe.

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