O Xbox ONE mal foi revelado e já entrou pra História como um dos piores anúncios de console de todos os tempos, se não o pior. Ali, pau a pau com o anúncio do Wii U, no qual ninguém sabia se aquilo era um controle ou um console novo, e com a vez em que a Sony achou legal falar que o console deles não era caro, você é que precisava de dois empregos.
Mas se desconsiderarmos o fato do console parecer um 3DO moderno e ter um nome que parece um retrocesso ao invés de uma evolução, fica a pergunta: como pode um anúncio de console causar tanta indignação?
A Microsoft começou bem a conferência chegando na voadora e já mostrando o console com o controle, o novo Kinect e a nova dashboard. Tudo de uma vez só, sem nada pra esconder com relação ao hardware, mesmo ele sendo feio pra burro. Nem a Sony nem a Nintendo souberam fazer direito nos seus turnos.
Só que daí pra frente foi só ladeira abaixo…
O que a Sony e a Nintendo souberam fazer foi mostrar a evolução do console novo em relação ao antigo, deixando claro o que ele consegue fazer e que tipo de jogos ele consegue rodar. Colocar um jogo funcionando em tempo real, com alguém controlando, no lugar de uma porrada de clipes pré-renderizados já teria ajudado bastante. É legal saber que eu posso ver TV enquanto eu falo no Skype com a minha vó, acompanho as ações da Sony subindo em tempo real e jogo Halo, tudo só com gestos e comandos de voz, mas imagino que esse não seja o principal interesse de quem para pra assistir a apresentação de um console novo.
Eu entendo que a Microsoft tenha feito este evento pra introduzir apenas o console e tenha deixado a parte de jogos pra E3 que tá logo aí, mas… um anúncio de console sem nenhuma demonstração real de jogo? Sério? Nem mesmo uma demonstração do que o novo Kinect pode fazer (que aliás é bastante impressionante, como vocês podem ver no vídeo da WIRED logo abaixo, e teria dado o que falar)? É como marcar um evento pra mostrar um álbum novo de uma banda e se focar na arte da capa em vez de falar das músicas.
Vivemos na Geração da Desconfiança, ainda com marcas daquele anúncio de Killzone 2 todo pré-renderizado com uma HUD jogada em cima, daquele anúncio do Wii que mostrava pessoas mexendo o Wiimote com precisão 1:1 e daquele video do Kinect com crianças virtuais super inteligentes e captura perfeita de movimentos e skates. Ninguém acredita em mais nada sem provas, e se alguma coisa não ficar 100% clara é porque tem alguma pegadinha na história.
As crias dessa geração passaram os últimos seis meses debatendo boatos sobre o novo Xbox ter proteção contra jogos usados e precisar de uma conexão a Internet durante todo o tempo. O mínimo que se esperava era que a Microsoft estivesse totalmente preparada pra responder a essas perguntas, mas o que se viu foram respostas completamente diferentes partindo de pessoas distintas da empresa. Enquanto o vice-presidente da Microsoft dizia ao Kotaku que existia uma taxa pra se jogar jogos usados, o twitter da empresa afirmava com veemência que não tinha taxa nenhuma e o FAQ no site oficial dizia só que “teria um jeito de você jogar jogo usado”.
E você precisa estar online só a cada 24 horas? Como diabos funciona isso? O que acontece se eu não conectar? O console explode?
Não é fácil dar notícias ruins, mas depois de oito versões do Windows e de todos os boatos destrutivos eu esperava que a Microsoft já estivesse acostumada e preparada pra anunciar essas coisas de uma maneira clara e positiva.
E no final do dia, além de “é bom mostrar o console”, parece que a MS não aprendeu muita coisa com os anúncios do Wii U e do PS4.
Até o momento tá difícil botar alguma fé no XONE (ou Xbone, como alguns preferem). Nunca se viu uma reação negativa tão grande a um console novo (no máximo opiniões divididas em alguns casos). Mas a E3 tá logo à frente, em Junho, e é bom que a Microsoft se prepare para deixar tudo bem explicadinho e tenha um baralho inteiro escondido na manga pra mostrar, ou a aparência de videocassete pode acabar não sendo a única semelhança entre o Xbox One e o 3DO.