NEW AGE RETRO GAMER #21: Kirby Mass Attack

Por Rod | 12/09/2012 – 16:36


NEW AGE RETRO GAMER #21
Kirby Mass Attack
HAL Laboratories / Nintendo
2011

 

Se Mario é o porto seguro da Nintendo, dá pra dizer com facilidade que foi Kirby quem tomou a responsa de ser o campo experimental da empresa. A bolinha rosada criada pelo Sakurai começou as suas aventuras na série Dream Land, um jogo de plataforma que distorcia as regras do gênero ao dar ao herói o poder de flutuar e copiar as habilidades dos inimigos – aqui a chave não era a precisão, e sim a interação do jogador com o ambiente. Com o passar do tempo, Kirby se tornou o ícone de qualquer parada mais experimental onde eles pudessem acoplar sua imagem. Rolou de tudo: foi Puzzle, Pinball, clone de Breakout, teve um dos primeiros experimentos da empresa com controle de movimentos, e até mesmo – esse é hilário  – mini-golfe. Como é que eles nunca deram uma de Capcom e fizeram um jogo de futebol é algo que nunca saberemos.

Tá de sacanagem

Se há um canto onde toda essa “experimentabilidade” da bolota da Hal Labs ficou mais na cara, de certeza esse lugar é o DS. Tivemos quatro games do herói no sistema, e quase todos eles mereciam um artigo: o inovador Canvas Course, o tímido Squeak Squad, o retroativo Super Star Ultra e, por fim, um dos últimos grandes títulos a serem lançados no portátil: um criativo jogo de “toque-estratégia-plataforma” chamado Kirby Mass Attack (Kirby Atacando Massa).

Kirby Mass Attack

Não é Kirby Mass Effect, mas seria interessante se fosse

A história não importa. É Kirby, porra! Enfim: tem um vilão, ele atira um raio na bola cor-de-rosa, Kirby se divide em múltiplos, blá blá blá. A única coisa que você precisa saber é que aqui tem um monte de Kirbies ao mesmo tempo, e que isso é algo massa. (piada não proposital)  Apesar de ser um plataformer, a jogabilidade inteira é feita apenas com a stylus. Tocar em um canto da tela faz uma estrela aparecer, e Kirby vai automaticamente andar, pular, nadar, enfim, fazer a porra toda pra chegar o mais perto possível do lugar onde você estiver tocando. Dar um peteleco no Kirby com a stylus faz você arremessá-lo na direção desejada, enquanto segurar a caneta sobre o personagem vai criar um “campo de força” que lhe permite arrastá-lo no ar pelo trajeto que você desenhar. Além dos movimentos, toda a interação com inimigos ou itens do cenário é feita ao simplesmente tocar em algum objeto, o que fará Kirby atacar, abrir, puxar, ou o que quer que seja que ele estiver a fim de fazer com aquele negócio.

Kirby Mass Attack

Rodaaando, rodaaando, ma oeee

Além de inimigos e plataformas, as fases também possuem várias frutas espalhadas pelos cantos, e comê-las aumenta uma barra numérica na tela de cima. Ao empanturrar a barriga até chegar aos 100 pontos, um novo Kirby se junta à sua aventura. Você pode chegar a ter até 10 Kirbies na sua tela, e controlar as múltiplas bolinhas da mesma forma que controlava um só, com os toques e movimentos da stylus. Manusear as ações de todos eles, tal como mandar cada um atacar um alvo ou fazer dois grupos separados seguirem caminhos alternativos é o que torna o jogo bem interessante, e dá um gostinho de RTS no que poderia ser apenas um jogo de plataforma. Vez ou outra ter que tomar conta de tantos bichos se torna um pouco bagunçado, principalmente nas etapas que exigem precisão acima da média, mas na maior parte das vezes o controle funciona bem. O desafio de manter todos os Kirbies vivos o tempo todo é o que te permitirá acessar novas áreas, ativar novos switches (alguns deles especificamente exigem todos os 10), obter novas medalhas e recompensas, enfim, tornar a jornada bem mais fluida num todo.

Kirby Mass Attack

Bullying em um jogo da Nintendo, vê se pode

E por falar em recompensas, Mass Attack traz algumas ideias diferentes para aumentar o fator replay do jogo. Primeiramente, há um sistema interno de “Achievements“: é uma grande lista de atividades que podem ser feitas aleatoriamente valendo algum mérito , tal como comer tantas frutas ou conseguir sei lá quantos pontos. É coisa pequena, mas para os complecionistas, é um aditivo – fora que é interessante ver como a criadora de Smash Bros, mesmo sendo uma second-party, reconhece melhor o valor de filosofias de design impulsionadas pelas grandes corporações do que a própria Nintendo.

Kirby Mass Attack

Lembrando que Kirby é o que copia as habilidades. O que copia as idéias dos outros e reposta no Facebook é o Kibe

Além disso há também um número de medalhas que estão espalhadas pela fase, com dificuldades variáveis para serem obtidas (isso é algo bem comum na série), além de um Rank entregue no final do nível que te avalia de acordo com quanto dano você recebeu. Pegar um bom número das citadas medalhas abre acesso a alguns bônus, como um player de música do jogo ou mesmo alguns mini-games que são bem melhores do que você pode esperar. Há coisas triviais como whack-a-mole ou jogo de reflexos, mas certos jogos como um mini-SHMUP ou uma recriação de Kirby’s Pinball são quase tão robustos quanto um jogo do eShop – só tentar um novo high-score ou derrotar todos os chefes na mesa de Pinball já são o suficiente para te dar umas boas horas de diversão portátil. Em uma época onde os códigos secretos foram substituídos pelo código do seu cartão de crédito, é agradável ver que ainda há quem recompense o jogador com coisas extras pelo simples ato de estar jogando o jogo que ele já comprou.

SPOILERS PESADÍSSIMOS

Com um level design absolutamente genial que não para de surpreender com coisas novas, Kirby Mass Attack é um ótimo exemplo de um daqueles games que eu gosto de analisar por aqui: um jogo que, apesar de sua qualidade excepcional, passou despercebido por muita gente por ter sido lançado bem após o ápice de interesse no DS. Uma pena, visto que há muito não via um jogo chegar tão próximo daquela clássica diversão inocente que representa tão bem a Nintendo em seus melhores momentos.

Talvez a definição mais breve do que é Kirby Mass Attack seja também o seu maior elogio: durante toda a sua duração, a grande impressão que ele te passa é que você está jogando um título de SNES que estava perdido há décadas.

Zuera sem limites

Rodrigo “Rod” Orge estuda psicologia e acha que entende alguma coisa sobre design de games. Gosta de jogos antigos, Sega e Yasumi Matsuno. Prefere as ruivas, mas morenas também são tudo de bom.

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