NEW AGE RETRO GAMER #32: F-Zero

  6/06/2013 - 18:05   f-zero, NARG, SNES,  
 

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NEW AGE RETRO GAMER #32
F-Zero (Snes)
Nintendo / Nintendo EAD
1990,1991

Eu comecei a jogar videogame com o meu saudoso Mega Drive. Só fui ter um Snes em 1996, época onde jogos impressionantes como Yoshi’s Island (que veio com meu Snes), Super Mario RPG e Donkey Kong Country 2 estavam em alta. Conheci a biblioteca do Snes de trás pra frente, e senti o baque por isso: imagine que ao invés de ver os gráficos melhorarem ano após ano, eu comecei vendo o máximo que o console podia fazer e só via os jogos ficarem cada vez mais feios e confusos à medida que a data na tela principal retrocedia mais e mais. Os 16-bit foram uma época de transição; uma época onde o game design se tornava mais intuitivo e esclarecido que os 8-bit, mas não tão verborréico quanto os 32-bit. E um dos jogos que mais me intrigava em relação a isso, por parecer que pertencia a uma outra época que não aquela, era não coincidentemente um jogo de lançamento: F-Zero, de 1990.

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Desde pequeno eu sempre achei o primeiro F-Zero um jogo meio… estranho. Tinha um quê de corrido, de sombrio, de experimental nele. Ele não tem uma abertura, ou ao menos um logotipo de desenvolvedor precedendo a sua tela título. Você liga o seu Snes e só vê escuridão, que um um segundo depois faz um fade-in para a tela título, com os enormes dizeres F-ZERO estampados no topo, uma pista genérica ao fundo, uma música-tema meio epiléptica/esquizofrênica e apenas duas opções: Grand Prix e Practice. Não tem um Attract Mode, não tem uma apresentação dos personagens, historinha, menu de Opções, nada de porra nenhuma – ou você corre, ou você corre. Parece um detalhe bobo, mas a falta de apresentação prévia sobre qualquer coisa do mundo do jogo dá uma sensação incrivelmente desconfortante. É um contraste gigante com o fundo da caixa, que brinca com o estilo HQ-futurista que depois se tornou icônico na série. Não duvido que F-Zero tenha começado como um protótipo de teste do Mode-7 que evoluiu para um jogo completo meio que “no embalo”.

F-Zero tropeça um pouco no básico, mas extrapola no inimaginável. Você tem 4 naves diferentes (cada qual com um piloto correspondente que não aparecem nunca dentro do jogo) correndo em uma pista com paredes que te machucam, minas explosivas e rampas que podem fazer você voar para a morte. Pistas com gelo, vento, e umas barras estranhas que atraem e danificam a sua nave… porra, esses caras tavam querendo brincar de corrida ou cometer suicídio em massa?

Lá no topo você tem uma barra de dano, que é consumida à medida que você se fode e pode ser recuperada se mantendo em um ~canteiro rosa especial~ onde vem uma nave alienígena sabe-se lá de onde e lentamente recupera a sua vida sabe-se lá como. Olhando agora, eu aplaudo a EAD: eu não sei como eles pensaram nesse monte de merda louca assassina antes mesmo da Blizzard fazer Rock n’ Roll Racing.

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Cada um dos três campeonatos possui cinco pistas, e nessas pistas você corre contra 15 adversários. Ainda assim, F-Zero tem alguns esquemas que tornam o jogo mais interessante. A cada uma das cinco voltas, um número de pilotos vai sendo desqualificado da corrida – a ideia é que eles tivessem explodindo e morrido horrivelmente no meio do caminho, mas o jogo em si vai continuar tirando retardatários do cu para incomodar o seu percurso. A cada volta, é obrigatório que você esteja em uma posição mínima para não ser eliminado, seguindo para 10, 7, 5, até que na última volta você esteja de qualquer forma entre os 3 primeiros.

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Cada nova volta te dá um turbo (muito útil para recuperar posições perdidas, mas só use em retas!) e uma pontuação referente à sua posição na hora de completar a volta. Você começa com 2 vidas por campeonato, e acumulando 10.000 pontos você ganha uma vida extra. É um sistema bacana pois te incentiva a manter a 1º posição não só na reta final mas durante todas as voltas da corrida, e pode ter certeza que essas vidas virão a calhar pois você vai explodir muito até pegar o jeito.
(É interessante notar como MUITOS dos aspectos que apareceram em F-Zero – e não só o Mode-7 como também as vidas, as armadilhas nas pistas, os pulos e os atalhos – serviram de inspiração óbvia para o famosíssimo Super Mario Kart, também na Nintendo EAD).

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Quando comentado por nostálgicos, F-Zero é sempre lembrado em dois aspectos singulares. O primeiro é a sua trilha sonora: frenética, empolgante, e imediatamente icônica. O segundo é a dificuldade. Nintendo comenta que F-Zero “era mó bacana e tal”. A galera sempre lembra que F-Zero “era difícil pra caralho”. E bom, é justificado. A barra de energia é um perrengue que você não se acostuma imediatamente, os controles e o design das fases são um tanto incomuns, e você vai ter que treinar um tanto até pegar o jeito no jogo e da sua nave de preferência. Assim que você aprende direitinho a usar os botões laterais para as curvas fechadas, o jogo se torna bem competitivo e interessante.

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DICA: Quanto chegar em um pulo que parece IMPOSSÍVEL de se completar em White City II, segure para Baixo no direcional para “planar” no ar. Nunca completei o jogo quando moleque porque não sabia disso 🙁

Eu gosto muito desse lado meio esquecido da Nintendo dos anos 90 – esse lado “arcadesco”, mais experimental, que ainda assim acompanhava todo o controle de qualidade padrão da empresa. Coisas como esse jogo, Wave Race 64, Solar Striker, Battle Clash, Super Punch-Out!!… e até o primeiro StarFox, quando você para pra pensar. Eram jogos diferentes e mais arriscados, da época que a empresa ainda fazia esse tipo de coisa sem ter que estampar um Bigodudo na capa o tempo todo.

F-Zero é um jogo interessante, mas que perdeu a oportunidade de cultivar mais cedo a sua identidade – para um conceito tão fantástico quando carros voadores correndo e explodindo a 500 milhas por hora, é incrível como o jogo passa uma vibe tão forte de solitude  melancolia. As pistas são poucas, não tem multiplayer e os controles e física de bate-bate são difíceis de acostumar, mas a música é icônica e o desafio de se manter no primeiro lugar o tempo todo é muito bacana.

F-Zero continua muito bom e eu diria que ainda vale a pena ser jogado; e se não pela nostalgia, pela freneticidade. Afinal, convenhamos: quantos jogos de corrida daquela geração dá pra dizer que ainda são perfeitamente jogáveis mais de 20 anos depois, hein?

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Fudeu

-Disponível para Snes, Wii VC e Wii U VC.

Sobre

Rodrigo "Rod" é de Salvador, Bahia. Estuda psicologia mas finge ser comunicador. Acha que entende alguma coisa sobre design de games.
  • https://www.facebook.com/daniloboros Danilo Boros

    Concordo com tudo o que foi dito aqui, e digo mais, F-Zero é a minha franquia favorita da Nintendo (meus amigos devem estar cansados de ouvir isso haha).

    Algo que me incomoda muito em F-Zero é que as pessoas dão muita importância a versão para SNES e acabam esquecendo que a franquia teve mais 5 jogos depois dessa, e que, na minha humilde opinião, alcançou a perfeição em X (para N64). Eu sei que graficamente não é a ~mais interessante~ de todas, mas em todos os outros aspectos melhorou, em muito! Primeiramente a trilha sonora, que aproveitou as músicas do SNES e deu a elas arranjos épicos, cheios de guitarras, baixo e bateria pesados com direito até a um órgão que vem pra aumentar ainda mais a ambiência das corridas. Outro grande ponto é o número de veículos disponíveis que cresceu de 4 pra 30! E a mesma coisa para as pistas, que, na época, trouxe a inovadora "X Cup", onde você literalmente não sabia como seria a pista, os traçados, como você mesmo disse, continuaram um tanto quanto incomuns (Big Hand que o diga!). A jogabilidade melhorou anos-luz, graças ao stick analógico do N64, e pra finalizar, finalmente o jogo ganhou novos modos, como Death Race e (principalmente) o multiplayer. Isso sem contar o Expansion Kit para o 64DD.

    Mas ainda assim, F-Zero é o grande clássico, X a inovação, GX consolidou a dificuldade característica da série, e as versões portáteis são bem legais(principalmente por lembrarem a do SNES).

    Infelizmente é uma pena que a Nintendo tenha esquecido a franquia, e estamos a quase 10 anos sem jogos novos nos consoles, será que isso muda na E3?

  • maleenha

    Próximo NARG: aquele Power Rangers de corrida pro SNES.

  • https://www.facebook.com/johnny.william.587 Johnny William

    sobre os jogos experimentais da nintendo:
    já ouviram falar de Uniracers e Tin Star?

    • http://twitter.com/LucasElder @LucasElder

      Uniracers era massa, lembro que jogava com meu primo!

  • http://twitter.com/twero @twero

    É bacana você parar para pensar que houve a preocupação em manter o aspecto que é marcante em todos os F-Zero, mesmo mudando de estilo de corrida: a dificuldade extrema.
    Eu nunca passei da primeira pista do original quando experimentei, morria direto no X e nunca terminei o GX (que boatos soltos dizem ser um dos jogos mais difíceis de todos os tempo e o mais difícil do GC…e eu não duvido nem um pouco).

  • https://www.facebook.com/cesardka César Hoffmann

    Ótimo artigo! Joguei muito pouco do F-ZERO original, mas sou APAIXONADO pelo F-ZERO GX. Vocês são demais!!! 🙂

    Apesar de concordar com vocês em boa parte, gostaria de fazer uma nota sobre o que vocês falaram que a Nintendo não costuma lançar outras coisas sem ter que "estampar um Bigodudo na capa o tempo todo". Me parece um estereótipo tão bobo, principalmente sabendo que tanta coisa saiu depois da era SNES: Pikmin, Chibi-Robo, Animal Crossing, Wario Ware (esse com bigodudo), Donkey Konga, Advance Wars, Elite Beat Agents, Freaky Forms, Crashmo… Enfim. uma infinidade de jogos diferentes, sem relação alguma com as franquias já tradicionais e o pessoal insiste em dizer "NÃO CRIAM JOGOS NOVOS NA NINTENDO SÓ RECICLAM!!!!". Nem todos são jogos """hardcores""", mas acho que a Nintendo, no geral, está longe disso.

    Não que essa tenha sido a opinião de vocês, mas é mais comum o pessoal pegar o comentário de vocês e generalizar mais ainda. Não quero parecer fanboy, mas acho injusto. Torço muito pelo sucesso da Sony, Nintendo e da Microsoft, e gosto que a JUSTIÇA esteja presente, assim como o Phoenix Wright aqui de cima gostaria que fosse.

  • http://twitter.com/LucasElder @LucasElder

    Cara, sou apaixonado por F-Zero e concordei com o texto. Aquele lance de ele ir direto pra tela-título com aquela música grudenta era meio medonho, sei lá.

    Enfim, foi um jogo que me fudi muito, tanto no traçado das pistas, com aquelas navezinhas genéricas filha da puta atrapalhando ou ainda soltando turbo na curva por pura burrice.

    Os de GBA levam o conceito do F-Zero de SNES além, com mais modernidade, história (ok, tô falando do GP Legend) e sem perder identidade.

    Mas o meu preferido com certeza é o F-Zero X de N64 (e morro de vontade de jogar o GX do GC até hoje), por ter apostado na velocidade frenética e alucinante com aquela trilha sonora MOTHERFUCKER de foda que foi feita em cima das músicas do SNES.
    Foi realmente um "olha como aquele joguinho cresceu em tudo que podia crescer, muleque" o lance das 30 naves, novas pistas, modos, multiplayer e essas coisas.

    Fico no aguardo por um F-Zero novo, viu, Nintendo?

    • http://www.facebook.com/quantomaisalanmelhor Alan Macena da Cruz

      vendo cartucho original e na caixa do F-Zero me prcura no face alan macena da cruz

  • https://www.facebook.com/eduardo.schutt Eduardo Medeiros Schütt

    Me sinto foda pq fechei esse e o F-Zero X no Master.

    • orgerod

      Você termina God Hand no Hard. Você não conta!

  • https://www.facebook.com/matheus.cazuza Matheus Cazuza

    Joguei essa porra no "coop' com um amigo,um controlava o direcional e o outro o acelerador. Foi foda. Esse jogo é foda também. Esse site é foda. o texto também.

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