Bem-vindos de volta a esta humilde série de pequenas resenhas que tanto me motiva a não perder o pique e continuar jogando coisas novas o ano todo.
No mês de abril o desafio ficou mais intenso porque comecei em um novo emprego. Enquanto meu relógio biológico não se adaptava aos tormentos do horário comercial, preferi apelar focar em jogos mais curtos, além, é claro, de finalmente terminar Bloodborne – o que era essencial para retomar o controle da minha vida. Os jogo da Blendo em especial são uma dica bem inusitada e interessante pra quem tem pouco tempo disponível e muito interesse por experiências diferentes.
Vamos à lista!
Disponível para PC (Windows e Mac), Playstation 4 e Xbox One
Desenvolvido pela Upper One Games
Lançamento original: 2014
Never Alone (ou “Kisima Inŋitchuŋa”) nos apresenta a realidade da tribo Iñupiat, que vive há milênios na região do Alasca. O que ele usa de referência para construir seu tema pode ser desbloqueado e visto no próprio jogo, em uma série de vídeos que vão formando um documentário não apenas interessante, mas muito humano.
Esses vídeos não têm aquele aspecto de “trívia” ou mero “making of”. Eles nos apresentam com detalhes conceitos que, no jogo, são introduzidos sem qualquer contexto. O resultado é bem orgânico: o documentário ajuda na compreensão do jogo, que por sua vez nos faz interagir melhor com a realidade que passamos a conhecer assistindo os vídeos.
Sem sua porção documentário, Never Alone estaria fadado a ser nada além de um jogo de plataforma bem básico e pouco inspirado. Com ele, no entanto, se torna uma experiência bem bacana e um jeito de aprender sobre algo sem se vender como um “jogo educacional”.
Recomendado para: Quem gosta de documentários sobre povos e realidades diferentes.
Não recomendado para: Quem tá cagando pra todo esse lance da história da tribo e só procura um jogo mais bem acabado mesmo
Disponível para PC (Windows)
Desenvolvido pela Blendo Games
Lançamento original: 2008
Gravity Bone começa em uma festa ao ar livre rodeada de aviões que soltam fumaças coloridas. Sua missão? Se disfarçar de garçom e entregar uma bebida com um inseto dentro para um convidado de cabelo em vermelho. Foi só colocando em palavras que eu me dei conta de como essa situação esdrúxula tinha me cativado.
E é isso, basicamente. Um combo de situações aleatórias que ficam melhores ainda quando parados pra verbalizar. Na real, a quantidade de elementos dignos de nota num tempo tão curto de jogo – no máximo 20 minutos – é impressionante. Eu não faço ideia do que joguei, mas sei que gostei.
Gravity Bone pode ser baixado de graça no site da Blendo.
Recomendado para: Quem gosta daquela imagem do Robocob montado num unicórnio.
Não recomendado para: Porra, são só 15 minutinhos… Mesmo se não for pra você, não dá pra dizer que perdeu muita coisa tentando.
Disponível para PC (Windows e Mac)
Desenvolvido pela Blendo Games
Lançamento original: 2012
Eu poderia dedicar exatamente as mesmas palavras acima para Thirty Flights of Loving, adicionando que ele foi lançado quatro anos depois e consequentemente desenvolve ainda mais a experimentação de Gravity Bone. Diria também que a trilha sonora é ainda mais memorável.
Se você realmente ficou interessado no trabalho da Blendo, mais precisamente no histórico do seu fundador, Brendon Chung, com jogos em primeira pessoa, recomendo muito o vídeo a seguir, do Errant Signal. Ele explora bem como o trabalho do Chung evoluiu e boa parte do que esses jogos tentam expressar. Só recomendo jogar rapidinho ao menos esses dois jogos – rapidinho mesmo, porque são curtíssimos – pois obviamente tem spoilers.
Disponível para Playstation 4
Desenvolvido pela FromSoftware
Lançamento original: 2015
É difícil pensar no que dizer sobre Bloodborne que já não tenha sido dito a essa altura, especialmente quando passamos do ponto da empolgação inicial e já corremos o risco de esbarrar com aquele cinismo velado que indaga “será que é tudo isso mesmo?”.
Sim, Bloodborne é tudo isso mesmo. É até mais, mas só se você tiver disposição para entender o jogo. E não digo isso com aquele ar esnobe de “se não gostou é porque não entendeu”. O que estou tentando apontar é que Bloodborne demanda mais engajamento que o habitual – o que dá a ele o superficial rótulo de “desafiador” – mas te recompensa na mesma proporção do seu investimento.
É um jogo feito de inúmeras decisões importantes. Recuar um pouco e recuperar minha stamina, ou dar mais um golpe nesse combo e arriscar ficar exposto? Voltar em segurança pro Hunter’s Dream para gastar meus Blood Echoes, ou seguir em frente atrás da próxima lâmpada, podendo perder tudo que acumulei? Mas acredito que a mais importante decisão é essa de aceitar ou não os convites que o jogo faz, direta ou indiretamente, para que você mergulhe cada vez mais fundo nos seus elementos, desde as mecânicas principais até o sutil e instigante lore. Se estiver na dúvida, só posso reforçar que todo e qualquer aprofundamento em Yharnam realmente vale a pena.
Leia aqui a crítica escrita pelo Neozão.
Recomendado para: A raça humana num geral.
Não recomendado para: Hitler.
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Obrigado a todos que estão me acompanhando nessa jornada (menos o Sur0x) e até o próximo mês!