Qualé a desse tal de… Wolfenstein: The New Order

  24/06/2014 - 15:06   review, wolfenstein,  
 

Wolfenstein: The New Order é um jogo sobre possibilidades, um jogo sobre o “e se…?”. E se a Alemanha tivesse ganhado a Segunda Guerra? E se eu escolhesse salvar essa pessoa ao invés daquela e tivesse uma timeline diferente levemente alterada? E se eu invadisse esse lugar sorrateiramente pela ventilação ao invés de metralhar todo mundo pela porta da frente? E se Modern Warfare não tivesse feito tanto sucesso e os FPS de hoje não estivessem todos tentando emular Call of Duty?

The New Order não é exatamente um FPS “retrô”, ele tem vários elementos modernos como um botão só pra granada, um botão pra mira e um level design bem linear quando comparado ao jogo de 1993. A sua vida até se regenera… mas só quando está abaixo dos 20 porcento (ou pontos, sei lá), mas quando não está você a enche pegando itens pelo mapa, como nos tempos de outrora. E por mais linear que seja a progressão, o level design te dá possibilidades de escolher como você quer se aproximar dos inimigos, em que ordem e usando qual arma dentro das 8 que você pode carregar ao mesmo tempo; inclusive com uma em cada mão, porque o novo B.J. Blazkowicz é brucutu nesse nível. Sim, dá pra usar duas escopetas ao mesmo tempo.

E aqui ele precisa ser um fodalhão mesmo porque a missão dele é ganhar uma guerra que foi perdida há 15 anos atrás contra um inimigo que tem cachorros robôs gigantes e armas laser!

Felizmente ele não está sozinho nessa luta. Em 1960 ainda existe uma minúscula resistência escondida em Berlim formada por meia dúzia de personagens interessantes, cada um com suas cicatrizes e suas motivações para estar ali. Eles não lutam ao seu lado mas te passam instruções e te contam as suas histórias através de diálogos que os transformam na grande surpresa do novo Wolfenstein.

Sendo um FPS da id (que não é bem da id mas… detalhes), a última coisa que eu esperava era uma narrativa bem elaborada com uma história e personagens bem escritos.

Blazkowicz acorda de um coma depois de 15 e a única informação que o jogo te dá é de que a Alemanha venceu a guerra, porque é só disso que você precisa saber. Tudo mais que você quiser saber é contado através do cenário, dos personagens e de notas, cartazes e audiologs espalhados pelo mapa.

DO NADA, o jogo tem até cenas de sexo bem feitas, sem minigames, piadinhas ou uma glorificação excessiva. Só sexo, natural, como tem que ser.

No entanto, Wolfenstein mantém a tradição da série de exageros e galhofas com robôs gigantes, bases lunares nazistas e artefatos mágicos judeus. Isso dá ao jogo um clima de aventura meio Indiana Jones, meio James Bond, mas não tira o peso dos seus personagens e das partes mais sérias do jogo.

Nostalgicamente, The New Order tem várias referências ao primeiro jogo da série: rações de cachorro comestíveis, soldados de roupa azul carregando metralhadoras e primeira fase de Wolfenstein 3D jogável, mas no geral o jogo que ele mais me lembrou foi Half-Life 2. Esteticamente ele é um jogo bonito, mas não é muito criativo. A década de 60 com a Alemanha no poder não é muito diferente de qualquer distopia totalitária que já tenhamos visto em jogos como os da Valve. Construções enormes com linhas retas e limpas, ruas vazias e soldados desumanizados com características robóticas (inclusive os cachorros). Tudo muito bacana mas nada realmente memorável.

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Mas não é só na estética que ele lembra Half-Life 2. O seu level design é bastante variado com fases mais agitadas, mais calmas, mais lineares, mais abertas, uma “fase de água” e até chefes (que no geral são bem ruins). Wolfenstein sabe manter o ritmo pro jogador não cansar nem se entediar. Mas nem tudo é perfeito.

Wolfenstein: The New Order usa a mesma engine do ultimo jogo de RAGE, e assim sendo, tem aqueles mesmos problemas de textura e framerate. Falando do jogo mesmo, os designers às vezes parecem ter problemas pra misturar as modernidades do gênero com os padrões clássicos, e algumas partes parecem não ter sido projetadas pra um sistema de vida que não se regenera sozinho. Assim como os chefes que vão de “Caralho como eu mato essa porra?” até “Meu deus que coisa imbecil de fácil”, sendo este segundo o último do jogo.

Mas no geral, Wolfenstein: The New Order é um dos melhores FPS AAA dos últimos anos não só no seu gameplay como na sua narrativa também. Pra quem sente falta da época em que os FPS não eram todos uma linha reta e tentavam coisas diferentes, ele pode não ser perfeito, mas vai te animar e fazer pensar “e se…?”.

wolf

Wolfenstein: The New Order está disponível para PC, PS3, PS4, Xbox360 e Xbox One.

Tuba

Sobre

Arthur “Tuba” Zeferino é co-criador do site, programador e brother indie.
  • vvecchi

    A vida se regenera até algumas porcentagens estabelecidas notei 20,40,50,60, 80 e 100

  • Diretor Coulson, O Filho Legal

    E na questão de IA? Ouvi bastante reclamações quanto a esse fator.

    • HomemBarata

      Não vi nenhum problema com a IA… ou pelo menos nada q eu já não tenha visto em outros jogos. Também não fiquei me esforçando pra tentar quebrar ela.

  • hernando

    Boa análise. Eu não sou muito fã de FPS, mas curti bastante esse Wolfenstein justamente pela proposta de apresentar essa realidade alternativa. Gostei da atenção aos detalhes, como os recortes de jornal relatando o que aconteceu nos anos seguintes à guerra (como algumas notícias mostrando como os alemães lidaram com italianos e japoneses quando tudo acabou).

    Sobre o último chefe: joguei a campanha inteira na dificuldade normal e justamente nele eu tive de diminuir a dificuldade para poder completar o jogo(mas isso pode apenas ser eu sendo ruim mesmo, hahaha).

  • Dingo Egret

    Boa análise. Direto no ponto, sem enrolação ou tentando dar uma de engraçadinho.

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  • sur0x

    ainda bem que nao foi o hynx que fez o review.

    mais detalhes:
    https://www.youtube.com/watch?v=KUmC2s1A2dg

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