ARTESFODA BR #22 – Santo fecha um ciclo

  16/02/2013 - 16:46   ARTESFODABR, miniboss,  
 

Esse começo de ano foi muito especial para este nosso querido site de joguinhos e zuera, pois percebemos quantas portas abrimos e quanta gente bacana conhecemos em apenas um ano de existência.

Há exatamente um ano (e é por isso que a coluna está sendo postada hoje) entrava no ar uma idéia despretenciosa de mostrar para quem quisesse ver que temos muita gente extremamente talentosa, e que também têm uma relação íntima com videogame e coxinhas, espalhada pelo Brasil. A idéia principal era, e continua sendo, divulgá-los para que consigam sair das sombras e não precisar deixar o país para serem reconhecidos.

Com muitos devaneios, análises e puxões de orelha, a idéia foi para frente, conquistando leitores assíduos pouco a pouco. 21 pessoas já passaram por aqui, e a primeira delas é uma fã antiga e amiga que sempre nos apoiou. Apenas como um teste, Amora acabou sendo pioneira de uma das sessões que acabaram virando as mais populares do site, e, inclusive, já até serviu de motivo para chamarem um dos participantes para uma entrevista de emprego.  A satisfação de ver que o esforço valeu a pena é grande, e em cada view e comentário, um sorriso sincero rola por aqui.

Para abrir uma nova fase da vida da coluna, e também em comemoração ao aniversário e à resposta tão positiva do público, o convidado da semana é a última peça do coração de Amora, que, inclusive, foi o motivo para o título de sua coluna: Santo, o outro elemento do Miniboss, que também nos acompanha desde o começo.

E o cabelinho do Sawyer

Pedro Medeiros tem 26 anos, é nômade (a última notícia que tive é que ele estava perambulando com sua frutosa esposa pelas ruas de Lisboa) e segundo lendas, cursou Design Digital na Anhembi.

Sua criatividade para novas histórias e mundos o impelia a desenhar bastante desde criança, e acabava criando monstros e tendo ideias para jogos. Suas grandes influências artísticas são Niklas Jansson, e alguns jogos, sendo dois com a arte de Christian Robert, Flashback e Heart of Darkness e revelando-se também outro fã de Team Fortress 2.

A compulsão videogamística, provavelmente catalisada por seu interesse em mundos fantásticos e ficção científica, começou quando ganhou seu Master System, apesar de jogar mais pelo PC. O oscar de jogo preferido foi para Flashback, mas outros dão continuidade à lista, como o já citado Team Fortress 2 e também Dwarf Fortress. Santo se mostra também um entusiasta do tipo grama, tendo escolhido Bulbasaur como seu inicial da primeira geração, e também preferindo sempre escolher o inicial de grama, o que revela bastante de sua personalidade e caráter impecáveis, aponta estudo científico (meu).

Cadê pokemons assim

Integrante fundador da equipe do Miniboss, Santo já trabalhou em diversos jogos. Começou como freelance para outros indies, mas logo juntou-se à Amora para fazer projetos próprios. Entre game jams e outros trabalhos paralelos para empresas, produziu pelo Miniboss: Six Feet Under, Talbot’s Odyssey, Out There Somewhere e, agora, está finalizando Deep Dungeons of Doom (que tá bem legal, aliás).

Muitos se perguntam como um jogo como esses surge, e Santo comenta que normalmente procura primeiro pensar na mecânica, porém a estética acaba vindo de carona, provavelmente por ser uma pessoa muito visual. A mecânica, porém, acaba tendo prioridade, pois “De nada adianta você ter um jogo bonito, com um estilo único, mas que não é divertido/interessante o suficiente”, comenta.

Como os jogos já fazem parte de sua vida, já não existe separar “profissional” de “pessoal”, então seu objetivo como ilustrador e game designer se mistura. Tenta suprir as necessidades visuais dos jogos que ele mesmo cria; procura, também, passar a mesma sensação que tinha ao jogar algo novo quando criança, de exploração e que o mundo apresentado é muito maior do que parece. Para ele, a importância de um desenho cumprir um objetivo é alta, e cita os fundos de Out There Somewhere (que passam a sensação de abandono, solidão e nostalgia, e fazem isso muito bem) como exemplo. Desenhos que contam toda uma história são muito mais interessantes para ele que um que é apenas esteticamente agradável.

Apesar de tudo, foi uma decisão complicada resolver trabalhar com jogos, por todos os problemas já conhecidos por aqui; o baixo reconhecimento profissional dessa atividade no Brasil, ou a insistência em acabar com o sonho das crianças e dizer que trabalhar com isso não dá futuro. Mesmo assim, a decisão foi tomada, e com ela vieram as recompensas: para Santo, poucas coisas o deixam tão feliz quanto ver alguém jogando e se divertindo com seus jogos.

Sobre a situação do Miniboss ultimamente, Santo dá um heads-up:

“Atualmente estamos terminando o Deep Dungeons of Doom e estamos começando a nos preparar para os próximos projetos. Provavelmente será algo que a gente consiga fazer em poucas pessoas, como sempre, mas com um pouco mais de planejamento e pré-produção (tanto o Out There quanto o DDD saíram meio “na louca”). O reconhecimento aumenta um pouco a cada projeto, tem sido muito legal! Estamos bem longe de ser um Team Meat ou algo do tipo, mas acho que um dia chegamos lá :)” estou no aguardo de limousines, obrigada.

E também algumas palavrinhas para quem está tentando se firmar tanto na área de jogos quanto de ilustração.

“Eu acho que em ambas as áreas a ideia é ter foco e saber o que você quer fazer, começar pequeno e TERMINAR projetos. Terminar projetos, tanto na área de ilustração (HQs, livros ilustrados, etc) quanto na área de jogos é muito mais difícil e tedioso do que começar, então o importante mesmo é focar nisso.”

Com Santo, um ciclo se fechou. Porém, com ele também se abre outro, que espero que seja mais um passo para que, cada vez mais, os artistas sejam levados a sério, como profissionais e também como pessoas com muita garra e vontade de deixar sua marca no mundo.

Agradeço de coração a todos os participantes e leitores que fizeram tudo isso acontecer e dar certo, e espero que esse ano seja ainda melhor para todo mundo.

Para ver mais trabalhos dele, é só acessar o portifólio, o tumblr, o perfil no Kongregate e o site do Miniboss. Logo aí embaixo temos a galeria do nosso convidado, que, aliás, tem algumas artes nunca antes reveladas {{EXCLUSIVAS PARA O GAMESFODA}} (vishhh!). A coluna vai continuar aí lutando pelos seus objetivos, então semana que vem nos vemos de novo! Até lá!

 

Shana

Sobre

Shana é a ARTESFODA oficial do site. Fã de rhythm games, Neil Gaiman e caldo de cana com pastel, recebe anualmente cerca de 10kg de pinhão enviados por sua mãe.

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