Qualé a desse tal de… Strider

  6/03/2014 - 20:14   review, strider,  
 

O Strider, mais precisamente o Hiryu, era meu personagem favorito de Marvel vs. Capcom. Caralho, como ele batia. Ele trucidava os inimigos em combos absurdos, mandando panteras cibernéticas para o ataque, atirando trocentas bolinhas com aquele robozinho que ficava circulando ele, ou manuseando sua espada como se fosse feita de plástico. E depois de fazer carne de strogonoff dos seus inimigos, ele simplesmente cruzava os braços e ficava curtindo a brisa com seu cachecol. O cara era um animal!

Eu tinha jogado dois jogos do Strider antes (no NES e no Mega Drive) e, sinceramente, não me lembrava de ele ser tão versátil ou ágil assim. Eu conseguia associar os golpes e tudo mais com o que havia visto antes, mas na minha memória ele não era tão fodão nos jogos. Aceitei como se fosse simplesmente uma lembrança errada por eu provavelmente ser ruim naqueles jogos (eles eram difíceis pra cacete), e segui em frente.

Alguns anos depois eu joguei o Strider 2 de Playstation e o Hiryu ainda não era o mesmo cara do Marvel vs. Capcom. Dessa vez estava um pouquinho mais próximo, mas de certa forma ainda parecia meio forçado. Mesmo sendo o sprite bem parecido (se não até o mesmo… não chequei), a coisa simplesmente soava como uma emulação daquele heróizão superior que eu tinha na minha cabeça.

Essa percepção estava certa. Depois de jogar novamente os clássicos e a versão do Playstation fica claro que em todos os jogos o Hiryu não chega nem perto da foderagem mostrada no jogo de luta. Quem sabe isso tenha ocorrido por limitações técnicas ou por escolhas de design de cada época. Mas meu ponto aqui é que eu acreditava que a Capcom tinha aquela visão do Marvel vs. Capcom como sendo o potencial real do Strider.

Durante a primeira hora em que o novo jogo do Ninja do Futuro estava rolando no meu console, lágrimas escorreram pelo meu rosto, carregadas da mais profunda alegria. O protagonista correndo a brandir sua arma, sem parar seu caminho para limpar hordas de soldados robôs que se despedaçavam aos seus lados, involuntariamente abrindo em suas metálicas entranhas espaço para o herói passar. Ali estava presente o Hiryu com toda sua sensualidade que eu havia imaginado em meus sonhos mais fanfiqueiros.

As animações são fluídas, acompanhando o ritmo do personagem principal e adicionando ainda mais para essa sensação de aniquilador que o novo Strider representa. Os novos poderes que você pega ao longo do jogo te permitem ser cada vez mais rápido e trucidador, se assim você desejar, deixando o compasso do jogo sempre em uma crescente constante. Ver a sua movimentação em tal situação meio que prova que a vontade de ver Hiryu com tamanho potencial e desenvoltura não era um desejo apenas meu.

Se o único feito da Double Helix (produtora do jogo) fosse entregar essa repaginação convincente e concisa do protagonista, ela já teria acertado um puta de um Home Run pra fora do estádio. Entretanto, eles não pararam por aí.

Os antigos jogos da franquia eram baseados em fases sequenciais e lineares onde você ia matando os inimigos até chegar ao chefão. Nessa versão eles conseguiram mudar completamente o design do jogo, sem tirar todo o charme e características básicas pelos quais os títulos clássicos eram conhecidos, adicionando um sabor novo ao criar suas fases em um estilo metroidvania.

O novo sistema amplia os mapas, possibilita a inserção de diversos extras escondidos e colecionáveis, sistemas progressivos de portas trancadas (como vemos em Metroid), implementando necessidade de voltar a diversos pontos no jogo depois de ter pegado certos itens.

Importante notar que mesmo assim o level design é inteligente o suficiente para te oferecer um atalho para chegar ao local desejado quando você finalmente obtém um poder que abre certa porta ou possibilita a passagem por certo caminho já visitado, ou então já estará perto desses objetivos automaticamente seguindo as linhas da missão principal. Mesmo com mapas amplos, eles são reutilizados pouquíssimas vezes, seguindo a história de uma maneira quase linear, o que remete à progressão dos jogos clássicos.

Tudo isso permite um jogo fluído e acelerado que incorpora perfeitamente a nova personalidade do protagonista, após ter incarnado seu avatar do jogo de luta. A história também fica em segundo plano, com poucas interrupções em meio à ação, mostrando que, apesar do foco do jogo ter mudado muito, a alma clássica continua ali. Para exemplificar melhor, muito do cenário do título e seus pontos mais detalhistas são contados através de extras e dentro do menu principal, deixando o visual bem arcade.

É claro que com essas escolhas, certas coisas tiveram que ser abandonadas. Algo visível é que os cenários desse jogo não tem tanta variedade como nos jogos originais, onde em uma fase você estava em uma base militar e na outra você enfrentava dinossauros em uma versão bem fodida da Amazônia. Aqui a diversificação é sutil, já que todos os diferentes setores se interligam em um mapa gigantesco, e a transformação em metroidvânia não possibilita alterações tão drásticas de localidade.

O novo Strider também foi claramente criado para ser um título de distribuição digital que custa menos que um jogo normal, e eles definiram o escopo de desenvolvimento para adicionar tudo o que puderam dentro dessa visão cortando arestas sempre que possível. Um bom exemplo aqui é o fato de que, embora as animações de batalhas sejam excelentes e os gráficos se encaixem perfeitamente ao novo estilo proposto, nas cenas de história os personagens não mexem a boca, algo que provavelmente eles acharam que seria desnecessário para a experiência no geral.

Mas sinceramente, na minha visão, os pontos baixos desse jogo ficam completamente em segundo plano. Esse virou simplesmente o meu Strider favorito de todos os tempos, e um dos melhores metroidvânias ou jogos de ação em 2D que joguei ultimamente. A experiência como um todo é simplesmente deliciosa e o personagem é fantástico de se controlar. Certamente esse foi o foco do desenvolvimento, e congratulo os responsáveis por atingirem tão bem esse padrão.

Agora está na hora de esperar para ver o mesmo acontecer com meu SEGUNDO personagem favorito de Marvel Vs. Capcom. Por favor, né Capcom? Vamos dar uma agitada semelhante a essa com o Captain Commando, chamando a sua família toda pra esfolar a cara de meliantes em um jogo só dele. Aguardo resposta.

Hynx

Sobre

Um rapaz gordo com cara de mendigo, que só quer saber de: jogar, salvar state, carregar state, irritar pessoas, escrever, e quem sabe até ganhar um beijo doce da Rainha do Rodeio.
  • http://www.youtube.com/thesalvegod Salvego

    Bela análise Hynx. Acabei de jogar o demo no PS3 e gostei bastante do que vi, já que era super fã do Strider do Megadrive. Quando tiver um tempo vou pegar no Steam. Valeu!

    • Kyo

      A versão do Steam vai depender muito das specs do seu PC.

  • eltonBorges

    Francamente, isso é ótimo! Não sei se o Capitão vai ter a mesma chance, já que eltas oue não deu as caras no último MvsC. Mas sei lá. eu quebrei a cara com os jogos de D&D reaparecendo, mas acredito que a série do capitão vai acabar como Power Stone e Rival Schools, e até Clock Tower.

  • Twero

    Posso dizer que, de longe, é o melhor jogo da Double Helix até agora? O jogo tá lindo em muitos aspectos! Vou ver se pego um tempo e baixo alguma demo da vida.

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