NEW AGE RETRO GAMER #34: Chrono Trigger

  18/07/2013 - 17:51   Chrono Trigger, NARG,  
 

NEW AGE RETRO GAMER #34
Chrono Trigger (Snes)
Squaresoft
1995

Chrono Trigger nunca poderia ter sido um acidente. Era impossível. Jogos bons não acontecem por acaso, como um rolar de dados; mais como uma química ou uma ciência do que uma arte, na criação dos jogos todos os aspectos precisam ser milimetricamente calculados, estudados e testados para o resultado final ser aquilo que se espera. Programação é uma quimera que opera em antítese criativa à visão artística, onde a sua própria arte deve ser, antes de tudo, o ato da programação em si. A criação de um jogo bom depende do tempo, do esforço, da direção, e o mais importante de tudo: do talento envolvido no processo criativo.

Para a sorte do título – e de todos nós – Chrono Trigger tinha todos esses aspectos de sobra, principalmente o talento.

Bom dia, Crono! LEVANTA LOGO SEU LAZARENTO IMPRESTÁVEL SÓ ME DÁ DESGOSTO

O time de mentores por trás do projeto da Squaresoft era auto-entitulado Dream Team, e nisso não há falsa modéstia. O pai de Final Fantasy, Hironobu Sakaguchi, foi o designer principal do projeto juntamente ao seu inestimável bigode. Akira Toriyama, com seu talento único de transformar uma gosma azul em um personagem ícone gerador de milhões de ienes, foi contratado como artista principal para desenhar quantos Gokus e Bulmas fossem necessários. Já o escritor e supervisor principal foi o lendário Yuji Horii, o gênio por trás de todos os títulos da série Dragon Quest (eu gosto de dizer que CT foi a hora que os fãs de Square “degustaram” um pouquinho de DQ, mesmo que CT e DQ não sejam nem um pouco parecidos).

HATERS GONNA HATE! Da esquerda pra direita: Sakaguchi, Horii, e Ronaldo Fenômeno

Quando estes três se encontraram em 1992, a ideia deles era “fazer algo que jamais havia sido feito”. Complementando o time tínhamos um músico chamado Yasunori Mitsuda, que estava muito puto da vida em só converter as composições do compositor famosão da empresa e finalmente ia trabalhar em seu grande projeto; o escritor Masato Kato (que também trabalhou em Xenogears e, estranhamente, Chrono Cross) e o diretor Yoshinori Kitase (FF6). Eu não vou dizer que “não tinha como dar errado”, porque é bem quando você diz esse tipo de coisa que a vida mostra sua imprevisibilidade com vários rolês errados, mas é inegável que essa simbiose de talentos teve muito a ver com a competência que Chrono Trigger apresenta.

Crono por que você está fazendo poses enquanto os seus amigos estão se ferrando? VOCÊ É RETARDADO, CRONO?

A história contava sobre um rapaz de cabelo vermelho com formato de banana chamado Crono, que vai pra um evento comemorativo fodão para testar a invenção maluca de sua amiga de infância Lucca. No meio do caminho, Crono, que não largava o botão B, acaba se esbarrando em uma mina hiperativa/futura peguete/princesa do Reino chamada Marle. Crono resolve dar umas investida na guria e leva ela pra passear pela feirinha, jogá uns joguinho, dançá umas dança, tomá uns suco, etc. Na hora que os dois foram ver a máquina, a tal da Marle, que era meio afobada, resolve testar a máquina antes de todo mundo e acaba sendo transportada quatrocentos anos de volta no tempo. Crono, apesar de ser meio caladão, ainda assim não era um cara insensível e sabe que transportar garotas de volta no tempo é uma péssima maneira de terminar um primeiro encontro.

Com a cara e a coragem, o carinha se dispõe a viajar no portal do tempo para tentar resgatar a guria afobada, pagar de herói da parada toda e quem sabe conseguir um número de telefone antes de voltar pra casa. E assim começa uma pequena aventura, que eventualmente ganha um escopo muito maior no momento que os heróis descobrem uma ameaça parasita que aterrorizaria o planeta muitos anos depois da era deles e resolvem se aproveitar dessas viagens no tempo para tentar construir um novo futuro.

HAHAHA Ai, Frog, quem mandou falar inglês arcaico, seu bestão

Chrono Trigger busca motivar o jogador pelo seu senso de aventura, temática, tons fortes e música empolgante. Isso é evidenciado pelo próprio comportamento dos personagens na introdução e decorrer do jogo, que são fortemente ativos em impulsionar a história avante pelas suas atitudes energéticas e te apresentam um leque de trivialidades antes mesmo da primeira batalha. É um contraste ao usual “moleque do interior que não fazia merda nenhuma da vida até que queimaram a sua vila” que tanto envenena o gênero com começos lentos e desinteressantes.

Mas por mais que toda a estética visual e sonora de Chrono Trigger seja tão atraente, eu ouso dizer que a real força do jogo é mais técnica que qualquer coisa. CT não seria um terço do que é se não fosse puramente pelo seu design e suas mecânicas.

Design é uma palavra meio escrota que não traduz bem pro português. Em um jogo, o design se refere à construção de cenas, desafios e mecânicas, e como tudo isso se correlaciona para formar uma experiência interessante. Bom design é aquele que “captura” o jogador, seja pelo desafio, pela interatividade, ou por outros métodos que sejam recompensadores. Mal design é qualquer ROM Hack de Mario que você encontrar no YouTube onde o cara carrega novecentos states por minuto. O design é uma parada delicadíssima da criação de um jogo, e se você não vê galera afora comentando muito sobre isso em análises, é porque grande parte nem entende de verdade como isso funciona. Outro aspecto importantíssimo na área é Pacing, mas felizmente essa tem uma tradução melhor e pode ser entendida por nós como ritmo, ou fluxo. Um jogo com um bom ritmo vai te apresentar coisas novas e manter a experiência interessante; um jogo com ritmo ruim é aquele que encaixa horas de monotonia ou repetitividade desnecessárias em seu centro para “esticar” a experiência.

Mas por que eu dei essa aula básica de “Bom Design de Games I”, afinal? Porque Chrono Trigger é um dos exemplos mais excelentes (e excedentes) nestes importantíssimos aspectos. O fluxo dele é fenomenal, pois ele minimiza a repetição vista em outros jogos do gênero e maximiza tudo – das histórias às batalhas aos sprites. Sempre há algo acontecendo, e é tudo dinâmico. Note como os cenários não são maiores do que o necessário e de fato parecem um lugar ao invés de uma repetição incessante de texturas. Note como esses inimigos estão visíveis no mapa, removendo aquela sensação frustrante de “ser interrompido” e já dando uma boa ideia da duração da luta antes mesmo dela começar. E já notou como todos os inimigos dão uma renca de experiência? Faz parte da sua natureza compacta. É pra minimizar a sensação de grinding.

Note como uma nova área, uma nova história, uma nova técnica são sempre apresentados em um ritmo constante, revitalizando o jogo a cada poucas horas. Terminou um chefe? Toma uma nova técnica dupla, testa ela aí! Tanto sua batalha quanto cenários de exploração são entupidos de “metagames” que vão desde usar uma técnica que terá um alcance específico num grupo de inimigos a sair caçando penas e garras para trocar por novas armas. Todas as informações relevantes são expressas visualmente, e não existem mecânicas desnecessárias ou que atrapalhem o jogo. É tudo condensadíssimo, pois tudo o que ele apresenta se situa em um balanço incomparável. Não existe qualquer tipo de “lixo” desnecessário que deveria ser removido. A menos que você seja um daqueles sem noção que acha justo julgar alguma coisa pelo o que ela não é, dá para dizer que Chrono Trigger é, virtualmente, isento de falhas.

A progressão é bastante linear, mas o jogador nunca se sente “preso”, pois o fluxo, como já foi dito e repetido, é excelente. Perto do final ele abre um pouco mais para as suas escolhas, e você pode completar algumas side-quests (postas explícitas pelo Guru do Tempo) antes de terminar o jogo, um esquema mais “light” do que vimos antes em Final Fantasy VI. Eu gosto desse método pois ele recompensa o interesse do jogador em explorar mais do mundo dando algumas das melhores histórias escondidas no jogo.

E admito, talvez eu tenha exagerado no “isento de falhas”. O Black Dome, a última dungeon do jogo, sofre do que eu chamo de “Síndrome de Square” e é três vezes mais longa do que devia – algo um tanto antí-climax, visto que é a única parte que enche um pouco o saco sendo que ela devia é estar te deixando empolgado para a grande conclusão da jornada. Ainda assim, dizer que isso tira o brilho do jogo é algo tão criminoso quanto olhar um Corgi e não achar ele o máximo. Não, sério: será que é possível alguém NÃO gostar de Corgis? (Se você não gosta de Corgis, feche esta aba e nunca mais fale comigo. Seu MONSTRO!)

O desafio, como TUDO já citado aqui, é deliciosamente balanceado e pode ser customizado pelo próprio jogador, se ele quiser (ninguém tá te obrigando a usar Ayla e Frog, seu apelão!). O jogo é considerado curto por alguns, com um duração de aproximadamente 22 a 25 horas, o que só reforça a minha teoria de que gente que reclama que algo de 20 horas é curto não compreendem absolutamente porra nenhuma sobre como se constroem jogos. E mesmo se você for um desses com um dia de 72 horas, não há problema pois o jogo possui um New Game+ e vários finais que ocorrem não de acordo com suas decisões, mas sim de acordo com o momento e era que você escolhe terminar o jogo – nada mais justo para um título que explora tanto viagens no tempo, afinal.

Não há dúvidas que Chrono Trigger é um trabalho de mestres. Ele pega tudo que há de bom no design de JRPGs e descarta o que é desnecessário. O resultado é uma experiência empolgante e fluída que quase não possui tropeços dignos de nota. E é por isso, mais do que por qualquer coisa, que ele é reconhecido como o clássico que é. Porque ele é tão bem montado que não te dá motivos para abandoná-lo antes do final. Ele poderia “só” ser carismático, ter uma música fodíssima e uma história bacana sobre viagem no tempo e tal – aspectos esses que quem jogou bem conhece – mas de nada isso adiantaria se o jogo não fosse tão balanceado e divertido de se jogar em primeiro lugar.

Eu sei que eu já terminei Chrono Trigger um bom número de vezes. Tantas, talvez, que eu até agradeço à minha memória por ter perdido a conta de quantas foram. E por mais que eu reconheça toda a sua qualidade e maestria, eu certamente não diria que ele é meu JRPG favorito – pra falar a verdade, nem sei se ele entraria no meu Top 10. E o motivo disso é certamente meu: por mais perfeitamente construído que ele seja, eu ainda seria mais favorável a alguns outros jogos que fazem coisas diferentes, mesmo com suas falhas. Eu botaria EarthBound e sua metalinguagem acima dele, mesmo com sua jogabilidade arcaica e claramente menos divertida. Eu gosto mais de Ogre Battle 64 e seu microgerenciamento megalomaníaco, apesar dele não ser nem de perto tão acessível e a Chaos Frame ser a maior zuera da humanidade. E eu considero a sensação de aventura presente em Skies of Arcadia muitíssimo superior à de CT, só para citar alguns exemplos. Isso não é uma crítica. É uma constatação que até mesmo algo imperfeito pode ser mais interessante pra uma pessoa do que algo tido como perfeito, considerando-se outras óticas e outras valorizações.

Se ele é “o melhor jogo de todos os tempos” eu não sei, pois acho que isso depende muito da pessoa. Mas o melhor JRPG já designado? Acho que não tem nem concorrência. É uma verdadeira lenda justificada.

- Disponível para Snes, DS, Virtual Console, iOS e Android.

Sobre

Rodrigo "Rod" é de Salvador, Bahia. Estuda psicologia mas finge ser comunicador. Acha que entende alguma coisa sobre design de games.
  • https://www.facebook.com/guilherme.alvesgalvao Guilherme Alves Galvão

    Eu acho que o Black Omen não é nem de longe tão arrastado quanto o começo do jogo, que é basicamente onde se situa sua parte mais falha. Mas é falha intencionalmente – ao chegar no futuro e ver que tudo está uma merda, a sensação de choque é maior e é cansativo a ponto de ser o único momento do jogo que alguém pode pensar em largá-lo, talvez por ignorância, talvez por falta de força de vontade, talvez por ter o minigame de corrida. Mas tirando isso eu concordo quase que inteiramente com o texto – pra mim CT está abaixo de Super Mario RPG e Earthbound nos 16 bits e eu acho ele muito (muito mesmo) inferior ao Cross em questão de arte/conceito temático, apesar de vencer no pacing.

    CT é, literalmente, um videogame. Ele não conta uma história muito digna de nota e nem de longe teria o mesmo impacto se fosse adaptado pra qualquer outra mídia, mas toda a parte "jogo" dele é minuciosamente trabalhada e tem um processo de decision-making muito superior a qualquer jogo da Bioware por serem decisões orgânicas, não mecânicas, e por não influenciarem necessariamente na história, mas no mundo.

    É um excelente videogame, uma boa obra, mas um ótimo conjunto de coisas pra se controlar num cartuchinho de Super Nintendo.

  • https://www.facebook.com/cesardka César Hoffmann

    Excelente resenha. Descobri esse jogo lááá por 2002 em um pacotão de ROMs. Nem sei como e porque comecei a jogar ele, mas foi um amor a primeira vista e que não teve mais volta.

    É uma obra prima de verdade e a trilha sonora, a arte dos cenários e dos personagens e a história são impecáveis.

    Não sou daqueles malucos insatisfeitos que querem um MMO de Pokémon, por exemplo, mas acho que um remake de Chrono Trigger (já com tudo que foi adicionado no port para DS) seria muito bem recebido. Se nunca acontecer, ainda assim posso dormir tranquilo sabendo que tive uma experiência tão agradável e duradoura como essa. Nunca joguei um RPG que me fizesse repetir por vontade própria, e com recompensas claras e honestas, tantas vezes como esse.

    Parabéns, GAMESFODA!

  • https://www.facebook.com/jorge.zazizo Jorge Zion

    Jamais ousaria analisar esse jogo, é algo para ser jogado? Não… VIVIDO com todo e tamanho fervor. É uma experiência de excelência única, quase que se foi criada uma dimensão para comportar absolutamente toda a emoção contida nesse, ham… de nenhuma forma poderíamos jamais tentar rotula-lo de jogo… Não existe uma denominação para resumir essa obra que unicamente detêm o significado de ÉPICO!

  • https://www.facebook.com/phillipe.lyra Phillipe Lyra

    Chrono Trigger é o tipo de jogo, que você não joga só um pouco pra relembrar. Toda vez que pego pra jogar é até o fim. E ainda faço alguns finais extras que não tinha visto ainda.

  • https://www.facebook.com/alexandre.takahashi.7 Alexandre Takahashi

    Eu ainda preciso jogar Chrono Trigger, no entanto, pelas descrições dadas aqui, eu notei que Grandia é um jogo que podemos considerar um ótimo exemplo de "Pacing" e "Design".

  • https://www.facebook.com/favero.eduardo Eduardo Favero

    Rodrigo, melhor análise de um JRPG que já vi !

    • orgerod

      Porra, aí eu até fiquei desconcertado! Hahaha

      Mas valeu! Obrigado a toda a galera que leu e curtiu, também. Mesmo que nem sempre dê pra responder aqui, a gente tá lendo os comentários sempre. Valeu pelo feedback a todos 🙂

  • Lan_Di

    Na boa, que tipo de bruxaria é essa que vocês fazem para ter reviews tão (desculpa o trocadilho) FODAS de se ler? PQP, toda review que eu leio aqui acho que é a mais foda, dai você me aparecem com outra. Adoro a linguagem de vocês, camarada sem ser informal, engraçada sem ser pastelão, e técnica sem ser desinteressante. Parabéns a todos que fazem parte deste site. Quando crescer quero ser iguais a vocês :*

  • https://www.facebook.com/vinicius.silva.39142 Vinicius Silva

    Só um momento… meus olhos estão suando.

    Valeu Rod por nos brindar com esse SENSACIONAL review-shakespeariano!

  • Pingback: Esta semana em GAMESFODA – A Edição em que você adivinha o tema! | GAMESFODA

  • https://www.facebook.com/edu.gtoledo Eduardo Toledo

    Realmente o texto está impecável, mas comentar de jogos que surgiram posteriormente como "melhores" é incompreensível. O CT foi um ditador de modas que, até hoje, todo RPG que tentou seguir a linha fracassou. Até mesmo a própria continuação, que pouco empolga devido aos seus personagens inúmeros e pouco carismáticos. CT é uma história batida, mas, devido à dinâmica e ao carisma das personagens ( mesmo sendo estereotipados ao extremo), ganhou força por suas novidades de interação de personagens e relacionamento com o mundo que cada personagem vive.
    Afinal, um jogo "mediano" não teria tantos remakes sem alterar a textura do jogo e, ainda sim, tornam um best seller (Lembrando que o redator esqueceu que foi lançado um remake com cenas em Anime pro PS1).
    Parabéns pela análise

    • orgerod

      Tá aí, é isso: eu não disse que os jogos que eu prefiro são melhores que CT. E a um nível técnico, ritmo e balanceamento, eles simplesmente não são. É apenas que eu sinto que eles excederam em aspectos peculiares (pontos estes que CT não abordou e nem tentou abordar) que me marcaram mais.

      Não neguei a excelência de Chrono Trigger, mas reconheço que não recordo tão bem de suas cenas marcantes como me recordo das de EarthBound, ou Vagrant Story. Na verdade, acho isso até bom: faz com que eu consiga revisitá-lo constantemente sem qualquer fadiga. Queria é que isso acontecesse com muitos outros!

  • maleenha

    Disponível também em emuladores, para os lisos.

  • https://www.facebook.com/comidadebaleia Jonas Sant'Anna

    Podia rolar um desses se FFT né? <3

  • https://www.facebook.com/manoel.nogueira.14 Manoel Nogueira

    Han… Sim, CT é um ótimo JRPG do snes… um dos melhores, sem dúvidas…

    Mas não acho ele tanta coisa assim, ao menos como os outros dizem. Mas também é verdade que muitos outros jogos se sproveitaram da dinâmica dele e fizeram um sucesso maior ainda! Alguém aqui lembrou de FFVII? Esse jogo se inspirou muito mais em CT do que no seu predecessor, o VI! Tem horas que eu penso que ele deveria se chamar Chrono Trigger II e não Final Fantasy VII, já que, da franquia mesmo, ele só tem as summons mesmo.

    Dos personagens de CT apenas um se destacou, no quesito de história: Magus. Esse sim tem um motivo real e não filantrópico e idealista para suas ações, já todo o resto… Fico me perguntando o que passa na cabeça de adolescentes que acabaram de cair de pára-quédas numa jornada multi temporal enfrentando monstros grotescos e afins…

    Mas a análise ficou boa, cara! Parabéns!

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