Qualé a desse tal de… Not A Hero

  10/08/2015 - 16:33   not a hero, Reviews, roll7,  
 

Not A Hero, assim como seu antecessor, Olliolli, é um jogo sobre apertar botões ativamente em curtos períodos de tempo, em que é fácil de se cansar e ter vontade de abrir de novo dez minutos depois, e que tem muito incentivo para jogarmos o melhor que pudermos. Diferente de Olliolli, porém, não é um jogo de skate, nem de plataforma, e nem é possível fazer manobras: é um jogo em que você atira em pessoas e essas pessoas são estereótipos humorísticos de diversas nacionalidades. Dá pra jogar com um monte desses estereótipos, também, então se você tiver alguma projeção interna contra determinado tipo de pessoa, sinta-se à vontade!

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Os personagens com quem você joga são mercenários contratados por um candidato político: Bunnylord. Cada fase envolve a execução de algum objetivo que possa ajudá-lo na campanha de uma maneira ou de outra: matando um rival, matando diversos bandidos pra melhorar a segurança da cidade, recuperando pôsteres da oposição, resgatando gatinhos, matando todo mundo rápido o bastante pra conseguir alcançar repórteres, coisas do tipo. Mas embora a maquiagem desses objetivos seja variada o bastante, elas sempre envolvem a mesma ação principal: atirar nos outros de maneira rápida e explorar as fases relativamente expansivas também de maneira rápida, calculando movimentos e pulos e as repetindo inúmeras vezes já que, especialmente nas fases finais, a coisa fica bastante difícil. As fases vão ficando mais longas, também, e se você morre não tem choro – tem que voltar do começo. Chega ao ponto de você ter que parar e analisar tudo, planejando cada passo e movimentos exatos pra conseguir cumprir o objetivo. O jogo vai cada vez mais deixando de ser uma campanha a favor dos nossos reflexos e virando algo mais estratégico, embora nunca deixe de exigir habilidade motora pra conseguir executar tudo o que você planejou.

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Aparentemente a Roll7 passou alguns anos trabalhando nessa engine, que chamam de “ISO-Slant”, e ela é o ponto principal do jogo: embora estejamos em um plano de duas dimensões, existem dois estados pra cada personagem – vulnerável e não vulnerável a tiros. É basicamente um cover-based shooter, como Gears of War ou Max Payne 3, mas com menos dimensões. Quando você entra no segundo plano, não pode mais ser atingido pelos projéteis – mas os inimigos também tem a mesma vantagem, e eles podem te chutar do seu ponto seguro e aí atirar em você de qualquer maneira. É basicamente uma fricção de quem consegue rolar até o outro primeiro pra torná-lo vulnerável, e quando tem cinco ou seis bonecos tentando fazer isso com você ao mesmo tempo e você consegue reagir de modo rápido e eficiente o bastante pra sobreviver, dá pra se sentir bastante bem, ainda que seja todo mundo um amontoado de pixels simples. A engine funciona muito bem: acho que nunca tive nenhum problema de esperar o jogo fazer algo em vão, e foi tudo muito responsivo, usando tanto um controle de Xbox 360 (instalado nativamente) quanto um DualShock 4 (através de programas de terceiros).

O jogo todo tem um ar levinho e de piada, embora seja tão montado pra ter o tipo de humor que agrada a internet que chega a incomodar. O Bunnylord é um personagem bastante exagerado, e aí o tempo todo tudo é “épico”, “awesome” e um monte de outros neologismos engraçadinhos. É tudo muito absurdo o tempo todo, e o texto é extremamente lento pra poderem usar os ruídos que gravaram pra representar as vozes e contribuir pra esse humor. As missões são intencionalmente contraditórias, tem aquele negócio meio Turma da Mônica Jovem de enfiar referências desnecessárias, esse tipo de coisa. Eu não gostei disso – não que eu esperasse algo sério desse jogo, de maneira nenhuma, mas foi um tipo de humor que não funcionou comigo e que eu já consigo ver em qualquer vídeo animado parodiando algo desde 2010. Vi alguns reviews no Steam de gente que odiou o jogo mas adorou as piadas, então o problema nesse caso sou só eu, mesmo.

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Embora o número de fases não seja especialmente grande, cada uma tem mais de um objetivo que é bom pra caso queiramos rejogar – e cada objetivo que cumprimos adiciona a um contador que libera novos personagens, então fica nesse ciclo de ir liberando-os e os testando em fases anteriores. Cada um é ligeiramente diferente do outro – por exemplo, um deles pode recarregar a arma sem parar de se mexer, enquanto outro tem muito mais munição no cartucho, mas sua arma tem um alcance muito menor etc. – e é legal ver como a estratégia muda completamente dependendo disso.

A tela de seleção de personagens também é muito boa. Diria que é minha parte favorita do jogo.

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E, pra ser bem sincero, não há muito o que falar sobre esse jogo: embora seu humor possa passar longe de alguns, o gameplay meio Hotline-Miami-assim-que-acorda é agradável o bastante pra segurar algumas jogadas, mas não rola um senso de obrigação pra prosseguir ou terminar em prol de recompensas. E era o mesmo caso com Olliolli, inclusive. Esse provavelmente é o charme da Roll7.

Not a Hero está disponível pra Windows. Esta análise foi feita a partir de uma cópia de review nos cedida pela Devolver Digital.

Sobre

Guilherme Alves “Neozao” é game designer não-praticante, gosta de chá e de comer sobremesa com a menor colher possível.

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