Qualé a desse tal de… Brothers: A Tale of Two Sons

  8/01/2014 - 20:07   brothers, review,  
 

Continuando com as análises de jogos de 2013 que a gente não fez em 2013, vamos falar de Brothers: A Tale of Two Sons, o jogo com o título mais óbvio do mundo. Ele foi publicado pela 505 Games, que não costuma fazer coisas muito relevantes, e desenvolvido pela Starbreeze, que até hoje só fez jogos de ação sem muita importância também… por mais que vocês gostem de Riddick. Pra completar, o jogo foi feito em parceria com o diretor sueco-libanês Josef Fares, que nunca tinha se envolvido com a produção de jogos antes. O tipo de coisa que não costuma acabar bem – sim, eu estava bem pessimista com relação ao jogo.

E talvez tenha sido por causa desse pessimismo que eu tenha gostado tanto do jogo.

Ironicamente, Brothers não é um jogo para ser jogado com os brothers. É um jogo single-player com foco em narrativa, onde o jogador controla dois irmãos, cada um com um analógico e um gatilho diferente do controle. Isso às vezes resulta em um irmão batendo a cara contra a parede enquanto o outro circula livremente por aí interagindo com o mundo, mas na maior parte do tempo o controle funciona melhor do que eu esperava. O macete é tentar manter o irmão controlado com o analógico esquerdo do lado esquerdo da tela e o da direta no lado direito, porque quando eles mudam de lado é que o seu cerebro dá um nó. Felizmente o jogo tem noção disso e, pelo menos nas partes mais tensas, tenta manter cada um no seu lado de mais fácil utilização.

Os controles são usados em puzzles que requerem sincronização e equilíbrio da sua mão direita com a sua mão esquerda, com o irmão menor conseguindo passar por lugares mais estreitos e o maior sendo o único que consegue nadar. Nada muito difícil e nada muito fácil também, mas como eu disse antes, o foco do jogo é na narrativa.

E nessa área, Brothers: Two Souls também tenta ser diferente, indo contra toda a modinha de diálogos extensos com grandes dubladores e trazendo um jogo inteiramente sem diálogos ou textos. Ou pelo menos nenhum em uma língua compreensível pelo homem. Os personagens até falam, mas em um dialeto aparentemente derivado da língua do The Sims. E ainda assim você consegue entender que o pai dos garotos está doente e que a única cura se encontra em uma árvore que está longe pra caralho, lá no final do jogo. Só pelas ações e expressões dos garotos e NPCs dá pra entender o que os personagens estão sentindo e ver a evolução de cada um. Em algumas partes, o jogo também faz bom uso da suas mecânicas diferentes como metáforas para expressar o que está acontecendo com os personagens.

Além de não ter falas nem textos, Brothers também não tem tutoriais nem indicações de nada. As partes interativas do cenário não têm auras mágicas especiais, cores diferentes ou balões de texto com nome. A única maneira de saber pra onde ir e com o que interagir é cutucando tudo no cenário com cada irmão (lembrando que você tem um botão só pra cada então não é tão difícil assim). Bróders é um jogo que incentiva e recompensa a exploração, inclusive com achievements, que são reservados para missões (por falta de nome melhor) opcionais do jogo.

O jogo dura pouco mais de duas horas e ainda assim consegue ter uma boa variedade de ambientes e coisas pra fazer, sempre te surpreendendo, já que você não tem nenhuma noção de como é aquele mundo e ninguém te fala nada (não de maneira que você consiga entender, pelo menos). Depois de um tempo já não dá mais pra saber se no próximo momento você estará num barco ou em um castelo abandonado. A única coisa que se sabe é que em algum momento encontrará uma árvore bem grande e talvez salvar seu pai.

No final das contas eu devo desculpas à 505, à Starbreeze e principalmente ao Sr. Josef Fares. Brothers: A Tale of Two Sons acabou sendo uma das maiores surpresas de 2013. Não é um jogo impecável, mas tenta coisas novas e usa muito bem a linguagem dos jogos pra contar uma história. É irônico que um jogo chamado Brothers seja jogado apenas com um controle, assim como é irônico que um diretor de cinema esteja fazendo um uso melhor da mídia pra contar uma história do que a maior parte do pessoal da área.

Brothers: A Tale of Two Sons está disponível no Steam, PSN e Xbox Live (a versão PC exige um controle pra funcionar)

 

Tuba

Sobre

Arthur “Tuba” Zeferino é co-criador do site, programador e brother indie.
  • https://www.facebook.com/alan.borges.50 Alan Borges

    Esse jogo me fez chorar feito uma garotinha, e não tenho vergonha disso. Apesar de muitas coisas ainda apresentarem um conceito cru e um contexto sem muita visão, de modo geral, o jogo te estraçalha de uma maneira MESMO que vc tivesse previsto como iria acabar.

    Pra mim entra na lista dos melhores de 2013 e é um pecado ser tão pouco conhecido.

  • https://www.facebook.com/gabriel.leandro.50159 Gabriel Leandro

    Eu tentei jogar esse jogo comigo no controle do irmão mais velho e a minha namorada controlando o irmão mais novo (isso mesmo, cada um segurando num lado do controle. lol) e o resultado foi desastroso, mas o jogo é muito bom sim.

  • http://twitter.com/twero @twero

    Uma ótima surpresa. É sempre bom quando um game sai das comodidades e, mesmo com suas falhas, oferece algo diferente e sem ser pretensioso.

    Agora, fica o desafio que o Gabriel sugeriu: duas pessoas segurando um mesmo controle.

  • https://www.facebook.com/thiagoradice Thiago Radice

    To doido pra jogar esse jogo desde que vi um review no ano passado mesmo. Mas to esperando uma promoção na xbox live xD

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