Retrospectiva Metal Gear: Peace Walker (2010) e Ground Zeroes (2014)

Parte 5: Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (2008)

Antes de falarmos de Peace Walker, é necessário mencionar de leve Portable Ops, a primeira tentativa da série principal no PSP. Seu lugar no cânone de Metal Gear ainda é questionado, principalmente porque o próprio Kojimáximo deu e dá umas declarações ambíguas sobre ele de tempos em tempos. Boatos dizem que Phantom Pain vai recontar alguns de seus eventos, outros acreditam que o último jogo da série reutilizará algumas mecânicas e temas. O que você precisa saber é que em algum momento o Big Boss brigou com o Major Zero porque ele tava sendo meio cuzão e não tava seguindo o que ele acreditava ser o verdadeiro desejo da Boss; daí ele foi preso e conheceu o Campbell, aqueeeeele camarada do Metal Gear 2 e do Solid 1 e fundaram a unidade FOXHOUND. Então em algum momento o Ocelot trouxe a metade da Philosopher’s Legacy pros Patriots.

Ok? Ok. Na pior das hipóteses pode assistir a animação da Hi I’m Daisy que é capaz de ser melhor que o próprio jogo.

Vamos então à estrela do show nos portáteis.

METAL GEAR SOLID: PEACE WALKER (2010)

Plataforma original: PSP

Onde pode ser jogado hoje em dia: PSP, Playstation 3, Xbox 360 (Metal Gear Solid HD Collection)

Peace Walker foi anunciado junto com Metal Gear Solid: Rising, e por um tempo durante o desenvolvimento chegou a ser chamado de Metal Gear Solid 5. O fato de ser para o PSP – supostamente para agradar ao filho aborrecente e fã de Monster Hunter – trouxe muitas mudanças e adaptações para as mecânicas da série. Não era mais possível rastejar pelo cenário, a faca usada no CQC e interrogatórios foi trocada por um taser que apenas desmaiava os inimigos e não há qualquer sangue no jogo. Isso tornou possível que, pela primeira vez desde que as classificações de idade para jogos foi estabelecida, Metal Gear fosse um jogo para Teens ao invés de Mature Audiences.

Além disso, o jogo em si tem uma pegada mais apropriada para portáteis, se desenrolando em missões curtas e contendo partes importantes da história em fitas cassete que podem ser ouvidas no momento que o jogador achar mais oportuno – uma tendência que se repete nos jogos seguintes. Há também a mecânica da Mother Base e recrutamento de soldados, que começou tímida em Portable Ops, mas renasceu digna e verdadeiramente divertida, aqui.

Depois da treta com o Zero por conta do projeto Les Infants Terribles (que a essa altura você já sabe do que se trata), Snake passou a perambular pelo mundo, de zona de guerra em zona de guerra, como mercenário. Em 1974, em conjunto com um soldado que ele havia encontrado algum tempo antes chamado Kazuhira Miller, Snake comandava um pequeno grupo de mercenários chamado Militaires Sans Frontieres, Soldados Sem Fronteiras, na Colômbia. Uma noite, Snake e Miller são visitados por um professor da Universidade da Paz da Costa Rica e sua aluna, Paz. Er. Sim. Paz. Acontece que a Costa Rica não possui um exército próprio e um grupo militar havia se instalado no país e causado diversos incidentes, como por exemplo ter atacado a estudante e uma de suas amigas, entre outras tretas. Eles queriam, portanto, contratar Snake e seus mercenários pra dar um jeito nesse grupo militar e libertar a Costa Rica.

Mas nosso herói que não é bobo nem nada se ligou que o professor era na real um agente da KGB, Vladimir Zadornov, e deduziu magistralmente que o grupo armado era da CIA e se recusou a entrar em conflito com o país de origem porque, veja bem, ele não é bobo nem nada. Mas aí Paz, que escapou de uma das prisões do grupo, portava uma fita cassete contendo a voz da… Boss?! Mas ela estava morta, era impossível estar na Costa Rica! Snake não podia deixar essa passar e, emendando uma desculpa esfarrapada de que faria aquilo pela jovem Paz, aceita a missão e parte ao encontro de um grupo de Sandinistas que se opunham ao governo do país, pró-CIA. Snake salva o grupo de um ataque e os convida para a Mother Base, sua base militar no mar, fornecida pela KGB como pagamento. Chico e Amanda, filhos do comandante morto dos Sandinistas, passam a idolatrar e admirar Snake, comparando-o a “El Che” e ajudando na rápida expansão dos Militaires Sans Frontieres.

Continuando sua investigação sobre o que a CIA queria na Costa Rica, Snake encontra Huey Emmerich, um cientista paraplégico forçado a trabalhar para os americanos. Ele revela o verdadeiro plano de seus captores: um sistema de inteligência artificial capaz de detectar um lançamento de míssil nuclear de qualquer ponto do mundo e imediatamente retaliar nos alvos apropriados, pois o ser humano seria incapaz de contra-atacar com frieza, sabendo que matariam outros humanos no processo. E o diretor da CIA, Hot Coldman (que nome!) decidira que em 5 dias fariam uma demonstração da capacidade dessa IA, lançando uma ogiva! Aí fodeu, bicho.

Se infiltrando no laboratório para tentar evitar a catástrofe, Snake descobre que essa IA é baseada na Boss e que ela é a responsável pela voz na gravação da Paz. Criada pela Dra. Strangelove, uma mulher obcecada pela Mãe das Forças Especiais, a IA pretendia reviver de forma perfeita sua mente e intelecto. Diante da possibilidade, Snake hesita e o tanque quadrúpede Peace Walker é terminado e equipado com a ogiva nuclear e a Inteligência Artificial.

Snake tenta destruir Peace Walker em vão, que se prepara para lançar o ataque nuclear. Mas… a Inteligência Artificial, reproduzindo o raciocínio da Boss, decide afundar a arma num lago e evitar um holocausto nuclear, como a original havia feito anos antes. Snake sente-se abandonado pela mentora, que dessa vez foi contra aquele juramento que haviam feito de “viver para sempre como guerreiros” e abandona sua bandana e adota de vez o título de Big Boss.

Fim. Mais ou menos. O jogo continua, assim como a expansão da Mother Base e, com a ajuda dos Drs. Huey e Strangelove, cria-se o Metal Gear ZEKE, um tanque bípede equipado com uma arma nuclear, tornando a MSF uma verdadeira potência militar – que acaba sendo roubado por…. Paz!!! Revelando ser na verdade um membro de uma agência chamada Cipher, Pacifica Ocean (…… sério) orquestrou toda a história da estudante que queria libertar a Costa Rica e os rolês de virar amiguinha do Chico, da Mother Base e etc. Seu objetivo era usar o Metal Gear para forçar Big Boss e seus mercenários a se tornar o braço militar de Cipher. Com uns tiros de bazuca muito bem dados, Big Boss derrotou o robô e Paz caiu no mar do Caribe, dada como morta.

E isso é Metal Gear Solid: Peace Walker, um jogo leve e divertido que trata da camaradagem entre iguais diante das dificuldades, sobre empreendedorismo (?!), sobre deixar o passado para trás e viver sem amarras e, principalmente, sobre a paz, o que ela custa para ser obtida e quão difícil é sua manutenção.

Um diário gravado em fitas cassete por ela foi encontrado na base, semanas mais tarde, revelando uma jovem fodidaça da cabeça, sem saber se devia ser leal a Cipher ou continuar com a MSF. O que nos leva a….

METAL GEAR SOLID V: GROUND ZEROES (2014)

Plataforma original: Todas as plataformas atuais e passadas exceto as da Nintendo (risos)

Onde pode ser jogado hoje em dia: Todas as plataformas atuais e passadas exceto as da Nintendo (perdão, não consigo parar)

Ground Zeroes causou um pouco de comoção por ser um jogo curto. Ele é, essencialmente, como o Tanker Chapter de MGS2, porém lançado antes e como produto separado pra saciar os fãs desesperados e levantar uma grana porque MGS é meio caro de produzir. Aparentemente ainda tem uma galera que joga em locadora, entretanto, e mede tempo de jogo pelo dinheiro investido e não ficou muito feliz.

As Nações Unidas contactaram a Mother Base para fazer uma inspeção em busca de materiais e/ou armas nucleares, provavelmente porque a Paz revelou a existência do Metal Gear para Cipher. Desnecessário dizer que seria muito ruim pra MSF ser alvo de críticas e ameaças do resto do mundo por possuir uma arma como essa, então Big Boss ficou meio cabreiro. Huey, agindo por conta própria, deu o OK para a inspeção, concluindo que desde que o Metal Gear e suas armas estivessem escondidos no fundo do mar, não haveria riscos e o exército mercenário demonstraria para o mundo que são maneiraços.

Enquanto isso, Amanda estava em Cuba lutando ao lado dos Sandinistas e descobriu que Paz sobreviveu à luta contra Big Boss e à queda no mar e que agora era prisioneira de Cipher em uma base secreta e ilegal na costa cubana, sob suspeita de ter traído a organização. Chico, bobalhão apaixonado que era pela menina, tentou resgatá-la por conta própria e acabou preso também.

Com receio de que ambos pudessem acabar falando demais e desconfiando da verdadeira identidade de Cipher, Big Boss decide partir para a base e resgatá-los, na mesma noite da inspeção das Nações Unidas na Mother Base.

Esse jogo em específico nós não vamos contar como acaba, pois ele é pesadamente ligado com o começo de Phantom Pain que sai amanhã (!!!!!) e talvez você ainda não tenha jogado. Apesar de curto, Ground Zeroes é sublime. Sério, trata de temas como tortura, bases secretas e ilegais como Guantánamo, estupro, soldados infantis, entre outros temas muito mais sinistros do que a série costuma lidar, de uma forma muito mais sinistra. Vale a pena fazer uma força pra jogar antes do último jogo sair, até porque aqui temos sistemas que serão reutilizados no próximo jogo, bem como as fitas cassete que se tornaram parte tão importante da série, agora.

Esperamos que tenham gostado do nosso especial. Deu um trabalho da porra e foi meio tenso porque decidimos fazê-lo em cima da hora pra caralho, mas nunca é demais falar sobre algo que amamos para pessoas que amamos (vocês, no caso). Existem muitos outros jogos na série, como os excelentes spinoffs METAL GEAR AC!D para PSP e METAL GEAR SOLID: GHOST BABEL para Gameboy Color (finalmente um da Nintendo!), então se você se sentiu impelido a abraçar a série como nós, faça! Nos vemos de novo no fim dessa jornada, quando rolarem os créditos de Phantom Pain e o mundo se der conta do gênio de Hideo Kojima uma vez mais.

Falta pouco, agora.

V has come to.

GAMESFODA

Sobre

Dono dessa merda e entidade transcendental de GAMESFODICE. Eventualmente assume forma humana como um programador barbudo ou um negão de dreads.
  • Tiago Miguel

    Muito bom o trabalho de vocês. Agora meu corpo está totalmente pronto para receber MGS V.

  • http://www.zelda.com.br/ Twero

    Sobre o Peace Walker:
    Hoje eu o vejo como a continuação digna do 3, coisa que o 4 não conseguiu fazer em relação ao 2.
    Tudo em termo de enredo e desenvolvimento de personagem que você aprendeu a gostar e amar parece que o Peace Walker joga tudo isso pra cima e você fica tão desnorteado como eles conseguem mexer no “intocável” como a visão do Big Boss em relação a sua mentora.
    Até o momento presente, ele é o meu Metal Gear mais divertido. O número de missões pode parecer assustar, especialmente as de dificuldade 4 para 5. Mas da feita que vamos desenvolvimento a Mother Base (e que sistema gostoso, diga-se de passagem) você fica mais forte, ganha armas melhores e começa a ganhar. De repente você tá tão fodão, não só em equipamento, mas manjando de forma incrível os controles, de uma simplicidade foda (melhor CQC da série, sério). Tem tons sérios, tem variedade, tem humor (nunca vou esquecer a fita em que o Big Boss diz que acredita em Papai Noel… se bem que a possibilidade dele existir, num mundo com o de Metal Gear, começa a não ser tão remota)…. tem tudo!

    Agora, sobre o Ground Zeroes:
    Eu admito, eu fiquei de birra quando o jogo saiu. Nem foi pela sua duração, ou por ele funcionar como um prólogo pro que via sair amanhã, mas porque muita coisa que eu gostava muito na série era jogada pro alto.
    Big Boss não aceitado de peito aberto seu título depois do final do Peace Walker? Por que ainda o chamam de Snake? Voltou atrás? Por quê? Não entendia a staff, quem era o compositor do jogo (visto que tinha um “composed by” e um “music by” aí me fudi de vez). Tem o fato de terem cortado o Kaz da capa ocidental porque “o povo ocidental mal jogou o Peace Walker e pode afugentar a clientela”, inclusive, ahco que esse emdo do jogo soar tão estranho que os caras insistem em chamar o Big Boss de Snake, mesmo quando ele mesmo não faz uso do nome, O sistema de marcação eu achava, na época, apelativo demais e sem noção. O sistema de reflexo era uma facilidade grande demais e o fato do Big Boss se recuperar como é na maioria dos jogos de tiro me deixou meio receoso.

    ENFIM, era tudo mimo de fanboy chato, isso eu admito. Porque na metade desse mês eu peguei a versão do PS3 (eu já tinha a versão da Steam, mas jogando tudo no low e ainda engasgando!) e zerei o jogo, fazendo todas as missões, com todas as suas variedades.
    É um jogo realmente firme. Mesmo a área do Campo ômega ser diminuto em comparação ao que o Phantom Pain promete, ela é muito detalhada. A rotina dos soldados, a construção da área em si, o sistema de marcação ajuda de fato, e é MUITO gostoso de controlar o Snake. Me arrependi da birra que fiz quando o jogo saiu e me diverti bastante, apesar das limitações.

    A minha única reclamação pertinente, é a quantidade de vezes que o Kaz fica falando no codec. Em comparação às chamadas no Peace Walker, é uma quantidade exagerada. Você mal pode fazer coisa que o Kaz pega na sua mão e fica te falando o que fazer. Se eu pudesse, eu desligava o codec e ficava só eu, sozinho, tentando descobrir o que fazer na missão. Se eu tivesse dúvidas, eu apertava o botão de chamar o codec.

    Enfim, MUITO obrigado por essa retrospectiva! Eu sonhava com um projeto colaborativo do Guerra com o Neozão só sobre o Metal Gear Soldi 2…mas fomos presentados com os dois, falando a maneira de cada um, nos falando de TODA A SÉRIE. Foi uma semana e tanto e que venha o Phantom Pain!

  • Igor A. Oliveira

    Olha, eu ia usar um monte de palavrão pra dizer o quanto eu gostei dessa retrospectiva, mas ia soar muito cliché, então prefiro dizer MUITOS PARABÉNS! Vocês são demais!

    (mas na moral, esses textos foram do caralho)

  • Ultra ONANAnista

    XOW!

  • Luciano Telles

    Caralho, nem imaginava que o Games Foda é foda mesmo. Comprei na pré venda e aguardando a chegada do game, aí hoje pesquisei tanto sobre o lançamento do MGS V PP, que o Google Now me indicou esse site. Cara, foi o melhor resumo do Peace Walker. Poderia sim falar do Ground Zeroes, afinal, muita gente não jogou. Eu fiz birra também com o sistema de marcação dos soldados pelo binóculo, mas, descobri que pode ser desativado, e isso o fiz. Aí o Ground Zeroes virou vício de vez. O sistema de reflexo, entendo ele não como recurso, mas sim como Kojima filósofou em cima dele. Ele mostra a qualidade única de Big Boss ser tão rápido e preciso (como Boss fazia com os reflexos dela) contra os soldados inimigos,ou seja, mostra o quanto ele é diferenciado em um campo de batalha e considerado o maior soldado de todos os tempos. Parabéns pelo site e ótimo resumo… Se der pra fazer um resumo de todos MGS, em ordem cronológica, vai ficar show.

    • http://www.gamesfoda.net/ GAMESFODA

      A ordem cronologica é MGS3 -> MGS:PW -> MGSV:Ground Zeroes -> Phantom Pain -> Metal Gear (MSX) -> Metal Gear 2 (MSX) -> MGS -> MGS2 -> MGS4

      No podcast a gente falou deles nessa ordem: http://www.gamesfoda.net/2015/08/gamesfoda-live-62/

    • Neozao

      Mas nós fizemos esse resumo, olha o site! E obrigado pelos elogios. 😀
      Também sinto isso no Ground Zeroes, obviamente são concessões de gameplay feitas para tornar tudo jogável tendo um mundo em que tem todos os guardas à sua volta, mas funcionam também tematicamente – também sendo o momento em que Big Boss se torna mais Senhor de Guerra e logo é quando o tiroteio se torna mais agradável de se controlar.

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