AM2R, remake não-oficial de Metroid 2, é retirado do ar pela Nintendo

  9/08/2016 - 14:04   Metroid,  
 

Bom, essa é uma história estranha de se contar. Metroid 2: Return of Samus, o segundo capítulo da trilogia original de Metroid, foi lançado em 1991 para o Game Boy e é constantemente lembrado como um jogo peculiar: não é um jogo ruim, mas é um jogo cujas ambições eram claramente grandes demais para o portátil em que se apresentava, e é um daqueles casos onde é bem difícil jogar e não pensar “cacete, isso aqui beneficiaria horrivelmente de um remake”.

Metroid 2 é um claro meio-termo entre o primeiro Metroid do NES e Super Metroid, onde um bom número de ideias e concepções de design foram mais polidas, mas que sofre por não ter coisas que se tornariam convenções em todos os jogos do gênero alguns poucos anos depois (como, por exemplo, ter um MAPA). Não coincidentemente, sempre houveram um grande número de projetos buscando refazer ou aprimorar a experiência de interface ou jogabilidade de Metroid 2, seja na forma de fan-games ou romhacks, de modo a revitalizar o jogo e fazer muitos fãs conhecem como é, de fato, o segundo capítulo da saga de Samus sem precisar aguentar as limitações do jogo original.

Nisso veio AM2R (Another Metroid 2 Remake), um fangame feito no Gamemaker que passou 10 anos em desenvolvimento e que planejava preencher justamente essa lacuna. Após 10 anos de trabalho independente, AM2R foi lançado gratuitamente na internet para Windows no dia 6 de agosto de 2016. Hoje, dois dias depois, todos os links oficiais do jogo estão fora do ar devido a uma reclamação de propriedade e uso indevido de direitos autorais pela própria Nintendo.

Esse é um daqueles casos onde ética e lei de fato se encontram. De fato, o desenvolvedor passou um longo tempo desenvolvendo o jogo, e ele explicita que não é detentor de qualquer direito autoral da série, sendo estes pertencentes à Nintendo; por outro lado, o jogo utiliza personagens, nomes, design, arte, conceitos e mecânicas explicitamente pertencentes à jogos anteriores da franquia, bem como o uso do nome da própria franquia em si, e todas essas coisas são de fato propriedade da Nintendo, então ela possui o mais absoluto direito de fazer exatamente isso. Isso não cai sobre uma cláusula de “Fair use”, ou o utiliza como inspiração; é literalmente uso consciente e não autorizado de material protegido, mesmo que para fins não-lucrativos.

É uma pena que um fangame feito com tanto esmero e que buscasse preencher uma lacuna que a própria empresa nunca buscou preencher tenha encontrado tal destino, mas de fato, é completamente de acordo com o que diz a lei. Aparentemente o Motherboard (da VICE) vai contar um pouco mais sobre a história do pedido de remoção feito pela Nintendo em breve, então resta esperarmos.

Aqui, fica apenas uma nota sobre um jogo que passou 10 anos no forno e só existiu, de forma “oficial”, por dois dias. É irônico pois, de um modo, ele se aproximava mais do que muitos fãs poderiam desejar da série do que o que a própria empresa planeja para o seu futuro. Se o jogo será eternamente esquecido ou não nesse diferente mundo digital que temos hoje é algo que só o futuro vai nos dizer; mas certamente será um desenvolvimento interessante.

Enquanto isso, só espero que isso finalmente tenha dado a chocoalhada de realidade que os caras do Mother 4 tão urgentemente precisando. Assim, só falando… tomar influência em produções criativas todos nós fazemos, sabe? Já dizia o velho Chacrinha. Mas talvez seja melhor você olhar para outros exemplos de produções bem-sucedidas que bebem de fortes inspirações para fazer algo próprio do que tentar, desesperadamente, mexer no que não é seu.

Só falando, mesmo. Tem bastante gente fazendo muita coisa legal por aí; então não façam essa ambição ser um empecilho para seu próprio trabalho, a menos que você esteja realmente, realmente determinado a encarar as consequências.

Sobre

Rodrigo "Rod" é de Salvador, Bahia. Estuda psicologia, finge ser escritor, e acha que entende alguma coisa sobre game design.

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