NEW AGE RETRO GAMER #27: Soma Bringer

  17/01/2013 - 18:55   ds, NARG, RPG, soma bringer,  
 

Ou “o mais próximo que você vai ter de um Diablo no DS”

NEW AGE RETRO GAMER #27
Soma Bringer
Monolith Soft / Nintendo
2008

Quando a Nintendo comprou a desenvolvedora japonesa Monolith Soft (responsável por Xenosaga), pareceu uma jogada inesperada. A última vez que a Big N foi lembrada por RPGs foi no SNES, e não é como se as vendas de Baten Kaitos do GameCube tivessem deixado alguém eufórico. Ainda assim, era bom ver que eles estavam reconhecendo um ponto fraco em sua biblioteca.

A capa da OST é melhor que a do game :v

A divisão americana da Nintendo não parece ter achado essa uma ideia tão boa assim, já que dos quatro jogos que a Monolith fez e a Nintendo publicou, a maioria passou batido por esse lado do globo. Disaster: Day of Crisis só saiu na Europa, Xenoblade Chronicles só apareceu depois de muita encheção de saco por parte dos fãs, enquanto Xenosaga I+II DS permaneceu no limbo nipônico mesmo. Percebendo esse relapso da NOA ainda em 2008, alguns fãs resolveram fazer o que Nintendon’t: traduzir Soma Bringer, um Action-RPG muito bacana para Nintendo DS que merecia bem atenção mais do que recebeu.

Soma Bringer se passa em um universo onde toda a energia provém de algo chamado Mako Energy Soma, que é tipo o “ki” da terra e aquele velho negócio que você já viu em mil lugares. Ele segue a história de um grupo bastante numeroso do qual você faz parte, conhecido como Pharzuph, que, sob a tutela de um grupo chamado Secundady (são muitos grupos, eles que se resolvam), saem viajando por aí na nave Nautilus Schildkröte para investigar anormalidades na concentração de Soma em pontos específicos do continente.

A montagem é tosca e é assinada, mas foda-se, foi a única que achei com todos os personagens

O jogo é um action RPG/hack n’ slash (corta e picota), onde você escolhe um personagem e uma arma pra sair vasculhando ambientes ENORMES, matando uma caralhada de inimigos e coletando itens, ouro e equipamentos raros que eles dropam. Naturalmente, a batalha ocorre  em tempo real. Derrotar inimigos e acumular experiência faz você subir de nível e adquirir novas habilidades, as quais podem ser customizadas para os 4 botões principais do DS. Dos ataques básicos  aos itens de recuperação e habilidades especiais, tudo é bem fácil e fluído de se por em prática.

Sossega a periquita que tá tudo traduzido

Um diferencial do jogo é que apesar de 90% do que você faz se resumir a sair matando bicho feito a porra, você tem bastante variedade para escolher como quer fazê-lo. Cada um dos OITO personagens do Pharzuph é selecionável ao iniciar um novo jogo. Depois de escolher o personagem, você escolhe a sua classe (Battlers, Gunners, Somas, etc), cada qual com suas armas (espadas, espadonas, arcos, pistolas, lanças…), equipamentos e habilidades específicas. Cada classe habilita um set singular de armas, e cada arma tem uma dezena de habilidades únicas para se evoluir. O foco principal é um só (matar os bichos e conseguir loot), mas modos de fazer isso não faltam. Não é à toa que o jogo possui OITO slots de save em um só cartucho (Chupa, Pokémon! Chupa, DQ9!!), que é pra tu experimentar até se acabar.

Proficiência +10 em fazer miojo

 Até aí, normal; ter novas habilidades e armas a se escolher é o mínimo que se espera de um hack n’ slash. O que separa ele de alguns outros jogos do gênero é o seu sistema de Break. Ele funciona mais ou menos como o stun em um jogo de luta: à medida que você descendo o cacete no inimigo ele vai se tornando mais vulnerável (representado por uma exclamação sobre sua cabeça), e, ao atingir três exclamações, ele entra em Break e seus golpes tiram dano pra caralho durante esse breve tempo. Se você der o golpe fulminante pouco antes do inimigo atacar (tipo um Counter), causa um S-Break, que é mais fuderoso ainda. As habilidades que você usar para causar Break no coitado vão determinar suas próximas jogadas: use um golpe com Knockback e o inimigo cairá no chão, ou use um ataque que lance ele pro ar e o bichinho vai sair voando e você pode zoar ele só no juggle. Nota: tudo que eu falei sobre o Break também funciona em VOCÊ, então é uma boa tomar cuidado caso não queira que os chefões fiquem brincando de Tekken com a sua carcaça.

#partiu

Um aspecto que eu acredito ser um dos pontos fortes do jogo, mas que eu mal pude testar é o seu multiplayer. Soma Bringer suporta multi para 3 pessoas simultâneas, e caso você esteja jogando sozinho, 2 AIs dentre os personagens principais te acompanham. Jogar no Single é bacana, mas com amigos deve ser ainda melhor pois o loot pode ser melhor compartilhado (por ser totalmente aleatório, você recebe várias armas que nem pode equipar) e dá pra criar melhores estratégias para destroçar os inimigos com o Break. Uma pena que por ser um game japonês que nem foi traduzido oficialmente, sua chance de encontrar alguém com o jogo e aproveitar essa mamata é praticamente nula (assim como DQ9, que tinha um multiplayer fodíssimo, mas ninguém no ocidente nem testou).

Agora me lembrei porque decidi falar desse jogo. O bicho é tão underrated que só tem imagem fudida dele na net ):

Eu geralmente nem comento da parte técnica de um jogo por achar este um aspecto bem complementar, mas acho que Soma Bringer merece. Os cenários são imagens estáticas bem bonitas e cheias de detalhes (tipo aqueles backgrounds pré-renderizados da era PS1), enquanto os personagens são totalmente em 3D com uma modelagem impressionante, mas que você mal percebe graças à resolução escrota do DS. Você pode dar zoom para ver melhor os personagens, mas aí não dá pra ver merda nenhuma a um metro de distância. A artwork dos personagens é bem passável, mas depois de um tempo isso não faz muita diferença. (e tem uns dois brothers que são a cara do Crono e do Sephiroth. Mó preguiça hein Monolith)

Muito bom, Welt, pena que você está ocupando metade da porra da tela

O grande destaque fica pra música, que é do caralho. Composta pelo mestre Yasunori Mitsuda, responsável pela composição de clássicos como Chrono Trigger e Xenogears, a OST de Soma Bringer é de altíssima qualidade e reflete bem o clima de “serenidade” que o jogo passa, lembrando um pouco o trabalho dele em Chrono Cross. A variedade de canções não é tanta, mas grande parte das músicas são excelentes; e considerando que se trata de um jogo portátil, já é algo bem acima da média. Use fones de ouvido sempre que possível.

Se eu não usei analogias pseudo-intelectuais mirabolantes sobre Soma Bringer, é porque ele é bem como descrito aqui mesmo: apenas um jogo, mas ainda assim, um jogo incrivelmente agradável. Ele é o tipo de jogo que te permite pular todas as cutscenes na sua primeira vez, ou então parar por meses e não ficar perdido ao voltar, graças ao extenso Log do jogo que deixa bem na cara os seus objetivos. Você salva o jogo em segundos no menu de pause, e até morrer causa uma penalidade bem branda, que é perder alguns pontos de experiência. Toda essa “not giving a fuck” tem suas consequências boas e ruins: a boa é que você para e volta quando quiser sem sentir que está “preso” ao jogo, e pode progredir pouco a pouco em sessões esporádicas. A má é que, por ser tão “tanto faz”, ele não é tão envolvente a longo prazo quanto, digamos, um Chrono Trigger da vida; é capaz de você dar umas pausas no jogo simplesmente porque pode. A minha experiência com o game foi a seguinte: começá-lo, DEVORÁ-LO durante uma semana e pouca, parar de jogar do nada, e retomar meses depois repetindo esse processo. Talvez a de vocês seja diferente, mas sei lá.

Fora isso, os únicos poréns que eu enfatizaria é que alguns cenários são MUITO grandes de se explorar (dica: opte por equipamentos que melhorem a sua velocidade a pé!), e que o sistema de inventório é meio chatinho com suas limitações e te obriga a limpar o estoque periodicamente para continuar prosseguindo (mas considerando que são OITO fuckin’ saves e cada um deles tem inúmeros itens com stats únicos, acho que isso é justificável).

…o jogo é mais bonito pessoalmente, eu juro

Apesar de toda a sua profundidade, ele é melhor lembrado como um jogo incrivelmente descompromissado – e agradabilíssimo por causa disso. Uma pena que ele não saiu aqui no ocidente, senão teria mais reconhecimento. A quem interessar, tudo o que resta é utilizar a tradução feita por fãs. Se você gosta de RPGs, mas vive tendo “preguicinha” do gênero pois ele exige um investimento incondizente com sua vida adulta, Soma Bringer pode ser uma ótima pedida.

 

- Disponível apenas no DS.

Sobre

Rodrigo "Rod" é de Salvador, Bahia. Estuda psicologia mas finge ser comunicador. Acha que entende alguma coisa sobre design de games.
  • http://twitter.com/LBontempoNunes @LBontempoNunes

    NOSSA, Soma Bringer! sdds 🙁

    Nunca cheguei a zerar, mas joguei ele na época que o patch de tradução tava sendo feito ainda. Jogava com a Millers, muito bom <3

    Uma pena nunca ter sido localizado.

  • http://twitter.com/ferques @ferques

    Nunca achei que veria um review de Soma Bringer, que legal. 🙂

    Gastei boas horas nele… deu até vontade de ir ali buscar o DS!

  • Jana

    Nunca tinha ouvido falar, mas parece tão maneiro, vou jogar com certeza 🙂 parece digno de entrar num "Os melhores jogos do Nintendo DS que você não jogou porque etc PARTE 3" haha

  • leandrobelmont

    parece ser um jogo bacana. vou compra-lo na feirinha de games antigo para o meu DS. valeu o Post Rod!

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