Qualé a desse tal de… South Park: The Stick of Truth

South Park é uma das poucas séries na televisão que sabe falar sobre video games. Ao longo de 17 temporadas, Minecraft, World of Warcraft, Guitar Hero e a Guerra dos Consoles já foram temas de episódios, sempre de uma forma que faz sentido, onde as pessoas que entendem do assunto não ficam pensando “Por que esse PS3 está fazendo barulho de Atari?”.

E, assim como a série, South Park: The Stick of Truth também sabe falar sobre video games (afinal ele é um) e mostra isso muito bem, fazendo piadas com clichês clássicos de jogos, várias até bem amarradas com o gameplay do jogo! Logo de cara você já tem uma piadinha na hora de escolher o nome do personagem, e também não demora até que o jogo comece a zombar de política, programas de TV, redes sociais e outros assuntos típicos da série, afinal, The Strick of Truth é basicamente um episódio bem grande.

Em vez de usar um 3D sem graça como o dos títulos da série no N64, ou daquele cel shading que a maioria dos jogos baseados em animações de hoje costumam usar, Stick of Truth malandramente adota exatamente o mesmo estilo de arte visto na TV, reforçando o sentimento de que na verdade aquilo tudo é um grande episódio. Pra completar, a trilha sonora também é praticamente a mesma. Inclusive, quando você carrega um jogo, a primeira coisa que se ouve é a musiquinha que toca na série quando o programa volta dos comerciais.

Fica claro que esse é um trabalho da Obsidian, não pelos bugs normalmente encontrados nos jogos dela (não tive nenhum problema com o jogo além do sistema de save que não deixa claro onde eu vou começar quando recarregar, mas aí não é bug, só um sistema mal projetado), mas pela clara influência de Fallout New Vegas e outros RPGs da empresa em coisas como um sistema de duas facções (que não serve pra muita coisa, mas está lá… alias, acho que essa é a piada) e o mapa aberto cheio de itens aleatórios espalhados em cada milímetro, terrível pra pessoas que fazem questão de investigar todos os baús, gavetas e armários.

Uma coisa interessante sobre esses itens aleatórios e inúteis é que boa parte deles faz referência a episódios da série. Você encontra vários relacionados com personagens específicos em suas respectivas casas, e vários itens aleatórios largados por aí só pra você olhar pra ele e pensar “Meu deus, isso é daquele episódio onde aconteceu aquela coisa!”. Aliás, o jogo é lotado desses momentos, com NPCs da série inteira (você tem inclusive que adicionar eles no Facebook pra ganhar perks, e o jogo chama a pseudo-rede social dele de Facebook mesmo, sem vergonha nenhuma), músicas cantadas de vários episódios tocando no fundo das lojas, e até mesmo 30 chinpokomons espalhados pelo mapa pra você colecionar!

Stick of Truth traz elementos de todas as 17 temporadas de South Park e, pros fãs, é interessante olhar pra eles lado a lado e ver como mudou o estilo da animação. Em especial, nos chinpokomons fica óbvio quais foram criados no episódio original da terceira temporada (em 1999!) e quais foram inventados pro jogo por causa do jeitão da arte (ironicamente algo similar acontece com Pokémon mesmo, mas isso fica pra outro texto).

Porém, o jogo não é só um amontoado de referências. Existe uma história original cheia de novas piadas e elementos pra quem já viu tudo da série. Isso porque muitos das coisas novas funcionam melhor em um video game. Algumas pela interatividade, outras por tratarem de clichês de jogos (existe uma piada recorrente com o fato do protagonista ser mudo, por exemplo) e outras porque… bom, estão num nível de “humor negro” que não estamos acostumados a ver em jogos. Tem um minigame de aborto, tem fetos zumbis, sondas anais alienígenas e muitas outras coisas que vão muito além do que qualquer coisa que, sei lá, Leisure Suit Larry ou Saints Row fazem. Tudo executado de forma bem engraçada.

Bom, eu pelo menos dei risada de tudo. E é estranho porque muitas das partes mais “chocantes” do jogo estão no mesmo nível do que é mostrado na série de TV, mas aqui me marcaram mais. E eu não estou certo se isso acontece porque o jogo é bem aleatório e essas coisas surgem do nada ou se é porque os jogos não costumam se arriscar muito mesmo. Acho que um pouco dos dois.

“Mas e quem não manja porra nenhuma de South Park?”.  Bom, esses ainda vão pegar um RPG bem feitinho, com um mapa que não é muito grande, mas é bem cheio de coisas pra se fazer, muitas sidequests que te forçam a explorar bem a cidade, algumas dungeons mais complexas do que eu esperava e um sistema de batalhas muito legal que lembra muito o dos RPGs do Mario. Mas muito mesmo: apertando os botões nos momentos certos você se consegue dar um ataque mais forte e se defender de golpes inimigos. Dependendo da arma que está usando, a combinação dos botões é diferente e você tem vários aliados, cada um com uma habilidade diferente, E CARALHO ESCREVENDO AGORA QUE EU NOTEI COMO É IDÊNTICO A PAPER MARIO!

Eu vou deixar isso passar porque eu gosto da batalha em Paper Mario… mas é igualzinho mesmo. Até mesmo os inimigos são mais fracos contra tipos de armas específicas, e você e seus ajudantes vão ganhando poderes ao longo do jogo pra conseguirem passar de certas partes do mapa. Que coisa, hein?

Alguém que goste de Paper Mario vai certamente gostar das batalhas, mas a verdade é que South Park: The Stick of Truth é um jogo feito para os fãs da série.

O ruim disso é que aqui temos um jogo muito bom que nem todo mundo vai conseguir aproveitar direito. O bom é que fazendo assim, os criadores conseguiram usar o material original da melhor forma possível. Grande fã da série que sou, ao terminar tive exatamente a sensação de ter terminado um dos melhores episódios de South Park, que ao mesmo tempo é um bom RPG e que usa a interatividade da mídia para o humor de maneira mais competente do que muito jogo aí que é só jogo mesmo.

South Park: The Stick of Truth está disponível para PC por R$99,99 e para Xbox360 e PS3 por R$149,90.

GAMESFODA

Sobre

Dono dessa merda e entidade transcendental de GAMESFODICE. Eventualmente assume forma humana como um programador barbudo ou um negão de dreads.
  • Gustavo Ferreira Souza

    KAWAII PRINCESS KENNY

  • lndcruz

    Essa é uma das melhores adaptações de uma mídia para outra que eu já vi. Você se sente totalmente imerso no universo da série. Pra quem gosta de South Park é obrigatório jogar, quem não conhece vai gostar da série e quem odeia é um uncle-fucka.

  • eltonBorges

    Boas notícias! É sempre bom ver um jogo baseado em alguma franquia querida se saindo bem!

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