A Crise da Adolescência dos Video Games

Esses dias aí tivemos o D.I.C.E. (Design, Innovate, Communicate, Entertain), um evento que sempre reúne grandes cabeças da indústria e palestras interessantes sobre o passado, presente e futuro dos video games. Na edição de 2013, duas palestras em especial chamaram a atenção e nos fizeram pensar um pouco, protagonizadas por David Cage (Heavy Rain e Indigo Prophecy) e Warren Spector (Deus Ex, Wing Commander, Epic Mickey e muitos outros). A reclamação dos dois é basicamente a mesma: os jogos são todos feitos com o público infanto-juvenil em mente, e consequentemente ainda são muito bobinhos.

No auge dos seus 57,33 anos, Warren Spector diz que é dificil pra alguém mais velho se comprometer com jogos pois eles continuam sendo feitos para crianças e adolescentes que têm muito tempo livre e ainda se interessam por cavaleiros com espadas gigantes, tripas explodindo e peitos balançando. Spector citou Heavy Rain e The Walking Dead como jogos mais “pé no chão”, mais interessantes para pessoas mais velhas, que não se interessam mais em atirar em piratas zumbis ciborgues com motosserras laser.

Cage também foi mais ou menos por aí, dando ênfase ao número de jogos violentos que temos hoje.  ”Se o personagem não estiver segurando uma arma, os designers não sabem o que fazer”, afirmou. Disse inclusiver ter ouvido de um funcionário de uma publisher que “Se você não atira, não dirige e não pula em plataformas, então isso não é um jogo”, ao tentar apresentar Indigo Prophecy.

Eles estão errados? Na minha humilde opinião… não. Realmente a maioria dos jogos ainda são voltados pra um público mais jovem e a indústria anda meio estagnada nessa parte de fazer jogos que não envolvam armas.
Eles estão exagerando? Na minha humilde opinião… SIM! PRA CARALHO!

CALMA DAVID! É NÓIS!

O que eu vejo é que esse debate acabou criando 2 grupos extremistas distintos: os desesperados que acham que a gente tem que parar já de fazer jogos violentos e juvenis e começar a focar imediatamente em jogos mais profundos e maduros, e os conservadores que acham que a coisa está boa como está e que tentar tornar os jogos mais “arte” vai só estragar tudo.

Vamos começar respondendo ao segundo grupo: não, tentar tornar os jogos mais “arte” não vai estragar nada. Pelo contrário, só tende a melhorar. Os Call of Duties, GTAs e similares estarão sempre aí, contanto que exista um público pra eles. O cinema tá aí pra provar isso, visto que a existência de filmes artisticozinhos não anula as comédias românticas e filmes de super heróis. Várias das técnicas de direção, montagem e edição usadas para deixar seu filme da Marvel favorito mais épico e emocionante foram criadas em produções de baixo orçamento que tentavam ser mais “artísticas”, experimentavam novas maneiras de explorar a linguagem do cinema no intuito de torná-lo algo mais do que apenas “uma peça de teatro filmada”, como eram os filmes nos primórdios. Se você não gosta de “jogos arte”, simplesmente ignore-os. Não vão faltar jogos pra você, e de brinde eles tendem a ser positivamente influenciados nos bastidores pelos jogos mais experimentais.

journey-game-grammy-latino-04

Não se surpreenda se o próximo FPS que você jogar tiver um pouquinho de Journey

Já pro pessoal que acha que se a coisa não mudar agora não tem mais volta, até entendo a preocupação deles, mas é assim que o mundo funciona. David Cage apontou em sua palestra que nos 20 jogos mais vendidos de todos os tempos tudo que temos são títulos da Nintendo (jogos voltados pro público infantil e/ou casual), GTA, Call of Duty e um jogo de Kinect que se enquadraria na mesma categoria dos da Nintendo. Ou seja: só jogos violentos, infantis e casuais. Cage reclamou que você consegue conversar com qualquer pessoa sobre filmes e livros, mas não sobre games.

O que ele esqueceu de dizer é que o mesmo fenômeno pode ser observado nos filmes, livros e qualquer outro meio artistico. Dentre as 20 maiores bilheterias do cinema o que temos em geral não são os filmes aclamados pela crítica como profundos e catárticos, vencedores da Capivara de Bronze de Piracicaba ou do Urso de Diamante de Erechim, mas sim filmes voltados pro público geral como Vingadores, Transformers e Piratas do Caribe. Pegue qualquer lista de livros mais vendidos do mês e você vai encontrar lá 50 tons de cinza. O que os exaltados defensores da arte não entendem é que isso não é necessariamente ruim.

O novo Dante tá nem aí pras recalcadas

A indústria cinematográfica precisa das suas comédias românticas e filmes de super herói. Na boa, se todo filme fosse uma análise profunda da mente humana e trouxesse grandes dilemas morais, seria um porre. De vez em quando ver um filme só pra rir ou qual vai ser a frase de efeito do Schwarzenegger quando ele matar um soviético aleatório com um tiro bem dado. Assim como é legal dar uns tiros em zumbis de vez em quando com os amigos, dá um relax. Ninguém fica burro ou alienado por se permitir curtir um entretenimento mais superficial de vez em quando.

O grande problema no momento não é a existência de jogos violentos e adolescentes, mas sim a proporção desses jogos em relação a outros tipos de experiência. Qualquer pessoa que manje um mínimo de cinema consegue ficar horas listando filmes com um tema mais maduro do que a terceira guerra mundial provocada por terroristas russos. Nos jogos, ainda é difícil passar do quinto exemplo sem gaguejar.

Mas é um problema que já está sendo solucionado por um agente pouco considerado nos debates sobre isso: tempo. Se você é um desenvolvedor e quer fazer um jogo pra um público bem mais velho do que o habitual, tentando abordar temas mais sérios e tudo mais, dou apoio. Com certeza será uma experiência interessante, mas temos que encarar o fato de que AINDA não será algo muito lucrativo. Você pode encher o saco o quanto você quiser de alguém com mais de 40 anos que não jogue video games e ele vai continuar achando uma perda de tempo, ou que são só uma coisinha pra você jogar no celular enquanto espera sua vez no dentista.

Mas isso não acontece porque a midia não pode passar as mesmas emoções que um filme ou qualquer mimimi do tipo. Acontece simplesmente porque as pessoas não estão habituadas, não faz parte da realidade da maior parte das pessoas de mais idade, justamente porque tudo isso é muito recente. Quem tem 60 anos hoje passou praticamente metade da vida sem videogames. Sem encarar jogos digitais como algo de suma importância, essas pessoas viveram e vivem muito bem, obrigado. Soa meio cruel considerar que a nossos avós deixarão o mundo sem precisar de videogames, mas é a realidade. Infelizmente para nosso amigo Warren Spector, ele é uma exceção à regra.

Um caso a parte

Agora pensa em como a visão dos mais velhos será diferente quando aqueles de 60 ou 70 anos forem os mesmo que passaram a infância à base de Street Fighter e Super Metroid. Pense que quando chegarmos à terceira idade tendo jogos como um entretenimento inerente à nossa rotina, o mercado precisará se adaptar entregando experiências que sejam relevantes para as pessoas dessa idade. O tempo se encarrega de mudar o senso comum em relação a todo tipo de coisa de geração pra geração (vide o lance de casar virgem). Se o público amadurece e passa a demandar novas experiências, o mercado é obrigado a amadurecer junto para continuar se expandindo.

E justiça seja feita, as coisas já estão mudando. Qualquer animal nota que os indies e a distribuição digital podem mudar os paradigmas das grandes publishers de fora pra dentro. Se até o VGA, aquele antro de Doritos e chupação comercial se rendeu à ousadia e sensibilidade de The Walking Dead, é porque a mesa tá virando mesmo. O mais importante é termos bom senso nesse processo. Acredito que mais interessante do que fazer os “jogos arte” substituírem a violência descerebrada seria ver ambas experiências (e tantas outras possíveis) coexistindo em uma proporção que satisfaça de forma justa todo tipo de demografia, do adolescente gótico e revoltado de 16 anos até a senhora de 70 que prepara o bolinho de chuva dos netos.

Ah sim, e não é porque um jogo é violento que ele não pode ter uma mensagem interessante por trás.

Essa adolescência dos video games na esmagadora proporção que se apresenta hoje é algo escroto, mas se tratarmos todo cidadão que curte Black Ops II como raiz do problema, corremos o risco de nos tornar tão chatos e moralistas quanto os programas de TV que crucificam os jogos desde os tempos de Carmageddon. O melhor jeito da indústria sair da adolescência seria virar aquele tiozão boa praça que curte ficar filosofando sobre a vida, o universo e tudo mais, mas também se diverte fazendo piadas de várzea com o sobrinho. O pior jeito seria se tudo isso virasse um personagem idoso e rabugendo de Clint Eastwood, daqueles que só sabem reclamar da juventude e torrar o saco de todo mundo em volta.

Afinal, nem só de experiências profundas e transcendentais com trilhas sonoras de violino vive o homem.

GAMESFODA

Sobre

Dono dessa merda e entidade transcendental de GAMESFODICE. Eventualmente assume forma humana como um programador barbudo ou um negão de dreads.
  • http://www.wannaplay.net.br/ Ale Romero

    Matéria fantástica, galera. Concordo com cada palavra!

    • Nerdscape85

      Também concordo com tudo, não precisa deixar de existir um Call of Duty pra existir um Journey, o que precisa é dividir melhor esse bolo.

  • leandrobelmont

    "Não se surpreenda se o próximo FPS que você jogar tiver um pouquinho de Journey"

    também nisso quando botaram Half Life 2, um game de tiro de matar aliens como game da década…se Shadow of Colossus merecia o prêmio. sobre os conservadores, eles que estão perdendo. pois games memoraveis para o nosso cerebro, são aqueles que nos dão mais que uma arma e centenas de soldados para matar ou criaturas.

    MGS 4: Guns of Patriots é uma das raras exceções nisso. pois 60% do game é um filme praticamente. e sobre a maturidade dos jogos…acho que virá com o tempo, games são uma mídia muito jovem ainda e somente há algum tempo que games chegaram no status de obra de arte. talvez daqui há uns 10 ou 20 anos de games, o mercado e as pessoas enxerguem jogos com mais maturidade.

    e concordo que os Indies são o futuro e tendem a evoluir a cada ano que passa.

    • http://projetojogatina.wordpress.com FrankCastle

      "Half Life 2, um game de tiro de matar aliens como game da década" Partiu meu coração agora 🙁

    • Nerdscape85

      "também nisso quando botaram Half Life 2, um game de tiro de matar aliens como game da década…"

      Você está errado, desculpe.

      Eu particularmente escolheria outro jogo senão HL2 pra jogo da decada, mas ele tem sim o seu valor.

      Ele conta uma história de maneira MUITO inteligente, sem precisar de cenas cinematograficas, frases de feito nem nada disso, é tudo ingame, tudo com o jogador no controle, assim como é em Shadow of the Colossus.

      Ele mostra muito mais maturidade como jogo que um MGS4, por exemplo, que pra tudo precisa de uma cut-scene extremamente longa, HL2 é até hoje um exemplo de narrativa nos games, porque faz o que um game precisa fazer, deixar sempre o jogador no controle, mesmo que seja o momento de parar um pouco a ação pra prosseguir na história.

      • http://twitter.com/cybertechwyvern @cybertechwyvern

        olha Nerdscape, sei que Half Life tem o seu mérito na importância da história nos games e que seu enredo é mais intricado do que um episódio de Lost e Arquivo X juntos. mas Shadow of Colossus tem um enredo gostável e misterioso pela pouca imformação dada pelas poucas Cutscenes que aparecem. e que você tem que interpretar, assim como Half Life, acho.

        só a beleza de se enfrentar gigantes com cem vezes o tamanho do herói, por um amor que talvez nunca corresponda seus sentimentos, chega a ser poético. lindo de se ver. e as consequências de que você nota que matar os gigantes é errado e o final…cara, ou melhor, vei, na boa…

        Half Life tem sua importância e merecia estar na lista.admito ,mas não ganhar o prêmio de jogo da decáda. se for assim se eu projetar um game parecido e colocar o Sheldon Cooper do seriado Big Bang Theory como principal, ganharei cachoreira de prêmios e mulheres na minha porta, certo?

        se alguém puder me explicar porque Half Life 2 ganhou esse prêmio ao invés de Shadow, ficarei agradecido. Nerdscape, se me der motivos, agradeço também. que por mim, o prêmio foi dado ao jogo da Valve porque os americanos nunca vão considerar um game japonês como digno

        • Chaccall

          Concordo e digo mais: Half-Life (seja o 1 ou o 2 ) são ícones, mas com elementos que estamos cansados de ver. Já Shadow of Colossus eu desafio alguém á mostrar algo igual ou parecido. Foi um grande risco e ato de muita coragem lançar um jogo como este. Alguém já viu um jogo onde o objetivo é matar monstros e quando finalmente conseguimos somos tomados por uma sensação de comiseração enquanto os gigantes dão seu último suspiro?Isto é Shadow of Colossus.

  • http://twitter.com/cesovski @cesovski

    Excelente artigo! Concordo 100%. Não é a toa que o site se chama GAMESFODA.

  • http://projetojogatina.wordpress.com FrankCastle

    Ótimo texto! Parabéns!

    "(…) que têm muito tempo livre (…)" – > Concordo muito com isso! Independente da temática ou maturidade do jogo, a questão de ter que dedicar dezenas de horas para finalizar um jogo, é um ponto crítico. Estou com 29 anos e numa vibe boa de ler livros. Quando vejo jogos com campanhas enormes, penso: "Quantos livros eu poderia terminar nesse tempo" 🙂 Não estou querendo falar que livros são melhores ou piores que games, só quero dizer que nem só de video game vive o homem.

    "(…) O grande problema no momento não é a existência de jogos violentos e adolescentes, mas sim a proporção desses jogos em relação a outros tipos de experiência. (…)" – > Concordo e digo mais: jogos violentos não são o problema. O problema é molecada de 12 anos jogar jogos indicados para quem tem 18 ou mais. A imaturidade neste caso, ao meu ver, está no jogador não nos jogos! (independente da idade). Frase feita – > "Tem que ver isso aí!"

    Sobre o "atirar e pular": Sim, eu sei que as coisas evoluem. Mas o video game foi criado na guerra fria como válvula de escape, a intenção era atirar e explodir mesmo, mas de mentirinha. Acho muita hipocrisia certas críticas a jogos militares. Querendo ou não, a guerra é a mãe do video game, temos que conviver com isso.

    Já o pular em plataformas, essas coisas: jogos arcade como Outland que até possuem uma história, mas que em nada é necessária para o jogo fluir, são excelentes para aquela jogatina casual de 15 ou 20 minutos. Funciona absurdamente bem para jogar depois de um dia cansativo de trabalho, sem necessidade de decorarmos trocentos comandos ou fazer meia hora de tutoriais.

    Gosto desde Halo, Gears of War, Call of Duty até To The Moon e Dear Esther. Acho que tem espaço para todo mundo aí.

    "Tem de tudo nessa porra aê!" 😛
    http://www.youtube.com/watch?v=NDt1ntySBCQ

  • Jana

    Ainda tô curiosa, qual a mensagem interessante que vocês acharam em Hotline Miami? hahahaha

    Nunca tinha parado pra pensar que daqui a pouco as empresas vão ter que desenvolver jogos pra idosos (e que eu vou fazer parte desse público :P), mas acho que como essa geração já está acostumada com videogames, eles não teriam que inventar nada muito diferente do que já fazem.
    Sabe, se você é um marmanjo de 30 anos que desde pequeno gosta de matar 10 pessoas de uma vez com uma bazuca, ou estourar a cabeça de aliens voadores de três cabeças, por que pensar que com 70 anos não vai gostar de fazer isso também? Por exemplo, enjoar de Pokémon é completamente normal, mas enjoar de RPGs no geral e nunca mais jogar nada do gênero é algo que nunca vi acontecer.

    Por isso acho que se mudar alguma coisa no mercado de games nesses próximos anos, esse não vai ser o principal motivo… Até porque, o que seria exatamente um jogo pra pessoas idosas? Tem que ser casual, tem que ser simulação de atividades físicas/cozinha/jardinagem? Eu imagino que quando eu tiver lá minhas pelancas, eu não vou querer jogar só coisa "de velho".

    • http://twitter.com/homembarata @homembarata

      Acho que quem cresceu matando aliens e zumbis vai continuar achando isso legal, até mesmo pela nostalgia.. o lance é que uma hora você começa a enjoar da mesma tarefa porque você já fez demais aquilo. Você começa a não ter mais tempo pra se dedicar tanto a jogos e começa a não ter mais paciência pra alguns. Pequeno eu não ligava pra terminar RPGs de mais de 70 horas, achava era ruim se tivesse menos que isso… hoje, com 27 anos, qualquer jogo com mais de 20 horas já me parece longo demais.

      Também tem o problema das prioridades e interesses que mudam com a idade. Muitos amigos que antigamente me perguntavam quais jogos eram legais pra se jogar online até tarde hoje vem me pedir conselhos de jogos legais pra eles jogarem com a esposa e com os filhos, por exemplo. Inclusive não duvido que o WiiU tenha sido planejado com isso em mente, é um console perfeito pra se jogar com os filhos. Talvez essa onda de jogos pra pessoas idosas comece por aí, não vai demorar muito pra começarmos a ter uma necessidade por jogos pra se jogar com os netos. Ou talvez eles simplesmente sejam como os jogos de hoje mesmo, pros velhinhos que não vão conseguir acompanhar os jogos sofsticados da mulecada do futuro.

      Sobre Hotline Miami… tem a nossa review aí: http://www.gamesfoda.net/2012/11/quale-a-desse-ta… e várias análisas profundas sobre o real significado do jogo e de todo o seu simbolismo (as máscaras, o vendedor, o motoqueiro, etc) pela Internet a fora, como essa do Gamasutra (spoilers pra caralho): http://www.gamasutra.com/blogs/RamiIsmail/2012102

      • Jana

        Não tinha pensado na parte de esposa, filhos e netos hahahaha é verdade isso aí. Mas a questão de tempo não seria tão problemática quanto é agora pra quem trabalha e estuda, levando em conta a aposentadoria. Na idade adulta a rotina pede jogos mais rápidos, só que eu escrevi o comentário levando em consideração só a velhice mesmo, então supus que tempo pra jogar não seria um problema…

        Eu já tinha lido a review, mas nem parei pra pensar que as máscaras tem algum significado… Até porque eu não terminei ainda, e até agora não tô entendendo muito da história mesmo. Vou ver se esse Gamasutra ajuda a confusão toda que faço pra tentar entender o jogo.

  • Chaccall

    Ótimo texto , mas o fato é que a resposta você mesmo já deu e estamos "carecas" de saber: dinheiro. Tudo gira em torno disso.E até o movimento que vai remando contra , os "indies" , acaba se rendendo por conta das dívidas do dia-a-dia e acaba atendendo aos anseios do mercado.Isso quando não é "engolida" por uma gigante do ramo.Na verdade houve uma regressão pois já tivemos um gênero mais "cabeça" ,que eram os adventures e eles praticamente morreram por conta de jogos como Doom, e depois que essa mina de ouro foi descoberta ninguém mais quer largá-la. Friso que também gosto de jogos de ação violentos , mas não na mesma proporção que anos atrás ( tenho 41 anos).Também gostaria que jogos-arte fossem lançados na mesma proporção que os jogos-explosão , mas não vejo isso tão próximo (se é que um dia acontecerá).Gira muito dinheiro em torno da violência ,seja na vida real , seja na virtual .

  • Nerdscape85

    Matéria fantastica caras, parabéns.

    Pra mim eu que resume tudo é a frase do Cage: ”Se o personagem não estiver segurando uma arma, os designers não sabem o que fazer”

    Isso resume bem o o que eu penso dos games atuais, pra tudo tem que matar, atirar, ter cena FUCKING AWESOME, isso está errado.

    Talvez por isso que pra mim Heavy Rain é um dos melhores jogos da geração, ele tem uma maneira bem diferente do habitual de contar uma história, deixando o jogador no controle, sem precisar que o mesmo atire em algo pra prosseguir, alias faz exatamente o contrário, bota o jogador pra pensar no que está fazendo, se questionar mesmo, e não simplesmente atirar porque o cara na frente tá de pé.

  • eltonbm

    Crise… Não sei. Jogos não são, no meu ponto de vista, uma mídia. Vídeo games tem tantas dimensões! Lembro de um texto no Kotaku contando sobre a beleza do código criado pelo time do John Carmack, uma parte dos jogos que não é lembrada por praticamente ninguém que não seja um programador. Temos músicas criadas por pessoas que cresceram ouvindo o que os jogos tinham pra oferecer e misturaram com fontes de tantos outros lugares. E essa lógica se estende para a escrita, para a arte, direção, todas mídias que existem completamente separadas uma das outras. Então, jogos nada mais são que o ponto onde tudo isso acabou se reencontrando, onde todas essas manifestações culturais acabaram convergindo. E assim mesmo, os jogos refletem bem o que o público dessas outras mídias gostam. Então, não é que ninguém sabe o que fazer se não tiver uma arma na mão, caramba, a DICE conseguiu fazer um Mirror's Edge, a Ubisoft conseguiu dar uma cara nova e uma estória extremamente divertida e interessante para Driver: São Francisco, fora Deus EX! E ai podem entrar a Bioware que já fez um jogo do Sonic, a Capcom com Clock Tower e Haunted Grounds, séries como Persona ainda tem uma força enorme… Fechando esta bagunça: Sim, o tempo é o melhor remédio, e parece que o tempo reserva ótimas surpresas para está industria vital.

  • http://twitter.com/twero @twero

    Mais um papo-cabeça do GAMESFODA, do jeitinho que gostamos!
    Eu concordo com vocês: confesso que é um saco a maioria dos jogos viverem de tiroteio e de explosões de ação, adrenalina e hormônios e o escasso número de jogos mais maduros (me lembrei daquele artigos de vocês sobre o que é, de fato, um game "para adultos")…mas também não é para sermos extremistas.

    é bom poder relaxar em uma partida multiplayer sem a preocupação qual o significado estético/artístico ou o enredo que o MP tem: você só quer se divertir e passar o tempo, ao mesmo tempo que se vivêssemos somente de jogos profundos, a gente ia cair numa depressão e melancolia daquelas.

    Mas por que não unir o útil ao agradável? O máximo que já vi de juntarem um jogo com tiroterio e arte foi o Child of Eden, mas tem outros exemplos onde há armas de fogo, mas não necessariamente elas são o elemento principal do jogo.

    E realmente, os ares estão mudando. Se pegarmos as origens dos telejogos, onde o foco era 100% no design do jogo e nem pretexto eles tinham para fazer as coisas (ainda me perguntando porque o Reino dos Cogumelos tem tantos castelos, só pra ter um Toad e dizer que a Peach não está mais lá), para hoje ter mais jogos com histórias bem elaboradas, complexas e com finais com direito a plot-twist e mind-blowns direto.

    Tem gente que não acredita que jogos possam repassar emoções fortes nas pessoas. Gente, não é raro rir de sacadas de algum personagens, situações inusitadas ou até mesmo chorar em cenas-chave.
    Céus, quando joguei Journey mexia muito com o meu emocional tudo aquilo, em especial a parte final. Confesso que chorei com o final do Metal Gear Solid 4, especialmente por ter jogado todos que o antecederam e ter uma base o quão importante aquelas cenas eram. E o que dizer do final de AC II? Não há uma alma viva que não tenha tido a mesma reação do Desmond quando viu…AQUILO!

    Os jogos indies e de iniciativa popular (vulgo kickstaters) estão aí para provar que os ares estão mudando. Que venham seus CoD, FPS' e jogos de futebol anuais para alegria do povão, ao mesmo tempo que dar novos ares a essas franquias, oferecer uma experiência um pouco diferente do que estamos acostumados.

    O mercado decaí quando franquias ficam na mesmice e não se arriscam. DmC se arriscou e no final resultou numa ótima experiência numa franquia que, se seguisse os moldes do 4º jogo, seria bem pior.

  • http://twitter.com/_alvaroleite @_alvaroleite

    Muito bom artigo.

    Também acho que há um tremendo exagero da parte de quem reclama que "não há" jogos que não sejam clones de CoD.

    Além dos jogos independentes já citados, até mesmo as grandes publishers vêm dando atenção ao público adulto. A Rockstar, por exemplo, lançou L.A.Noire; não pensando num guri de 15 anos, mas num jogador mais "rodado", habituado a outras linguagens – cinema, jazz, romances policiais.

    Enfim, como pra tudo na vida, há videogames pra todos os gostos. Basta saber (e, principalmente, querer) procurar.

  • Pingback: (Eu já sabia) Games são arte e estarão expostos no MoMA a partir de março – Newsgames

  • Pingback: Pro Ministério da Cultura, jogos são e não são cultura ao mesmo tempo | GAMESFODA

Visit the best review site wbetting.co.uk for William Hill site.