Sempre que um gênero novo surge, é comum as pessoas chamarem os jogos daquele gênero de “clones”. Estamos vendo isso agora com os chamados “clones de Minecraft” e mesmo depois de muitos anos ainda chamam de “roguelike” os jogos parecidos com o clássico “Rogue”. DOOM não foi o primeiro FPS, só a id tinha feito quatro FPS antes dele, mas ainda assim, eu me lembro de um tempo em que FPS eram chamados de “clones de DOOM”, tamanho foi o seu impacto na época.
DOOM redefiniu o gênero e criou um novo padrão de qualidade. Não é à toa que até hoje eu jogo ele de vez em quando e ainda me divirto.
Há muitos anos, antes da existência do site, escrevi junto com o Marcellus um texto sobre porque a gente não deveria ter vergonha de jogos violentos, já tá bem datado e eu já até mudei de ideia sobre algumas coisas ditas lá, mas o ponto é que DOOM foi um dos jogos que começaram com isso, sem vergonha nenhuma. Muito pelo contrário, eu diria que DOOM é muito sobre você se sentir bem atirando em coisas vivas e vendo elas se despedaçarem… meio como Hotline Miami só que sem a parte em que o jogo faz você pensar um pouco sobre o que você fez.
Os inimigos sempre morrem de forma grotesca, se despedaçando, gritando e quando explodem viram uma coisa irreconhecível e fazem um barulho de carne moída sendo espalhada na pia. As armas têm sons bem específicos, naturais e gostosos de se ouvir ao serem disparadas, e quando você pega uma arma nova, o seu personagem faz uma cara feliz; não de alívio, mas de “agora sim eu vou foder com todo mundo >:D” e de fundo você sempre tem um heavy metal em chiptune pra dar aquela animada. Tudo isso torna a matança algo mais “prazeroso” e não é à toa que os inimigos são demônios e zumbis, criaturas indubitavelmente malignas, pra que você não se sinta mal por elas.
Mas dizer que DOOM é só um jogo violento é como dizer que feijoada só um feijão com uns pedaços de porco. Só um jogo violento não seria bom até hoje, e DOOM foi o primeiro FPS onde as fases não eram formadas só por um monte de quadrados (também conhecidos como “tiles” pelos manjões) e podiam ter quase qualquer forma (desde que não tivessem 2 andares). DOOM tinha salas redondas (OLOCO!), iluminação (CARALHO!), tinha teto (NOSSINHORA!) e tinha chão com alturas diferentes (PUTA QUE PARIU!!!!). Essas inovações não impressionaram só os jogadores mas também os level designers que se empolgaram com as novidades pra fazer tudo que antes não era possível.
DOOM tem mapas que são labirintos com inimigos tentando te pegar de surpresa, mapas com grandes áreas abertas onde você enfrenta uma quantidade gigante de inimigos de uma vez só, mapas que exigem que você fique indo e voltando e incentivam a exploração, mapas mais lineares, mapas que brincam com a iluminação pra dar um clima mais tenso, mapas com áreas secretas maiores que a própria fase, mapas experimentais (principalmente no II) e por aí vai…
DOOM é um tipo de FPS que não existe mais, que não te leva pela mão, só te larga no meio de um mapa e fica te observando com um saquinho de pipocas enquanto você se vira pra descobrir o que fazer. Por isso é normal se perder em uma fase de DOOM, algo que hoje é até considerado ruim. Mas felizmente, na época não era, os designers estavam cagando pra sua paciência e tempo livre e fizeram um jogo em que você se perdia mesmo. Isso ajudava a criar um clima de tensão e fazia você se surpreender a cada momento, porque era explorando a fase pra descobrir o que fazer que você acabava encontrando alguma passagem secreta muito doida ou caía em uma emboscada com 30 demônios saindo das paredes bem no momento em que você pegou AQUELA ARMA GRANDE PRA CARALHO.
DOOM foi lançado há exatos 20 anos, no dia 10 de Dezembro de 1993 e, mesmo depois de tanto tempo, continua um jogo muito bom. Pra quem não está acostumado, jogar DOOM hoje pode ser meio estranho. Ele é um jogo 3D que na verdade é um 2D com uma gambiarra, é um FPS sem pulo, que se joga pelo teclado e onde se atira apertando o CTRL, sem precisar recarregar as armas e sem muretas pra você se proteger. Mas eu garanto que rapidinho você se acostuma com essas coisas. Quando menos se espera você também está fazendo as mesmas caras que o carinha na sua interface e pensando “agora sim eu vou foder com todo mundo >:D” ao pegar uma arma maior. Porque game design bom, isso não envelhece.
DOOM está disponível pra praticamente qualquer sistema. Sério, tem DOOM pra quase tudo e se não tiver você pode pegar o código fonte e portar você mesmo!
PS: As fotos vieram do site do John Romero.
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