Qualé a desse tal de… The Division

  14/04/2016 - 15:50   the division, Ubisoft,  
 

Se eu começasse dizendo que é impossível falar de The Division sem falar de Destiny, ou correlacionar os dois fortemente em minha análise, estaria sendo injusto demais. Não foi um que copiou o outro, nenhum deles criou a fórmula de jogo de tiro misturado com RPG que já vinha sido replicada no computador por infinitos outros jogos gratuitos no PC.

Esse é um ponto bom de começar, pois se não existe nada de novo em The Division, o que tem então? Essa era uma das minhas principais reclamações ao ver o jogo nas demonstrações durante as conferências que antecipavam o lançamento como sendo algo revolucionário: eu simplesmente não conseguia ver nada de novo ali. Para mim era o que já se tinha visto repetidas vezes durante anos em outro cenário, e mesmo assim demasiadamente gasto (Nova Iorque destruída) pela nossa ou outras mídias. Felizmente eu não costumo me basear apenas no que eu vejo e decidi jogar o título, pois o que ele tem pra mostrar me surpreendeu de uma forma muito boa.

Vou deixar claro: ele ainda tem muita coisa desnecessária, que se faz parecer necessária pelas demandas de um público que só conhece o que está dentro de seu escopo. Coisas como missões extras que se repetem ao extremo, e quase trezentos colecionáveis que você tem que caçar desnecessariamente por um mapa já abarrotado de coisas para descobrir mais sobre a história. Não gostaria de endossar isso dizendo que é algo “esperado”, mas eu entendo o porquê deles colocaram isso ali, já que o público alvo do jogo iria perder a cabeça se chegassem ao chamado End Game com menos de vinte horas jogadas.

Mas fora esses acidentes de percurso, inevitáveis para um jogo desse tipo na nossa atual situação, creio que o jogo agrega diversas ideias interessantes para o gênero. A primeira e mais notável delas é que após as três missões introdutórias você é livre pra fazer o que quiser. As missões de história, embora tenham certo nível recomendado, não precisam ser feitas em nenhuma ordem específica. Você pode subir de nível fazendo missões secundárias e encontros no mapa, e finalizá-las em qualquer ordem.

Embora esse design ainda possa ser melhorado (imagine poder fazer qualquer missão em qualquer ordem, escalando de acordo com o número de missões terminadas, por exemplo) o apresentado já é um avanço e dá uma ideia de não obrigatoriedade na história, que, vamos ser sinceros, não é o ponto principal desse tipo de jogo. De qualquer modo, as missões principais também são muito interessantes, sempre com alguma situação memorável ou passagem mais marcante, que as diferencia do fluxo repetitivo das missões normais, recompensando o jogador não apenas com itens melhores, mas com uma experiência um pouco mais complexa.

Outro ponto de design interessante é a Dark Zone, a área do mapa onde as interações jogador versus jogador acontecem. Ela é uma área do mapa fechada no centro de Manhattan que possui equipamentos da melhor qualidade que existe no jogo, só que quando você adquire tais equipamentos precisa extrai-los de lá sem morrer. Matar outro jogador não é exatamente livre, se você o fizer fica marcado atraindo outros jogadores neutros e ou no mesmo barco que você para te caçar à vontade.

Isso cria diversos tipos de estratégias em equipe nesse mapa, e de certa forma passa o cenário de desconfiança e incerteza que casam excepcionalmente bem com a premissa de uma área completamente tomada por agentes convertidos, gangues e aquela porra toda que a gente conhece bem dos filmes pós-apocalípticos.

Falando em pós-apocalíptico, devo notar que mesmo a história do jogo não sendo nada merecedora de um prêmio, a ambientação é sensacional. A premissa é que um vírus foi espalhado em Manhattan durante a Black Friday, e o governo sitiou a cidade depois de não conseguir controlar a doença, para evitar que ela se espalhasse mais. Então embora não seja um apocalipse real, pois o resto do mundo ainda está normal, ali naquela área a situação é digna de um fim do mundo.

Ao redor disso conseguiram criar personagens, inimigos e um pano de fundo que sustentam muito bem essa ideia. Você, chegando de fora e adentrando ali como um agente, acaba sentindo que para todo mundo que está lá dentro o mundo realmente acabou. Ninguém se importa mais com regras, e para alguns grupos a melhor ideia é até mesmo matar todo mundo ali dentro pra não foder com o mundo todo.

O cenário todo ficou parado naquela época pré-natal, com as luzes ainda penduradas nos prédios e nas arvores e todas as alegorias festivas, em contraste com todo o lixo, escombros, pessoas mortas e veículos parados no meio da rua. O nível de detalhe empregado nessa ambientação é tão sensacional que eu me pergunto por que a Ubisoft ainda insiste em vender gráficos de última geração que normalmente são diminuídos na versão final, quando tem algo tão precioso quanto isso em suas mãos.

Então, embora a narrativa em si não seja lá essas coisas, tudo que a cerca é interessante o suficiente para manter o jogador interessado em descobrir e desvendar aqueles arredores. A busca por itens e todas aquelas coisas chatas que eu disse no começo ficam menos tediosas com todo esse empenho e detalhes no cenário que te cerca.

Para finalizar, é um pouco difícil analisar completamente um jogo desse tipo, pois dizer o quão bom ele é significa dizer o quão bom é seu End Game, aquela parte do jogo onde você já fechou a história e busca mais conteúdo para fazer com o seu personagem. Acredito ser esse o grande foco, e onde jogos desse tipo realmente tendem a brilhar, mas com apenas um mês desde seu lançamento as coisas ainda não estão grandes nesse sentido. Recentemente a Ubisoft prometeu diversas expansões e atualizações gratuitas que trarão mais conteúdo para essa área do jogo, mas o quão bom esse conteúdo é, e quanta longevidade ele trará para os jogadores ainda permanece em aberto.

No fim das contas The Division saiu-se como uma bela surpresa, não trazendo nada de muito novo ou quebrando tantas paredes, mas se destacando por algumas escolhas e detalhes. Por hora ele é um bom jogo com alguns pontos bacanas e uma atmosfera sensacional. Espero que eles façam jus a esse belo/horrendo cenário que criaram e continuem a polir e dar o suporte necessário para que um jogo desse tipo seja realmente incrível algum dia, em retrospecto.

The Division está disponível para PlayStation 4, Xbox One e Windows! Esta análise foi feita a partir de uma cópia de review da versão PS4, nos cedida pela Ubisoft. No momento da escrita desse artigo a expansão mais recente com o modo de Incursões ainda não estava disponível.

Hynx

Sobre

Um rapaz gordo com cara de mendigo, que só quer saber de: jogar, salvar state, carregar state, irritar pessoas, escrever, e quem sabe até ganhar um beijo doce da Rainha do Rodeio.

Visit the best review site wbetting.co.uk for William Hill site.