Tretas de Hong Kong – Kunio-kun e o que você não sabia sobre River City Ransom

  24/10/2012 - 22:07   Tretas de Hong Kong,  
 

Opa cara, calma, larga essa faca aí. Talvez você saiba de tudo sobre River City Ransom, mas eu precisava de um titulo radical. E “radical”  é a palavra-chave pra explicar o que é essa série com esse protagonista (e mascote) nada convencional: Kunio-kun!

É esse meliante aqui

Não, não é o Yusuke de Yuyu Hakusho (Aliás, esse mangá veio uns quatro anos depois do primeiro jogo. O personagem é baseado no estereótipo do delinquente japonês: uniforme do colégio, um curativo, sobrancelhas grossas e um topete tosco.

Criada pela Technos Japan (mesma criadora de Double Dragon), a série é mais conhecida por esse estilo “fofinho” dos personagens, mas isso nem sempre foi verdade. Começando pelo primeiro jogo, Nekketsu Kouha Kunio-kun (Delinquente esquentadinho Kunio-kun), ou, como é conhecido aqui no ocidente, Renegade.

A capa japonesa também é engraçada, mas a americana sempre vence

Renegade é considerado por muitos como o pai do beat ’em up. Ele veio antes de relíquias como o próprio Double Dragon, Final Fight ou Streets of Rage. E por ser um dos primeiros, é obvio que ele é muito escroto também.  O jogo não passa muito de uma tela, sendo dividido em estágios onde você fica dando porrada em inimigos até o chefe resolver aparecer. Tem um sistema escroto de 3 botões com um botão de pulo, um botão de ataque pra direita e outro pra esquerda, o que não é nem um pouco intuitivo. Você só tinha uma vida e se morresse era isso aí, tudo de novo. Típico jogo de arcade.

Que porra de colete colorido é esse

Como sempre, o jogo sofreu alterações ao vir para o nosso lado do mundo. PRa começar, não se tratava mais de gangues escolares e essa parada japonesa toda, dando espaço pra uma briga de um cara de colete contra varias gangues, sabe-se lá por quê. Na versão japonesa, o motivo de toda a briga é que a cada nova fase seu amigo é espancado até desmaiar e seu objetivo é vingança.

É originalmente um jogo de arcade, mas saiu port pra tudo quando é coisa: NES, Master System, Commodore 64, Amiga e sei lá mais o quê. Fiquem com o vídeo da versão japonesa abaixo.

Bizarramente, o próximo jogo na série, o que introduziu o estilo de arte mais conhecido até hoje, é um jogo de queimada (ou dodgeball, como preferir): Nekketsu Kōkō Dodgeball Bu, conhecido por muitos como o Super Dodgeball de NES.

Uma das poucas representações fiéis ao jogo

Dessa vez nosso amigo Kunio é capitão do time de queimada do colégio e ele tem que sair por ai queimando todo mundo. A galera da época do NES curtia o jogo por ele ser simples e “violento”, visto que os personagens saiam voando uns 30 metros a cada golpe levado e, no final de tudo, morriam (tá, não é tão gráfico quanto parece). É engraçado notar que na versão americana, o último time que você batalha é o da União Soviética, que nem está presente na versão original do jogo.

Jogar na Islândia só de regata: não é para todos

As versões de arcade e outros ports são um pouco diferentes. O NES sofre muito pra conseguir colocar aqueles 6 personagens na tela junto com cenário e a bola, então o jogo sofre de lentidão e os personagens “piscam” muito. Agora, nas versões de maquinas mais potentes, há 4 personagens por time (ao invés de 3) e um deles é enorme. Além disso, o jogo é bem mais rápido.

Ainda na onda dos jogos de queimada saíram várias continuações. Uma para SNES que nem vale a pena mencionar, visto que era meio ruim. A melhor versão é provavelmente a de Neo Geo. os personagens são muito bem animados e tudo é muito agradável para os olhos (e para os ouvidos), além do gameplay ser o melhor da série, com especiais doidos e o caralho a quatro. Sério, dá uma olhada nessa porra:

Além disso, saíram mais uns jogos pra Gameboy/Advance e DS, mas dizem que só o de GBA presta mesmo.

Na verdade o plot desses jogos é que todos os personagens perderam o nariz e ninguém sabe porque

Você, jogador assíduo, que está cansado da briga Super Smash Bros x Playstation All-Stars Battle Royale, agora dispõe do melhor argumento pra acabar com isso: ambos são cópia de Nekketsu Kakutou Densetsu. Erm… bom, mais ou menos. Na verdade, a única coisa de semelhante que esse jogo tem é a pancadaria para 4-players, o que era algo bem diferente para um jogo de NES.

Ele foi um dos poucos jogos a usar um certo adaptador que permitia quatro controles. Havia um modo história e um sistema onde você melhorava seu personagem para usá-lo depois em um modo de batalha livre. Claro que tudo isso era por password, já que o jogo não tinha bateria interna.

Continuando, temos Crash ‘n the Boys: Street Challenge, outro jogo dessa série, originalmente com o nome de Bikkuri Nekketsu Shin Kiroku! Harukanaru Kin Medal (caralho, que nome gigante).

MEU DEUS

Ele é tipo olimpíadas do Faustão, só que nas ruas e sem o Faustão (mas tem um gordão ali, quem sabe). É pra quem perdeu os dedos jogando Track & Field da Konami e só queria destruir tudo. E é esse o objetivo mesmo, dar porrada em todo mundo e ganhar as provas. O jogo também é para 4 players, mas só com 2 por vez, talvez porque ninguém tivesse aquele adaptador dos infernos. Houve uma versão anterior a essa do jogo, com “esportes” diferentes, mas essa ficou só no Japão mesmo (Downtown – Nekketsu Koushin Kyoku – Soreyuke Dai Undoukai, para os curiosos).

Mais um para o time das mudanças radicais entre continentes é o Nekketsu Koukou Dodgeball-bu: Soccer-hen (Algo do tipo, Colégio Nekketsu, Clube de Queimada: Versão Futebol. Sei lá), que por aqui é conhecido como Nintendo World Cup para NES. Ele é um tanto diferente dos jogos de futebol convencionais: você só controla o capitão do time e “manda” os outros fazerem passes ou chutes. Além disso, tem a violência e especiais exagerados característicos da série. Também tinha suporte para 4-players mas, sério, quem tinha aquele negócio? Tem também uma continuação que só saiu no Japão com umas loucuras tipo tornados e raios no meio da partida.

Cara, me entendam quando eu digo que o Kunio já participou de mais esportes que o Mario: Basquete (com 3 cestas!!), hóquei no gelo, baseball, vôlei de praia e um puzzle bizarro meio Puyo Puyo. Acho que se eu fosse falar de cada um desses, eu nunca chegaria no ponto principal desse artigo, que é o jogo que a galera mais conhece e curte: River City Ransom. (ou Downtown Nekketsu Monogatari, no original).

Sem zuera, essa capa é foda

Quem já leu o NARG de Scott Pilgrim vs. The World sabe que o gameplay dos dois jogos é basicamente idêntico, introduzindo um monte de coisas ao gênero beat ’em up. Então ao invés de focar totalmente no jogo, focarei nas mudanças. Obviamente, o jogo original não é sobre dois delinquentes da escola de River City que vão salvar a namorada de um deles. É sobre dois delinquentes da escola Nekketsu que vão salvar a namorada de um deles.

Raro caso onde eu acho a capa americana mais foda

Para a época do NES, acho que essa é uma das localizações mais bem feitas. O humor continuou ali (famoso “BARF”) e poucas referências foram mudadas, mais para que o público ocidental pudesse se identificar. Sobre o jogo em si, acho que há poucas coisas para falar, além do fato de que não há como salvar o jogo; os passwords só servem para salvar seus status e não seu progresso.

Não tenho piada pra isso

Particularmente, acho esse um dos beat ’em ups mais divertidos existentes, porque não sofre da lentidão que assombra a maioria. Sair por ai pulando, voando, usando inimigo como arma e chutando tudo é extremamente satisfatório. Porém, é um jogo curto e linear, apesar de dar outra impressão. Duas coisas que valem notar: O penúltimo chefe são os Dragon Twins, com direito a música do Double Dragon e tudo mais e que a versão americana do remake de GBA teve uma das piores capas da história, é tipo um fanart tirado diretamente do Deviantart.

CARALHO ATLUS

Na boa, essa série tem jogo demais. Logo em seguida saiu um spin-off que se passa no Japão feudal, quase como uma sequência….só que no Japão feudal e com um parceiro controlado pelo computador se estiver jogando sozinho.

Ainda não satisfeitos com a quantidade de jogos, o pessoal da Technos resolveu que queria voltar um pouco as origens do Renegade e lançou Shodai Nekketsu Kouha Kunio-kun, para SNES.

narizes!

Basicamente, ele é um Renegade melhorado, onde você sai batendo em todo mundo mais uma vez. Não tem muito o que falar, é um beat ’em up clássico melhorado.

O último da lista, Shin Nekketsu Kouha Kunio-kun – Kunio Tachi No Banka, para SNES, é o melhor jogo da série. Utilizando as capacidades gráficas do console ele é bem bonito e bem colorido. O estilo de arte é um híbrido entre o de Renegade e o outro estilo “fofo” dos outros jogos. Além de ser um ótimo de um beat ’em up, ele tem algumas partes diferentes como a perseguição de moto. Os personagens são mais bem trabalhados e ainda tem a opção de jogar com a namorada dos protagonistas, que tem estilos de luta diferentes.

É estranho pensar que com o sucesso de Kunio-kun e Double Dragon, a Technos tenha falido do nada em plenos anos 90. Kunio-kun era realmente um mascote de peso, todos esses jogos fizeram sucesso pelo seu elemento zuera extremo e serem divertidos pra cacete. Ainda existem fãs da série por aí que traduziram alguns jogos. Uma empresa chamada Million adquiriu os direitos da série Kunio-kun e os usou pra fazer o jogo de queimada de GBA e DS, mas o último jogo foi em 2008 e só nos resta esperar para saber se a série vai sequer ter algum retorno, mesmo que seja do naipe de Double Dragon Neon.

Sobre

Luiggi "Afro" Ligocky é um pseudo-artista que estuda a área de jogos digitais. É um adorador de jogos japoneses e bizarros desde a época em que ganhou seu Super Nintendo. Grande fã da Nintendo, Konami e Sega.
  • Incrível, só agora que me caiu a ficha dessa série, maravilha, reflete bastante sobre a cultura jovem do Japão daquele tempo, acredito que representasse algo como GTA nos representava década passada, um contato cômico e direto com a violência próxima.

  • leandroleonbelmont

    eu nem imaginava que Kunio tinha tanto jogo. e o River City Ramsom era o mais divertido e famoso, valeu Luiggi pela matéria

  • charles_albert

    Outra semelhança com Yu-Yu Hakusho: nas capas originais de Downtown Nekketsu Monogatari e Shodai Nekketsu Kouha Kunio-kun, o cabelo do 2P é igualzinho o do Kuwabara

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  • Victor Alguma Coisa

    pensei que nunca encontraria alguém que também tivesse reparado nisso, puta que pariu cara vira mulher aí pra eu te dar um beijo -qn

  • super dodge do NeoGeo é o melhor jogo de queimada de tds os tempos! parabens pelo post

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