Tretas de Hong Kong – Pokémon Mystery Dungeon e as origens dos calabouços misteriosos

Tá aqui mais um Tretas de Hong Kong, dessa vez trazendo uma série super obscura que ninguém conhece: Pocket Monsters!!! Na verdade, eu quero mais falar mesmo é do spin-off que pegou a galera de surpresa lá por 2006: Mystery Dungeon (ou Fushigi no Dungeon, pra quem preferir). Diferente da maioria dos jogos de Pokémon, esse foi produzido pela Chunsoft, da qual devo falar um pouco mais pra frente

“Os 151 originais eram melhores” – Saudosista, qualquer ano

Nos jogos da série Mystery Dungeon a história é completamente diferente da série original. Ao invés de ser um moleque de 10 anos saindo sem supervisão dos pais e lutando contra o mal usando animais, nesse jogo você é o Pokémon e pode interagir com outros Pokémons, que dessa vez falam. Uma virada completa no conceito da série. Assim, em vez de usar as fórmulas de RPG/Rinha e batalha com monstrinhos, o jogo se aproveita de um outro gênero que está entre o que chamamos de roguelike.

O objetivo é explorar os andares de dungeons diferentes, que são geradas aleatoriamente, e lutar contra os monstros que vivem por lá. Tudo é feito por turnos: Dê um passo e todos os inimigos daquele andar farão alguma ação. Atacar e usar itens também seguem a mesma lógica. Sair das dungeons só é permitido com um item especial ou algo parecido e morrer significa perder todo o seu dinheiro e metade dos seus itens. E esse é o sistema que eles usam no Pokémon, que foi feito pra ser mais facil. O normal mesmo é perder o personagem e/ou todos os itens e recomeçar do zero.

Já que é sobrevivência do mais forte, não precisa se sentir mal por matar os Pokémon

Você começa o jogo respondendo um teste de personalidade que te diz qual Pokémon é mais adequado para você (dentro de uma lista pré-selecionada, claro) e depois te deixa escolher seu parceiro. Até agora, toda a história dos Mystery Dungeon tem a ver com um humano que do nada virou um Pokémon e tem que se virar por aí. Os jogos giram em torno em um “time de resgate”, que é um grupo de Pokémon que sai realizando missões e ajudando a galera.

E a premissa gira em torno disso mesmo: pegue uma missão, vá em tal dungeon e complete tal objetivo. Dá pra recrutar monstrinhos e cada um tem ataques e efeitos diferentes, geralmente relacionados ao seu tipo (Fogo, Água, etc). Isso significa que o jogador pode fazer vários times com estratégias diferentes. Diferentemente da série normal, não existe nenhum humano no jogo (fora você, teoricamente), então tudo é interação com os bichos. Se você gostou daquele episódio do desenho no qual eles têm as falas legendadas, é quase isso.

A eterna questão

Agora que já falamos das mecânicas gerais dos jogos da série, é hora de ver o que já foi lançado, analisando cada título separadamente. Com um novo jogo a caminho para o 3DS, onde teremos enfim modelos tridimensionais decentes, é interessante olhar pra história da franquia e imaginar o que o futuro pode nos reservar. Vamos aos jogos:

Blue Rescue Team e Red Rescue Team, os primeiros da série, saíram para DS GBA respectivamente. O motivo dele ter para GBA em pleno 2005 ninguém sabe, mas a Nintendo trabalha de formas misteriosas. Como a 4ª geração de Pokémon nem tinha saído ainda, só tem os da 3ª para baixo. O jogo não foi tão bem recebido porque a galera não sacou muito o esquema e tava esperando outra coisa, além de ser um gênero pouco popular no Ocidente. Também tem o fato de que a versão de DS era um port bizarro da de GBA, então tava tudo meio feio.

Seguindo a moda de dois jogos da mesma série, Explorers of Time Explorers of Darkness surgiram logo depois de Diamond e Pearl, o que significa que agora o jogo já segue com mais monstros que antes, além de dar uma melhorada na mecânica e gráficos, aproveitando o fato de ambos terem sido produzidos para DS. Teve direito até a uma terceira versão, Explorers of Sky, que melhorou alguns aspectos, adicionou novas formas para alguns Pokémon (apresentadas na versão Platinum) e alguns capítulos contando a história dos personagens.

A série também deu as caras no WiiWare com três versões diferentes, mas, por algum motivo bizarro, essa ficou só no Japão. Ela usava os mesmos modelos dos Pokémon do My Pokémon Ranch (que são feios pra caralho), mas tinha elementos online legais, como chamar alguém aleatório na internet pra te resgatar. O jogo também baixava novas missões automaticamente (único uso do WiiConnect24 que vale alguma coisa).

Agora, com a versão de 3DS, Magnagate and the Infinite Labyrinth (é só um jogo), já lançada no Japão e logo logo saindo por aqui, é no mínimo interessante ver que novos rumores a série Mystery Dungeon vai tomar. Aliás, eu disse que falaria mais da Chunsoft e é aqui que a sua cabeça explode: Mistery Dungeon não é exclusividade de Pokémon (!!!!!), mas sim uma franquia da Chunsoft que já incluiu vários personagens conhecidos.

Bem que todos poderiam sair dessa forma agora né

O primeiro jogo da série foi concebido utilizando-se de um personagem conhecido de Dragon Quest IV: Torneko (Conhecido como Taloon no ocidente). Um gordinho dono de loja que é um dos personagens principais do jogo de onde surgiu. Ele resolve explorar masmorras em busca de tesouro e nisso temos Torneko no Daibouken: Fushigi no Dungeon,  o título que originou tudo. Dungeons aleatórias, gameplay por turnos, perder tudo quando morrer, tudo isso faz parte desse primeiro clássico para SNES.

O objetivo desse jogo é um pouco diferente: o foco não é missões e sim coletar vários tesouros e arrecadar dinheiro para melhorar sua casa e sua loja. Foi extremamente bem recebido no Japão, ganhando notas altas e abrindo caminho para mais dois jogos na franquia. Um para PSone, que chegou a vir pro ocidente com o nome de Torneko: The Last Hope, e outro para PS2. Curiosamente, a versão de PSone foi um fracasso no ocidente, talvez porque a galera daqui não tem a fascinação que os orientais nutrem por Dragon Quest – fenômeno muito interessante, diga-se de passagem. 

PORQUE QUE AS CAPAS AMERICANAS SÃO SEMPRE TERRIVEIS

Um tempo depois, na geração 32-bits, a Chunsoft se apossou de mais um personagem de uma franquia de peso: o tão amado Chocobo ,da série Final Fantasy. Por algum motivo eles acharam que Chocobo + Masmorras = sucesso. E não estavam tão errados assim. O primeiro jogo, Chocobo no Fushigi no Dungeon, foi bem recebido a ponto de receber uma sequência, Chocobo Dungeon 2, que saiu no ocidente com esse nome mesmo, sem o 1 sequer existir por aqui. Squaresoft sempre mandando bem na numeração desde o nosso “Final Fantasy III”.

O jogo geralmente é identificado pela caracterização dos personagens e do chocobo. Todos os jogos têm personagens secundários (alguns se baseiam em classes da série) diferentes e interessantes. Também saiu uma continuação para Wii chamada Final Fantasy Fables: Chocobo’s Dungeon, que possui alguns sistemas diferentes, como a opção de escolher a classe do chocobo, que muda um pouco como a dungeon e o combate se desenrolam. Essa versão saiu por aqui, mas existe também um port para DS que ficou só no Japão.

Ainda houveram mais algumas licenças bizarras que entraram na farra dos Mistery Dungeons, como Tower of Druaga, baseado em um jogo para PS2 chamado The Nightmare of Druaga: Fushigino Dungeon, ou até mesmo Gundam e Twinbee. A Chunsoft tinha uma ideia própria de mecânica de jogo, mas bizarramente priorizou trabalhar com licenças, quase nunca envolvendo personagens originais nesse conceito.

Reparou que eu disse “quase”? Pois é, existem exceções. O próximo Mistery Dungeon sobre o qual quero falar tem tantos jogos na série que merece seu próprio artigo. Então espero você na segunda parte dessa viagem por calabouços misteriosos, que deve sair (com sorte) na próxima semana. Até lá!

 

Sobre

Luiggi "Afro" Ligocky é um pseudo-artista que estuda a área de jogos digitais. É um adorador de jogos japoneses e bizarros desde a época em que ganhou seu Super Nintendo. Grande fã da Nintendo, Konami e Sega.

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