Tretas de Hong Kong – Homeland, a raridade online do Gamecube

  30/01/2013 - 23:08   chunsoft, Tretas de Hong Kong,  
 

Em primeiro lugar, bem vindos de volta à coluna! Já faz um tempo hein? Querendo voltar com tudo, vou falar sobre um jogo que  é tão expansivo que fica até difícil de eu escrever um cabeçalho para o artigo: Homeland (não confundir com a série de tv).

Homeland (Nintendo Gamecube)
Chunsoft
2005

Como é difícil decidir do que falar primeiro nesse jogo, vamos primeiro analisar um pouco a vida online do Gamecube.

Se você já foi uma das 10 pessoas no mundo que viram isso na vida, se considere sortudo

Na época em que jogos online não eram prioridade em consoles e permaneciam quase como um luxo exclusivo dos “PC Gamers”, é muito surpreendente que o Gamecube tinha, de fato, uma entrada para modem e suporte online. Alias, tão surpreendente que pelo visto nenhuma publisher fora a Sega sabia da existência disso, afinal, os únicos três jogos que usam o online do Gamecube são dela e todos da mesma série, Phantasy Star Online. Bom… isso você morasse no ocidente. Na verdade, há um quarto jogo secreto do qual muita gente nem sabe da existência, porque convenhamos, quem além da Sega sequer dava bola para o online do Gamecube?

Aparentemente, a Chunsoft. Sim, não bastou os dois Tretas anteriores serem sobre ela. Na verdade, foi por escrever eles que conheci esse curioso jogo. E pasmem, ele não é um Mystery Dungeon… Tá, mais ou menos.

Parece uma mistura de Wind Waker com Animal Crossing

Vamos falar sobre o jogo em si: Homeland é um action RPG que lembra os outros jogos da Chunsoft. Sair andando por aí em dungeons, matando bichoos, terminando missões, pegando itens e voltando ao level 1 depois de tudo isso. Lembra daquele teste de personalidade que você faz no Pokémon Mystery Dungeon e que determina seu Pokémon? Então, nesse jogo é o mesmo esquema. Você escolhe se é menino ou menina e responde um monte de perguntas aleatórias para, depois disso, o jogo te dar o “mascote” que mais combina contigo. Meigo, não?

Impossível nomear o que era pra ser cada uma dessas coisas

Esses mascotes são basicamente o que você vai ser o jogo inteiro quando for entrar em uma quest (mais sobre elas depois). Numa vibe meio Pokémon mesmo, você pode colecionar mascotes comprando-os e escolher o que mais te agrada para sair se aventurando. Cada um deles tem poderes e atributos diferentes, o que faz sua escolha pesar um pouco em como progredir no jogo. Também dá pra encher o bicho de equipamentos e acessórios a gosto, que mudam a estética do seu monstrinho (ou pessoa ou sei lá).

Quando jogado sem companheiros, Homeland é bem parecido com os outros jogos da empresa. A novidade é que você pode chamar mais mascotes controlados pelo computador para te ajudar. Claro que isso vem a um preço, que vai aumentando gradativamente. A moral do jogo é ir completando as quests (ou “histórias”, como o jogo chama) e arrecadando “clear points”, que são dados ao terminar uma delas e servem para comprar de tudo basicamente. Não tenho muita informação sobre como funciona esse sistema de quests, mas parece que alguns fatores influenciam em qual o grupo vai jogar, seja número de jogadores ou se já foram terminadas quests anteriores.

É óbvio que o jogo brilha mesmo é no online. Com suporte para 35 pessoas ao mesmo tempo (!!!), ele traz uma mecânica que não me lembro de já ter visto sendo explorada antes em multiplayer online: A habilidade de ser um gamemaster.

Image

Voyeurismo nunca foi tão fácil

O jogo não tem nenhum server dedicado. No lugar disso, um jogador deve assumir a função de servidor da galera  através do seu Gamecube. Pra não deixar a parada chata, o servidor pode ser o “deus” do jogo.  A medida que os jogadores vão derrotando inimigos e realizando objetivos, o servidor ganha “power points” (pra mandar slideshows muitos bonitos para os familiares) que podem ser usados para colocar itens inimigos no cenário. Com uma visão aérea do lugar onde estão os personagens, é possível influenciar diretamente a experiência desses outros jogadores, decidindo se eles vão se foder ou se vão encontrar um tesouro massa.

Essa já é uma proposta bem diferente para os dias de hoje mesmo, agora imagina isso em 2005 e no Gamecube! Alias, pro cara não precisar deixar o console ligado por horas, e pra galera curtir voltar pro servidor dele, o jogo permite salvar o progresso do mundo e continuar depois; na verdade, ele já faz isso de tempo em tempo (alguns minutos), caso o servidor tenha algum problema de energia, assim não se perde todo o progresso. (Infelizmente o vídeo abaixo não tem som, é muito difícil encontrar videos desse jogo no Youtube):

O modo online não tem suporte a teclado, os jogadores tem que digitar tudo manualmente no controle (o que deixa tudo lento pra caramba), mas com uma sacada que nunca tinha visto antes: o jogo mostra na tela de todo mundo, letra por letra, o que a pessoa está escrevendo. Isso ajuda MUITO em jogos assim onde não é todo mundo que tem um teclado para o console ou um headset para falar rápido (fica a dica ai galera). Além do que, ele funciona como os celulares modernos e a medida que você vai escrevendo muito, o jogo começa a te sugerir palavras constantemente usadas.

“Deus me ajuda pô” – Tradução da frase acima (é sério).

O jogo é, normalmente, cooperativo, com exceção de uma missão que é tipo um pega-pega entre todo mundo. Fora isso, todas as outras seguem uma história, com NPCs para conversar, missões para fazer, cidades para visitar e itens para coletar. É quase um MMO (só que meio primitivo né, 35 pessoas só).

Há também como fazer uma “corrente” gigante de pessoas, onde todo mundo combina status e atributos em um líder e sai andando grudado nele por aí. Só o líder pode atacar e receber dano, mas todo mundo na corrente ganha experiência, o que facilita muito para quem recém entrou no jogo. Pode-se sair dessa corrente a qualquer hora também e ir fazer o que quiser.

Família diferente essa dai

O jogo teve uma distribuição bem singular. Versões beta do jogo foram dadas para 1000 pessoas aleatórias que compraram na pré-venda. Essas são versões de teste e não funcionam com a final, mas era quase como baixar um demo e testar, só que de forma super arcaica. Além disso, os que fizeram pré-order com o bundle que vinha o adaptador de internet do Gamecube, receberam o jogo quase 1 mês antes e tiveram o direito de testar o online por 15 dias mais ou menos. Fora que inicialmente, o jogo foi lançado para compra apenas em um website, saindo nas lojas só 1 mês depois!

Pensando bem, muitos atributos desse jogo apontam ele como um jogo online extremamente social. Quase todos os objetivos e interações remetem um pouco a isso, é aquela sensação de superar desafios e sentir uma ligação especial com aquele grupo de pessoas. Alias, só de escrever isso já me lembrei de Journey. Talvez a gente precise de mais jogos assim.

Uma das primeiras coisas que pensei quando vi a tela de Gamemaster, é que ele é basicamente o que o Wii U promete como plataforma. Seria no minimo curioso saber se a Chunsoft pensou nisso quando viu o gamepad e se tem algum plano doido de reviver esse jogo no console. E alias, se tiver, que lancem ele aqui no Ocidente também!

Sobre

Luiggi "Afro" Ligocky é um pseudo-artista que estuda a área de jogos digitais. É um adorador de jogos japoneses e bizarros desde a época em que ganhou seu Super Nintendo. Grande fã da Nintendo, Konami e Sega.

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