Qualé a desse tal de… Kirby Planet Robobot

  24/06/2016 - 13:56   3DS, kirby, review,  
 

Kirby é uma das minhas franquias preferidas, é daquelas que eu tenho história. Kirby Superstar foi o jogo que mais joguei com meus amigos na minha infância, Kirby 64 foi um dos jogos que mais esperei ansiosamente na minha vida, Kirby’s Return to Dreamland foi o primeiro jogo que terminei junto com a minha namorada. Eu acredito que Kirby é um dos jogos que tem uma formula mágica, sua base é tão bem feita e bem polida que não tem como fazer Kirby ruim, nem o Kirby mais genérico consegue ser ruim. Talvez seja um caso meu de “Nintendismo irracional”, mas se você ter certeza de que ama algo é ser irracional, então graças a Deus que sou.

Kirby Planet Robobot não contradiz absolutamente nada do que falei acima, é o mesmo Kirby de sempre sendo bom do jeitinho que ele sabe ser. Ele roda na mesma engine do anterior, Kirby Triple Deluxe, e funciona exatamente da mesma forma. O Kirby suga e rouba a habilidade dos inimigos, pode voar e dar rasteira.

A “gimmick” da vez fica para o robô que aparece de vez em quando em cada fase. Com ele você perde uma habilidade básica da série, a de voar, mas é compensando com poderes mais fortes. Essa subtração acaba mudando um tanto como o Kirby se relaciona com a fase; por ser impossível voar, há um cuidado maior com buracos ou inimigos que atacam no chão. O robô não chega a ser totalmente opcional, há poucos momentos em que você pode escolher entre ele ou ir normal, mas não há motivo para não usá-lo, pois ele tem acesso à maioria das áreas secretas.

Diferente dos dois jogos anteriores da série, jogar com o robô não é uma tarefa entediante ou fácil demais, ele joga como se fosse um desafio diferente, mas integrado ao resto do jogo, e isso é muito bom.

Historicamente, Kirby é um jogo fácil. Sempre foi e sempre vai ser, está na sua filosofia de design. Geralmente o desafio fica para a procura de coletáveis pelo cenário e pelo pós jogo. Planet Robobot continua assim, embora achei a maioria dos coletáveis bem óbvios e fáceis. Por exemplo, num jogo mais antigo, alguns puzzles giravam em torno de usar um poder num determinado contexto. Nem sempre esse poder estava abertamente disponível, às vezes estando até em uma fase completamente diferente. Mas no atual, às vezes o poder se encontra na frente ou até na mesma sala do puzzle, tirando aquele aspecto de descoberta e até mesmo de tensão em ter que manter o poder até a área necessária. De qualquer forma, o pós-jogo continua bastante difícil, mas não impossível.

Digo isso porque Kirby é um jogo que te incentiva a fazer 100% para sentir a experiência completa. O jogo principal é relativamente curto, mas boa parte da cerne são os desafios extras e os minigames. Aliás, os minigames são uma tradição da série que continuam nesse, um se baseando num conceito de um Kirby onde o movimento é 3D e o outro em uma série de Boss Battles com elementos de RPG. Embora talvez nem todo mundo consiga passar dos modos arena, ainda é algo bastante possível ver sua porcentagem aumentando significativamente, diferente de outros jogos que pedem que você abra cada baú em cada dungeon para completar 100%.

Por ser uma série grande e com história, não é incomum os jogos referenciarem outros passados. De fato, começando com Kirby Superstar que inclui um remake (quase) completo do primeiro jogo de Gameboy, é muito comum cada nova interação da série fazer alguma referência a outra, mas nunca de forma para se aproveitar da nostalgia do jogador e sim para celebrá-la.

Planet Robobot é um jogo que, em sua ambientação, é muito diferente dos outros jogos da série. Aqui, Kirby muitas vezes passa por meios urbanos, cidades com carros, cassinos, portos, cenários não muito comuns. E mesmo assim, o jogo ainda gosta de te lembrar do que veio antes, seja por remix de músicas ou por personagens que não aparecem tem 20 anos. As fases extras de cada mundo são basicamente uma desculpa para reusar músicas antigas da série. É como se a HAL fosse muito fã do próprio jogo e soubessem como quem vai jogar e ama a série vai sentir quando ouvir e ver essas referências. Aliás, eles com certeza são, pois Kirby não perdeu seu charme até mesmo depois de seu criador, Masahiro Sakurai, sair da empresa e ir para outros projetos, o que me faz imaginar que o fato de sair jogo até hoje é por puro amor à bolinha rosa.

Talvez por saberem que o jogo base é muito forte é que Kirby constantemente está em outro tipo de jogos e fazendo coisas que não faz normalmente no seu. A HAL sabe que quando voltar para as suas origens, vai sair um jogo bom. Planet Robobot é exatamente isso, é um Kirby divertido e bem pensado. É basicamente uma versão melhorada do Triple Deluxe, mas não há nenhum problema nisso. É um dos poucos plataforma 3D que conseguem ser bonitos e que não fazem eu pensar constantemente em como ele podia ser um desenho e não um monte de polígono.

No final das contas, essa análise acabou saindo mais como uma carta de amor à franquia do que exclusivamente sobre o jogo, mas isso é porque foram os meus sentimentos enquanto eu jogava. Eu não sou um robô, ninguém é, é impossível não ter seu sentimento pessoal junto quando joga algo que já ama muito. Se Planet Robobot tivesse falhas absurdas e fosse não jogável, eu diria aqui, provavelmente estaria triste. Mas não tem, ele é o jogo agradável que eu esperava que fosse e cabe a você e não a mim decidir se vale seu tempo. Só escrevo para compartilhar o que senti jogando.

Sobre

Luiggi "Afro" Ligocky é um pseudo-artista que estuda a área de jogos digitais. É um adorador de jogos japoneses e bizarros desde a época em que ganhou seu Super Nintendo. Grande fã da Nintendo, Konami e Sega.

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