#RyseFacts e a revolta do Jantar (ou o que acontece quando você não pensa antes de twittar)

  16/10/2013 - 15:14   indústria, ryse, xone,  
 

via neogaf

O “crunch” é uma prática comum na Indústria de Games e de software em geral. Parece o nome de um chocolate gostoso e crocante mas passa longe disso: é comum projetos serem mal planejados, acontecerem imprevistos durante a produção, alterações maiores que o esperado serem feitas e isso resultar num atraso. Às vezes o jogo simplesmente é adiado como aconteceu com Watch_Dogs e como a Nintendo faz com praticamente todos os jogos.

Mas, muitas vezes, o prazo é aquele mesmo e não tem conversa, e então a equipe de desenvolvimento passa várias noites e fins de semana trabalhando para o jogo ficar pronto, e isso é o que chamam de “crunch time”. É comum, acontece muito, às vezes acontece até do jogo atrasar e ter crunch mesmo assim, mas não é o ideal e não é motivo pra ninguém se orgulhar.

E aí o twitter oficial do Ryse solta isso:

É, 11.500 jantas serão servidas para os membros da equipe até o fim do projeto, pra que eles possam comer no trabalho porque não souberam se planejar direito. Te garanto que todos na Crytek estão muito felizes com isso.

Talvez  quem não manje como isso funciona tenha achado legal a Crytek ter dado janta pra todo mundo (tem empresa que nem isso dá), mas quem é da indústria sabe a merda que é e se manifestou no twitter:

As lições aprendidas aqui são “pense antes de twittar” e “crunch não é uma coisa legal, evitem”. Inclusive é algo extremamente comum no Brasil também, mesmo com indústria pequena que existe aqui, experiência própria.

Fica a dica.

Tuba

Sobre

Arthur “Tuba” Zeferino é co-criador do site, programador e brother indie.
  • http://twitter.com/andremonsev @andremonsev

    Pra quem trabalha com publicdade, sabe que isso acontece bastante também. Mas legal que há um apoio da comunidade que trabalha na indústria, e que considera isso "feio" e "cruel" :)

  • http://twitter.com/kowabanga @kowabanga

    Tá aí um motivo bom pra ficar de orelha em pé sobre a qualidade do jogo no lançamento e a quantidade de patches que ele vai receber logo após pra tentar consertar as eventuais cagadas que sobreviveram ao Crunch.

  • http://notazero.com.br Giancarlo Silva

    O pior é que o jogo invariavelmente será uma porcaria por causa dessa e de outras práticas (já não se mostrou lá essas coisas nas demos da E3), mas uma penca de gente vai comprar assim mesmo…

  • https://www.facebook.com/caio.portoramos Caio Porto Ramos

    É engraçado como a indústria de jogos, tanto no exterior como no Brasil, acabam se utilizando das redes sociais ao invés dos órgão públicos de proteção ao trabalhador.

    Sei que lá nos EUA essa parada de fiscalização do trabalho aparenta ser mais desfalcada (é o que a mídia sugere), mas ao menos aqui no Brasil essas instituições possuem o mínimo de competencia pra fazer a pressão necessaria, impondo multas e pressionando para as empresas se adequarem aos padrões da legislação e, evidentemente, aos Direitos Humanos.

    Evidentemente que se utilizar das redes sociais acaba gerando um feedback mais rápido, mas isso não impede que o jogo ganhe tenha sua imagem prejudicada, venda um tanto menos e diminua o suado "bônus de vendas/participação dos lucros da empresa" para os nossos queridos Devs!

    É uma questão muito delicada que a maioria dos portais acabam deixando de lado.

    Lembro que um famoso portal gringo com filial aqui no país noticiou que os times que trabalharam em Red Dead Redemption extrapolaram várias jornadas de labor para concluir o jogo em tempo e, pasmem, acabaram não recebendo nada com o pós-vendas.

    E a notícia morreu por aí!

    Acho que informar é muito importante, mas em casos como este, não gera mudança. O debate dos comentários ficam sendo os mesmos: de que a indústria tá uma porcaria, são um bando de sanguessugas e que infelizmente o jogo ainda vai vender bem.

    Sabe o motivo? Porque quem esse tipo de notícia não chega aos ouvidos do homem comum, apenas é divulgado através da imprensa especializada, para o leitor inteirado (que, vamos admitir, é uma minoria em relação a todo o grupo de "game consumers").

    Então gente, se você trabalha aqui no Brasil com games ou trabalha no exterior e lê esse site, lembre-se de denunciar ao Ministério do Trabalho ou à Procuradoria do Trabalho.

    Aqui no país eu sei que é mais difícil, pq tá todo mundo querendo crescer e meio que é cada um por si, tentando estabelecer networks nesse mundo cão, mas em locais onde a indústria já é consolidada, pode valer muito mais a pena denunciar.

    Afinal, queimar a empresa nas redes sociais gera um buzz interessante, mas uma multa pesada pode fazer a empresa entender o recado bem onde ela sente mais: na carteira!

    • eltonbm

      É engraçado como indústria de entretenimento funciona no geral: Quanto mais gente trabalha em algo, mais o dinheiro parece se polarizar. No caso de jogos e filmes, parece que é onde os extremos aparecem. Casos como o do filme a Vida de Pi e a empresa que cuidou do VFX, ou do Red Dead Redemption são apenas a ponta do negócio.

      • https://www.facebook.com/caio.portoramos Caio Porto Ramos

        A grande treta, ao menos na indústria do jogos, é que a massa operária dela se constitui praticamente de gente que cresceu jogando os joguinhos e desejando apenas criar suas próprias aventuras.

        Se tornar mais próximos dos seus ídoloes criadores. E como os CEOS e superiores hierárquicos não são burros e só pensam em fazer grana, ficam estimulando esse pensamento de "dê muito duro ae fazendo escala 24/7 que um dia vc vira o rockstar da indústria do entretenimento". E porra, não é assim.

        O próprio Michael Patcher vem com um papo de que vc tem de dar muito duro, perder umas horas de sono e dedicação à família aqui e ali porque um dia o seu jogo vai bombar e seu nome será reconhecido. De fato, talvez isso aconteça, mas irá ocorrer apenas com um ou dois de um time de mais de duzentos devs, todos com uma função similar ou de nível hierárquico na mesma linha horizontal.

        A grande diferença vai para quem realmente quer mostrar a cara e fazer parte das apresentações em conferencias de E3 ou se reunindo com executivos, que invitavelmente acabam aparecendo mais defronte as cameras e, se conseguir sobreviver à chuva de piadas que a internet sempre faz com qualquer nvoato que aparece, pode se tornar um novo notado.

        Então, dá pra ver que a história não é por aí.

  • https://www.facebook.com/pulsotwero Samir Montalvão Fraiha

    Acho que o responsável pelo tweet do Ryse achou que "dar suor e sangue" pelo game fosse impor respeito. Não creio que sjea a comparação ideal, mas trazendo para o ambienta familiar brasileiro, é como se a pessoa se vangloriasse de fazer algo épico, mesmo diante das dificuldades impostas pelo dia-a-dia: transporte, morar no interior, comer e dormir pouco, etc….

    Ao mesmo tempo que "pô, ao menos eles dão um almoço, né?" mostra o quão desgastante o processo tá sendo e o quão o pessoal do desenvolvimento tá dando duro pelo game. O pior: nem parece que vai ser bom.

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