Qualé a desse tal de… XCOM 2

  18/03/2016 - 15:23   Firaxis, XCOM 2,  
 

Muitos sabem que eu não fui muito fã do primeiro XCOM moderno da Firaxis, lançado em 2012, e você pode ver diversas das minhas reclamações na minha análise do reboot. Quando algumas pessoas perguntavam pra mim o porquê, praticamente todas as minhas explicações soavam meio idiotas e voluntariosas. Pois eram todas pequenas coisas aqui e ali que não me agradavam e acabaram ferindo a qualidade geral do jogo aos meus olhos. Parecia até meio esnobe.

Mas aqui estamos com XCOM 2 que praticamente atende a quase todas essas minhas antigas picuinhas de uma forma muito objetiva, o que demonstra (creio eu) que a empresa sabia dessas pequenas rebarbas que precisavam ser aparadas no futuro.

Basicamente a maioria das fórmulas e ideias do jogo anterior está aqui ainda. A forma como o seu pelotão evolui, as escolhas de habilidades, o modo como você anda pelo mapa durante batalhas, o conceito de duas ações por turno (com todas as regras de antes – por exemplo, se você atira acaba o turno), enfim, o principal do jogo está praticamente inalterado. As mudanças são sutis, mas influem muito no resultado geral do jogo.

A primeira mudança notável é uma reflexão da história do jogo, que se passa vinte anos após os últimos eventos. Antigamente você corria atrás dos alienígenas e surrava os mesmos na bala, mas atualmente eles dominaram o mundo e agora seu esquadrão está correndo por fora, como uma guerrilha para retomar o poder. Portanto, agora seu exército começa a maioria das missões oculto, e pode permanecer assim até o primeiro ataque (se não for descoberto antes), dando opção de criar um primeiro impacto mais forte nas forças inimigas.

Entretanto, quem jogou o último XCOM sabe que jogar de maneira compassada e na retaguarda facilita muito as coisas, e com essa opção de se esgueirar pelas linhas inimigas as coisas as coisas ficam meio desbalanceadas. Para equilibrar, a segunda mudança mais radical é que a maioria das missões corre dentro de um limite de turnos para se completar um dos objetivos. Ou seja, não dá pra ficar muito receoso e rastejando pelo mapa. Isso dá uma dinamicidade e velocidade muito interessante nesse esquema de infiltração.

Os inimigos agora estão em maior diversidade, e muito bem distintos um dos outros. Enquanto no primeiro jogo alguns tipos pareciam muito derivativos de outros, ou fora de lugar no panteão geral, aqui o design foi muito aprimorado. Cada tipo de inimigo se distingue muito dos outros, dependendo do tipo de ação comumente esperada de cada um. Dificilmente após enfrentar um inimigo você se esquecerá do que ele faz ou de como ele ataca baseado simplesmente na sua diferença do resto.

A apresentação dos inimigos é cadenciada e progressiva, mostrando os tipos de inimigos aos poucos, mas aqui não se difere muito do primeiro jogo, que já fazia isso. Simplesmente com o segundo jogo possuindo um número maior de inimigos, com habilidades bem diferentes entre si, isso se torna mais evidente. É interessante notar também como a introdução de monstros mais apelões ocorre junto com a evolução do seu equipamento ou capacidades dentro do campo de batalha, tornando as coisas menos frustrantes.

Do lado dos seus bonecos a principal mudança está na criação de um novo tipo de infantaria, que pode usar poder psíquico como alguns dos alienígenas. Embora a classe seja apresentada quase na metade do jogo ela também possui seus devidos balanceamentos para ser bem posicionada dentro da progressão do jogo (você pode treina-los fora das batalhas como se fosse uma melhoria ou tecnologia, e podem ter mais que uma habilidade do mesmo patamar). Outra mudança um pouco menor, mas interessante, do seu lado é que a classe de Suporte meio que se uniu a classe de Mecha, criando um soldado que controla um robô para fazer diversas ações como Hackear sistemas inimigos, curar ou dar proteção aos companheiros.

No mapa geral as coisas ficaram mais estratégicas, permitindo uma maior previsibilidade dos eventos aleatórios que vão acontecer no futuro, dando uma maior chance de você se preparar para os mesmos. Aquela longa pausa no fim do jogo entre a revelação do enredo e a missão final, por necessidade de buscar suprimentos e completar tecnologias, também foi removida de uma forma interessante, fazendo com que o ápice da narrativa não se perca com as mecânicas.

Fora isso eles abriram o jogo para ser modificado pela comunidade diretamente no Steam (agora que ele é exclusivo para PC isso é possível), algo que vinha sendo pedido há muito tempo e com certeza vai dar uma longevidade maior para o título. Enfim, praticamente tudo que existe nesse jogo é uma melhoria direta do primeiro título criando algo muito mais agradável e conciso que seu predecessor.

Talvez minha única reclamação seja a dificuldade do jogo, que se elevou muito em comparação com o primeiro se somarmos todas as mudanças aqui presentes. Existe uma opção de dificuldade mais baixa para contornar esse problema, mas vejo isso funcionando apenas para quem está voltando para a franquia depois de um tempo enferrujado. Creio que pessoas mais novas nesse tipo de jogo enfrentarão dificuldades mesmo jogando no nível mais baixo.

Mas até mesmo nesse ponto, XCOM 2 é um jogo recompensador o suficiente, que te dá ferramentas e a chance de melhorar enquanto joga, fazendo com que a frustração das derrotas seja minúscula em comparação com a satisfação em se superar e ver seus soldados crescendo e ficando bem sucedidos. Portanto creio que ele consiga agradar tanto os fãs do jogo anterior quanto pessoas que desejam começar nesse estilo de jogo.

Finalmente para quem é mais fã (muito mais do que eu, que tive que procurar na internet para ver se não estava viajando), vale notar que o final do jogo ainda dá uma dica clara que a Firaxis não pretende parar por aqui nesse seu revival da antiga franquia. Mas, ao mesmo tempo, a impressão que eles passam é que eles ficaram felizes o suficiente com essa continuação para seguir adiante com alguns planos que já deveriam ter a algum tempo.

Hynx

Sobre

Um rapaz gordo com cara de mendigo, que só quer saber de: jogar, salvar state, carregar state, irritar pessoas, escrever, e quem sabe até ganhar um beijo doce da Rainha do Rodeio.
  • farias

    Não tem como não adorar um review que faz comentários tão pertinentes sobre o jogo ao mesmo tempo em que usa palavras como “apelão”. Soa como uma conversa de bar com um amigo que entende pra caralho de games, contando o que ele gostou e não gostou no jogo. Continuem assim, por favor!

  • Darlan Bortolotto

    No primeiro jogo era simplesmente quebrado com todas as dificuldades no máximo, um jogador hardcore como eu se sente destruído no momento que joga esse jogo.

  • Eduardo Machado

    Baita análise, fiquei na vontade de jogar aqui (e talvez agora faça a última missão que tá com save postergada há mais de um ano). Meu maior problema com xcom anterior é a maneira como os inimigos ficam dispostos, “só se revelando”, quando entramos no “alcance da visão”, fora algumas missões que envolviam resgates e que tínhamos que salvar os humanos correndo contra o tempo. Se resolveram isso, deve ter deixado a experiência muito mais dinâmica.

  • alvaro

    ótima analise

  • Yasser Hanzi

    Deveria ser o Goty do milenio

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