Qualé a desse tal de… Dragon Quest Heroes: The World Tree’s Woe and the Blight Below

  11/01/2016 - 23:34   Dragon Quest, musou, review,  
 

Sempre nutri certa quantidade de interesse por Dragon Quest. Lembro na época de lançamento do 8, quando faziam um grande alarde quanto ao tamanho do mundo e como ele era um jogo renovado na série. Com 13 anos, acho que eu e meus amigos esperávamos algo diferente. Embalados por Final Fantasy e Disgaea, provavelmente queríamos algo mais explosivo e frenético. Enquanto eu assistia ele jogar, só conseguia sentir que ele pensava o mesmo que eu: “Esse jogo é chato e parado”.

Eu nunca fui um grande mestre dos RPGs de videogame. Até pouco tempo atrás minha lista de vitórias só continha os RPGs do Mario. Só depois de velho que fui tocar em Final Fantasy (até hoje eu nunca sequer passei da tela de titulo do VII) e outros RPGs como Shin Megami Tensei. Não é que eu não gostasse do gênero, mas eu cresci com Nintendo e não agarrei a chance no SNES. Apesar disso, sempre admirei de longe. Meu encontro com Dragon Quest foi desastroso, mas eu o respeitava, afinal, foi (mais ou menos) o pai de todos.

Meu interesse real pela franquia surgiu com um jogo chamado Itadaki Street DS (que depois saiu para Wii como Fortune Street). É basicamente uma versão japonesa de banco imobiliário, só que misturando personagens do Mario com os de Dragon Quest (curiosamente, as versões anteriores do jogo pra PSP e PS2 são um cross-over entre Final Fantasy e Dragon Quest). Eu havia me interessado pelos personagens, músicas e estética do Mario, Dragon Quest veio como um brinde pouco interessante, até eu escutar essa música:

Coincidentemente, essa é a música que toca no HUB central de Dragon Quest Heroes durante 90% do jogo. Tudo que conheço de Dragon Quest (com exceção do primeiro que terminei esse ano e do quarto que joguei bastante) vem de outras fontes que não são o jogo em si. A princípio achei que isso ia me atrapalhar, visto que eu com certeza não era o público-alvo. Felizmente, Dragon Quest Heroes faz de tudo para não te alienar enquanto tenta ao máximo manter o espírito original da série. Nesse quesito, ele me lembra muito Hyrule Warrior, já que ambos pegam emprestado a premissa do Dynasty Warriors para si, ao invés do contrário.

Dragon Quest Heroes é o musou menos musou que já joguei. Você tem status (embora não importem tanto), equipamento completo e até uma party de 4 pessoas, além de MP e magias. O foco ainda é matar vários inimigos fracos no mapa até chegar nos fortes, mas se o compararmos a qualquer outro musou, ele é de longe o mais devagar. Acho que isso se encaixa no que falei antes. Posso estar errado, mas eu enxergo essa lerdeza como característica da série, é uma de suas identidades. Enquanto Zelda já era um jogo de ação por si só e a ideia foi só adicionar itens à fórmula musou, Dragon Quest era um RPG, então houve uma reestruturação tão grande em como o jogo funciona que eu às vezes me esqueço que é uma produção do Omega Team.

Enfim, o jogo em si é bastante simples em seus objetivos: derrote todos os inimigos do mapa, defenda um ponto até os monstros pararem de vir, mate o chefe. A história é nova e só pega emprestado os personagens de outros jogos, o que é até legal, mas por falta de conhecimento não saberia dizer se condiz com o que foi visto na série até então.

Também é bastante bonito, conseguiram captar muito bem o estilo do Toriyama (autor de Dragon Ball) em 3D sem depender do cel-shading, apesar de que o jogo poderia ter ficado visualmente mais agradável com ele.

A variedade de combos e golpes é pequena se comparada com outros jogos do gênero, mas o foco aqui está no fato de você ter magias e 4 personagens no mapa ao mesmo tempo, podendo trocar entre eles a qualquer hora. As magias por sua vez gastam MP, que vai se recuperando aos poucos durante a batalha. Todas as magias e golpes especiais parecem ser golpes clássicos da série, com os personagens gritando os nomes sempre que podem.

Além disso há um sistema de “Tension” (que aparentemente é algo presente na série normal?) que vai aumentando à medida que você bate nos inimigos. Chegando no máximo, o personagem entra num estado mais forte, onde se movimenta e ataca bem mais rápido, além de não levar dano nem gastar MP para magias. Tudo isso acaba com um golpe especial diferente para cada um, alguns bastante legais e outros bem sem graça. Esses finalizadores são os ataques que de longe dão mais dano, então geralmente as batalhas se resumem em trocar de personagem e acumular “tension” com cada um, para depois utilizar em um inimigo muito forte ou numa quantidade muito grande de inimigos.

 

Apesar de ser diferente de outros musous em vários quesitos, o core ainda é basicamente o mesmo. Nisso ainda há as medalhas de monstro, que são o principal elemento estratégico do jogo. Todo monstro que for derrotado tem uma chance de derrubar uma medalha correspondente a ele, sendo possível chamá-lo para a batalha. Alguns servem para dar um ataque forte e depois sumir, outros para curar e outros para defender um posto, que são os mais importantes nas missões de defesa, onde podem vir inimigos por todos os lados enquanto você perambula pelo mapa fechando os pontos de entrada dos monstros. Nisso o jogo às vezes quase vira um tower defense.

Dragon Quest Heroes oscila bastante entre ser bastante fácil e ridiculamente difícil, além de ser muito maior do que deveria. A falta de variedade nas missões começa a encher o saco já pela 15ª hora de jogo, o que ainda não é nem metade da campanha completa. Há um sistema de quests que envolve vários objetivos, como completar uma missão, pegar itens específicos ou matar um numero x de monstros. Algumas são importantíssimas como as que te recompensam com espaço de inventário maior ou com a possibilidade de chamar mais monstros para a batalha, mas em geral são dispensáveis e tentar fazer todas é maluquice, já que há mais de 100. Com 12 personagens também não há muito o que experimentar, em poucas horas você já viu tudo. A diversão fica mais em criar um time com os personagens que você gosta.

Quanto à trilha sonora, são versões orquestradas bem conhecidas de várias músicas, onde algumas funcionam muito bem, mas outras ficam absurdamente repetitivas, embora isso novamente possa ser justificado pela minha falta de contato com a série. Há 12 personagens no total, com 3 (4 com o DLC) sendo de Dragon Quest IV, o que me fez ponderar se ele seria o seu Final Fantasy VII.

Jogar com personagens conhecidos em um mundo completamente novo é uma premissa interessante para quem já é fã deles, mas também não deixa de atiçar a curiosidade de quem ainda não os conhece. Mesmo assim, não sei se ele serviria para chamar novos fãs, até porque acho que o objetivo sempre foi pegar quem já gostava antes. Quem gosta de Dynasty Warriors talvez não se interesse tanto pelo estilo mais lento do jogo. Mas mesmo assim, não deixa de ser uma boa exposição. E também, tal qual Dissidia foi para Final Fantasy, acredito que esse é o primeiro jogo em que muitos desses personagens adquirem vozes, então há um certo apelo que simplesmente passou despercebido por mim, mas que acho importante ao menos notar.

Qualé a desse tal de... Dragon Quest Heroes: The World Tree’s Woe and the Blight Below

Spin-offs de Dragon Quest têm uma peculiaridade interessante – talvez por ser uma série tão querida no Japão – em que eles dificilmente quebram a identidade da série. Nisso, eu respeito Dragon Quest Heroes, por se parecer mais com um Dragon Quest de ação do que com um Musou de Dragon Quest. Apesar de chegar um ponto em que eu rezava para que o jogo acabasse logo, as cenas ainda me prendiam e no final das contas a soma de tudo me deixou contente.

Como há confirmação de uma sequência, já tenho certeza de que ela vai ser melhor que o primeiro jogo, então talvez seja melhor esperar por ele se você não gosta muito de musou, mas adora Dragon Quest (e vice-versa), a não ser que você não se importe muito com repetição. Só espero que até o próximo jogo eu tenha terminado mais da série. Talvez assim consiga mensurar melhor o seu apelo.

Dragon Quest Heroes: The World Tree’s Woe and the Blight Below está disponível para Playstation 4 e PC. Essa análise foi feita com base em uma cópia da versão de PS4 nos enviada pela G64.

Sobre

Luiggi "Afro" Ligocky é um pseudo-artista que estuda a área de jogos digitais. É um adorador de jogos japoneses e bizarros desde a época em que ganhou seu Super Nintendo. Grande fã da Nintendo, Konami e Sega.

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