Quando Ronin foi anunciado, muitos (eu incluso) compararam ele com um outro jogo chamado Gunpoint (talvez você conheça). Olhando assim por cima, realmente os dois jogos se pareciam bastante – a visão de lado e os pulos em arco quebrando vidros, por exemplo. Tem umas coisas iguais, mas Ronin é menos pixel-art e mais um desenho animado sem contorno, meio Samurai Jack. Eu gosto, é bonito e bem diferente. Mas terminando a comparação, na época do anúncio, depois da galera dedurar geral, o criador de Gunpoint fez até um vídeo só pra mostrar como os dois jogos eram bem diferentes. O jogo dele era uma coisa bem tática, bem stealth. Já Ronin faz questão de te avisar sempre que se tem uma coisa que ele não é, é stealth:

Viu?

Por mais estranho que isso soe, Ronin é um jogo de ação por turnos. A ideia é que você é um ninja que não teve saco pra arrumar uma roupa de ninja, então se veste de motoqueiro mesmo, o que é prático, já que você sempre chega e sai de moto nos lugares. Logo, você tem reflexos de ninja e é bem rápido. Tão rápido que o único jeito do jogo te passar a sensação de velocidade é sendo por turnos mesmo, só assim pra você desviar certinho das balas.

As missões são todas baseadas em hackear alguns computadores espalhados pelo mapa e/ou matar um alvo específico. Tanto os computadores quanto o alvo sempre estão protegidos por um monte de guardas, e a parte que interessa do jogo está em traçar uma estratégia pra matar todos eles e desviar dos tiros, já que um tiro só já te mata. Normalmente a estratégia falha e você tem que se virar no improviso. Ronin te incentiva a ser rápido aumentando a sua barrinha de poderes sempre que você consegue fazer um combo, matando um guarda atrás do outro. Quando você consegue fazer tudo do jeito que você quer a sensação é muito boa, você se sente um ninja mesmo.

Em especial porque Ronin é bem difícil e ele não faz muita coisa pra te ajudar.

Você vai ganhando skills ao longo do jogo que te ajudam e deixam o jogo mais variado, mas o único jeito de ganhar essas skills é adquirindo pontos que você só consegue se matar todo os guardas da fase (tranquilo, é a coisa mais legal de fazer no jogo), não matar nenhum nenhum civil (ok, faz sentido) e não deixar ninguém disparar o alarmCALMAÍ! Ronin, você me disse 20 vezes que não era Stealth! Por que você faz isso, cara!? 🙁

E aí que Ronin acaba se contradizendo, porque em muitas situações a furtividade acaba te ajudando, e se um civil te ver a única coisa que você pode fazer pra ele não disparar o alarme é matá-lo, perdendo o seu ponto de skill de qualquer jeito. Como quase sempre tem civil, não é fácil ganhar skills novas.

Adoro como dá pra saber exatamente o que vai acontecer logo em seguida

Também é estranho que durante as batalhas, quando o jogo entra no modo por turnos (quando não tem ninguém te vendo você pode andar normalmente) você só possa se mover pulando pelas paredes de forma meio imprecisa. Demora um pouco pra pegar o jeito dos controles e em várias horas você poderia se safar facilmente dando um passinho só pro lado, mas é obrigado a pular e acaba morrendo de bobeira, o que é bem frustrante.

Acho que o desenvolvedor realmente queria que você se sentisse como um ninja de anime… tipo o Hiei, lembra do Hiei? Ele só pulava o tempo todo e você só via uns vultos. Acho que é aquilo que os guardas do jogo enxergam.

Quase isso

Às vezes você morre em Ronin porque dá uma bobeira, mas continua jogando porque você tava indo bem e aquilo não te incomoda tanto. Ronin é assim, ele dá umas bobeiras aqui e ali também, mas num geral é um bom jogo, principalmente pra quem quer se sentir como o Hiei*.

Ronin está disponível pra Windows pelo Steam por R$25,99. Esta análise foi feita a partir de uma cópia de review nos cedida pela Devolver Digital.

*Dizem rumores que tem um cara aqui no site que queria.