ARTESFODA BR #14 – Midio, o Arquiteto dos Pixels

  14/06/2012 - 16:46   ARTESFODABR,  
 

Sabemos que, muitas vezes, estamos em uma realidade muito sistemática. Isso pode dificultar nosso pensamento mais criativo, seja qual for a situação. Nesse mundo onde a informação corre de um lado ao outro do mundo em milisegundos e tudo evolui muito rápido, precisamos estar sempre a postos para qualquer dificuldade, já tendo tudo preparado na cabeça ou pelo menos prevendo o que pode vir a acontecer, e há muita resistência a novas ideias.

Porém, nem sempre a melhor saída é racionalizar tudo; às vezes precisamos nos livrar de amarras para poder achar a solução. E isso pode ser bem complicado.

E, falando em achar saídas, o ARTESFODA da semana (depois de uma looooooooooooooooonga E3…) traz aos holofotes uma pessoa que conseguiu combinar o sistemático com o criativo: Midio!

Ratinho!♥

Lucas Carvalho tem 25 anos, mora em Campinas/SP e trabalha como artista 2D na Tectoy Studios. É formado em Arquitetura e Urbanismo e é colaborador do Miniboss (mais um, é uma máfia!). Seu apelido vem de um dos seus sobrenomes, Emidio, para se diferenciar daquele monte de Lucas que faziam fileira na lista de chamada, mas com o tempo o E caiu e ficou só Midio. Peraí, o nome completo então é Lucas Emidio Carvalho? Lucas Carvalho Emidio? ~Enigma~.

Desenhar para ele sempre foi algo natural, tendo incentivo do pai, que foi artista plástico na juventude. Aprendeu com ele o processo de revelação de fotos no fundo do quintal e também a diferença entre tintas, entre outras coisas. Sua primeira experiência com pixelart foi na adolescência, mas com o uso da expressão “desastre”, pelo jeito não foi muito satisfatório; porém voltou a mexer com isso por causa do trabalho.

Não que ele não tenha entrado cos dois pé no peito no pixelart, no fim das contas

Suas maiores inspirações são Egon Schiele, Hayao Miyazaki (Ghibli), Tom O’Loughlin (background artist de Pantera-cor-de-rosa e outros), Keita Takahashi (Katamari Damacy), Mattias Adolfsson, e, por ser arquiteto, a cidade é sua maior referência (poético isso).

Começou com os guêimes na infância, com o Turbogame e depois com um 386 (só as feras). Desde então não parou mais, tanto por ser divertido como por ser uma boa razão pra trazer os coleguinhas pra casa e infernizar a mãe. Em questão de gênero, a variedade é grande, pois prefere não se prender a um só. Entre seus jogos preferidos estão Banjo Kazooie, Mario Galaxy, SimCity, Cave Story, Portal, Mirror’s Edge, Dead Space, Donkey Kong Country 2, Okami, Beautiful Katamari, No More Heroes, Mario&Luigi Superstar Saga, Tyrian, Metroid Prime, Cave Story e The Legend of Zelda: Wind Waker, mas também Ocarina of Time, A Link to the Past, Twilight Princess e Skyward Sword (era mais fácil dizer os que não estavam inclusos na lista).

Apesar de saber que o trabalho de um arquiteto não é exatamente o que está representado nos jogos, acaba vendo a relação entre os cenários dos jogos que cria e joga com a cidade, que é sua maior influência. Um dos pontos altos de sua infância foi SimCity, e até hoje se pergunta se não resolveu fazer Arquitetura por causa do Will Wright (criador). Como dizia o velho ditado, “a arte influencia a vida” (ou é o contrário? Ou ambos?). Outro jogo importante para ele é Mirror’s Edge, cujas cidades acabaram servindo de referência até para suas renderizações na faculdade.

Essa não é uma delas

Trabalhou em vários projetos na Tectoy Studios, principalmente para jogos de celular e Facebook. Porém considera seus trabalhos com cenários para o Trapped! In the Chamber of Eternal Darkness e o Deepest Dungeons of Doom do Miniboss as duas últimas realizações mais importantes da sua carreira.

O processo mais complicado da carreira também foi um dos melhores. Ter feito faculdade de Arquitetura o ajudou no que ele mais gosta de fazer agora (cenários), porém o afastou de outros campos, como criação de personagens ou animação. O fato de ser bastante difícil separar a criação do pensamento arquitetônico pode acabar sendo um empecilho, principalmente quando o trabalho é pessoal ou envolve alguma densidade emocional diferente, pois às vezes acaba racionalizando o desenho como se estivesse projetando algo. Fora isso, rola um pouco de insegurança, e, mesmo que as pessoas digam que seu trabalho está bom, fica se perguntando se está realmente fazendo certo.

“Quando desenho pra mim mesmo em geral sou comprometido com a minha transparência e fidelidade à densidade emocional do momento. Essa transparência no processo nem sempre indica transparência no resultado, então quando desenho pra mim é mais hermético, mesmo.”

Trapped!

Apesar disso, não tem grandes ambições para a carreira: quer crescer como BG artist e designer de interfaces. Seu objetivo é criar mundos e desenhar coisas e lugares que não podem existir no mundo real.

O mais importante para Midio em um desenho é a comunicação. Acima de tudo, principalmente antes da estética, o desenho informa alguma coisa, então não se importa se usar algo tipo Game&Watch se for para conseguir representar o que está em sua cabeça.

“As pessoas que não desenham (e muitas das que desenham) ficam presas na idéia de que desenho bom é desenho bonito, ou de que desenho bom é desenho realista. E essa realidade… bom, ela deixou de ser uma realidade no século XIX, né, então é bom virar o disco. Julgamento estético é algo que está constantemente em modificação: arte boa é feita com sensibilidade, e acho que essa é minha maior busca com o desenho: a de permitir que as coisas que eu sinto ou mundos que imagino possam existir livremente. O desenho também é uma poderosa ferramenta de auto-descoberta e de crescimento pessoal, as vezes faz papel de terapeuta, de espelho.”

Arte muito realista aqui

É incrível como, mesmo no mundo correndo informações de um lado ao outro do globo, as pessoas ainda se prendem a certos aspectos conservadores que já deveriam ter caído por terra. Se livrar das amarras é realmente um processo tenso e nem sempre as pessoas estão disponíveis ou tem tempo para isso.

Ainda bem que nós estamos!

A galeria do Midio taí logo abaixo e os contatos dele são o Twitter, o Facebook, o Deviantart, o Tumblr e o Steam!

Até semana que vem!

 

Shana

Sobre

Shana é a ARTESFODA oficial do site. Fã de rhythm games, Neil Gaiman e caldo de cana com pastel, recebe anualmente cerca de 10kg de pinhão enviados por sua mãe.

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