Qualé a desse tal de… Lego Marvel Avengers

  2/03/2016 - 15:52   lego marvel avengers,  
 

É um tanto quanto estranho absorver um jogo de Lego. O primeiro que eu joguei foi há mais de dez anos e quando foi a vez de Lego Marvel Avengers, que já começa estranho com o próprio nome completo do jogo sendo o nome de três marcas seguidas, as coisas não pareciam ter mudado muito desde o que eu me lembrava.

Para quem tem absolutamente zero ideia do que isso se trata: os jogos de Lego baseados em franquias geralmente recriam histórias que você vê no cinema e nos quadrinhos, em alguns casos (como esse) em um detalhamento quase completo. Aqui eles replicam completamente os dois filmes da série Avengers, e alguns momentos de outros filmes da Marvel.

Essa pode parecer a parte intrigante e estranha, já que você pensa que, se as pessoas quisessem ver uma representação completamente fiel, elas consumiriam o produto original e não uma remontagem feita com bonecos de baixa articulação. Mas, nesse ponto, são inegáveis o charme e a graça que esse teatrinho tem, sempre enfiando algumas piadas ou reações engraçadas nos personagens durantes as cenas. Na verdade, essa reinterpretação desnecessária do material original é uma das melhores partes. O problema principal fica no design de jogo em si.

O jogo claramente parece feito tendo em mente como público principal uma massa mais jovem, mas, ao contrário de Knack por exemplo, ele é muito complexo e cheio de camadas. E não é aquele tipo de complexidade que a gente gosta de ver em um jogo, com uma alta curva de aprendizado ou puzzles elaborados, mas sim uma complexidade forçada e cheia de regras. As muitas camadas não parecem estar lá para você descobri-las, mas sim como algo que já se esperaria de um jogo da franquia Lego.

As regras mencionadas não são algo de outro planeta, mas são muitas: só bonecos com scanner podem descobrir coisas secretas no mapa, só bonecos com poderes cósmicos podem quebrar blocos cintilantes, apenas personagens X podem fazer ação Y. Essas muitas regras criam alguns momentos interessantes no meio do jogo, mas mais criam problemas que prazer.

Primeiramente elas soam como se você tivesse perdido algum tutorial mais aprimorado ou se precisasse ter jogado outros jogos da franquia Lego para realmente ficar por dentro das mecânicas. Outras vezes algumas coisas óbvias são altamente complicadas simplesmente por não se ter uma ideia clara do que fazer.

Mesmo após se absorver todas essas regras, a escolha de design ainda soa muito estranha. No meio de trocentos personagens jogáveis que você pode escolher, eles não se deram nem o trabalho de criar uma telinha mostrando as habilidades e capacidades de cada um desses personagens. Até uma pessoa que manja muito de Marvel precisa ficar se perguntando se o Visão, por exemplo, teria ou não a habilidade de escanear uma área e em alguns casos, como nesse, personagens onde a habilidade se encaixa muito bem simplesmente não possui a mesma.

Portanto saber qual personagem funciona em tal situação é um jogo de tentativa e erro em um escopo que abrange mais de duzentos bonecos. Embora quantia de personagens seja até emocionante para um fã, dentro do jogo ela acaba sendo um número frustrante quando você não sabe exatamente o que está escolhendo se já não tiver jogado com determinado personagem antes. Como mencionado antes, isso poderia ser resolvido de maneira absurdamente simples.

Voltando às camadas extras que mencionei antes, quase todas elas parecem também ser resquícios desse modelo imutável que a franquia Lego criou e que deve estar em todos os jogos. Existem alguns colecionáveis pelas fases, como Minikits, fichas de novos heróis, Blocos Dourados e Blocos Vermelhos. Mas não vejo como cada um deles se diferencia entre si (fora as fichas de personagens que são autoexplicativas), você não sabe por que está pegando esses itens além de serem “secretos”. É tudo muito raso e superficial, parece simplesmente preguiça de sair da mesma fórmula que já está rolando faz anos.

Desses segredos o único interessante é o Stan Lee em perigo, que aparece durante cada uma das fases em uma situação de merda e você tem que descobrir como salvá-lo. Embora siga a mesma fórmula de “como eu faço para chegar até ali” que você usa para pegar um Minikit, o simples fato de ser alguém famoso, e ter toda uma situação envolvendo o segredo já torna a busca pelo mesmo algo mais agradável e especial.

O que eu sinto é que, mesmo depois de vários anos produzindo basicamente o mesmo jogo, com a mesma engine e as mesmas ideias, a franquia de jogos Lego ainda tem muito charme e consegue atingir muita gente.  Mas, olhando mais a fundo, não consigo deixar de sentir pena pelo aparente desleixo nos diversos fatores mencionados aqui.

Com um pouquinho mais de direção e alguns retoques mais inteligentes, Lego Marvel Avengers deixaria de ser um jogo cru, empurrado com a barriga, e baseado em receitas criadas há mais de uma década, para ser um título que realmente faz jus a toda magia e charme que os bonequinhos amarelos evocam em sua simplicidade e inocência. Por enquanto ele se contenta em ser, talvez, um ótimo título para as crianças que estão cagando para tudo o que eu escrevi aqui.

PS: Como o jogo é feito baseado no Universo Marvel do cinema e não dos quadrinhos como seu antecessor, nada de Mutantes, Homem-Aranha (sim, provavelmente o jogo ja estava sendo feito antes da Marvel tomar os direitos de volta), etc…

Lego Marvel Avengers está disponível para PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 3, Xbox 360, Nintendo 3DS, PlayStation Vita, Wii U e Windows! Esta análise foi feita a partir de uma cópia de review da versão PS4, nos cedida pela Warner Brasil.

 

Hynx

Sobre

Um rapaz gordo com cara de mendigo, que só quer saber de: jogar, salvar state, carregar state, irritar pessoas, escrever, e quem sabe até ganhar um beijo doce da Rainha do Rodeio.
  • Felippe Martins

    eu assistiria um Maso Retrô dos Legos antigos.

    • Hynx

      Hahahaahha cé loco.

  • Gabrieleiro

    Ótimo texto.
    Um aviso: Na primeira linha, a frase “foi há mais de dez anos” está escrita na ordem errada.

    • Hynx

      Valeu! Arrumado!

  • Adriano Martins Leite

    Hynx, no caso das mecânicas e regras, o Lego Marvel Super Heroes é melhor, igual ou pior que este?

    • Vinicius Rossini

      Não joguei o Avenger mas pela descrição me parece extremamente igual.

    • Olha, é parecido, mas pelo que me lembro ele tem menos regra. Mas na questão de não diferenciar ou evidenciar as diferenças nos personagens é a mesma coisa.

  • Vinicius Rossini

    As minhas reclamações com a série Lego são exatamente as mesmas. Tudo é muito complexo… ainda estou tentando entender qual a necessidade de um mundo aberto no Marvel Super Heroes. É meio estranho reclamar sobre a quantidade de conteúdo, mas quando se tem tanta coisa é precisa amarra-la. Quando se joga em coop então… A tela fica tão pequena que não consigo distinguir, já que tudo são blocos. As vezes o jogo pede para você reconstruir uma máquina ou objeto interativo que você nunca viu antes e é tão abstrata e genérica que é impossível distinguir-la de blocos colecionáveis, destroços do cenário e pedaços de inimigos. Ai você cria uma regra interna: se não sabe o que fazer sai apertando tudo… Quando me frustro troco o jogo por Mário 3D World para jogar coop e percebo o quanto “menos vale mais” as vezes…

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