Qualé a desse tal de … The Wolf Among Us: Episode 3

Vamos começar com a boa notícia: finalmente esse é o primeiro episódio da saga que me agradou um tanto mais, considerando o escopo de quem já conhece os quadrinhos, em conjunto com a busca por atingir o público que não manja absolutamente nada de Fables.

Mesmo muita gente tendo gostado de como as coisas estavam antes, já discutimos nas partes anteriores que a escolha era um tanto quanto ilógica. Ao jogar essa terceira, espero que aqueles que gostaram das escolhas passadas tomem essa como uma ilustração do meu ponto principal: dá pra fazer muito pelos novatos na série sem estragar a graça de quem já sabe tudo.

Aquelas estúpidas ideias de suspense no final do episódio que só faziam sentido para os novatos, a repetição de cenas, a falta de coragem no desenvolvimento de personagens, a falta de comprometimento em entregar conteúdo conciso; tudo isso foi resolvido nesse episódio, que parece mudar da água para o vinho em quase tudo me fazia reclamar, incluindo também pontos diferentes que eu ouvia de outras bocas.

Na verdade, a mudança nas entrelinhas é tão clara (principalmente para quem não estava em sintonia com o tom anterior), que eu chego a me perguntar se a Telltale não anda usando em The Wolf Among Us um processo criativo muito visto na famosa e eterna novela da Rede Globo, Malhação. Escutando o que a turminha anda falando e mudando sem vergonha nenhuma a direção do barco para mares mais seguros. Mas isso é assunto pra outra hora (não esperem tanto, digitando esse parágrafo eu quase dormi).

Chegou a hora de analisar o pensamento do leitor que acompanhou até aqui: “Mas puta que o pariu, Rincão. Se os caras tão fazendo do jeito que você não gosta, você desce o pau; se eles arrumam, você reclama que eles devem ter mudado nos quarenta e cinco do segundo tempo. Você é chato pra caralho, hein?” – Respondendo: Sim, eu sou chato pra caralho. É quase um hobby meu ser chato pra caralho. Na quinta série eu ganhei um troféuzinho do menino mais chato pra caralho da escola.

Mas veja: quando você é chato pra caralho as coisas ganham certa perspectiva diferente, e esse trejeito te dá a possibilidade de viver em extremos da análise. Uma vez eu já analisei revistas de garotas adolescentes, dessas com ídolos do Pop e dicas para pegar o mais gato do bairro, só por que deu na telha. Eu analisei até o seu provável pensamento ao ler esses primeiros parágrafos!

Não reclame sobre Spoiler quando eles estão usando isso na própria propaganda do episódio.

A gente brinca na redação do GAMESFODA que fazer análise é tipo estar participando de um Shonen, uma épica batalha entre os redatores em busca do melhor ângulo, da introspecção mais genial, e realmente é isso que análise é pra mim. Um mistério, uma filosofia em cima de pontos que parecem tão simples.

O que isso tem a ver? Vamos juntar as peças que temos até agora. Um cara (chato pra caralho, última vez, prometo) que adora analisar as coisas; o melhor episódio até agora de uma série de cinco; uma análise lançada infinitas semanas depois do lançamento do jogo. Some tudo isso e fica claro que, a única lógica nisso tudo, é que minha vontade pra escrever sobre isso é praticamente inexistente.

“Mas como assim? Você não é o cara que tem orgasmos ao analisar coisas?” – pergunta o leitor hipotético. O problema não é uma coisa ser ruim ou boa. A verdadeira quebra de tesão acontece quando algo é triste em um contexto geral mais amplo do que a obra em si.

Continuo a explicação propondo a visualização de uma metáfora onde você está em um bar. As pessoas adoram metáforas em análises (ou só eu gosto disso, mas esse texto já quebrou todos os padrões de impessoalidade).

Sim, você está em um bar e o barman lhe serve uma bebida escolhida aleatoriamente no cardápio. Você nota em seu olhar certa insegurança. Quem sabe ele seja novo ali, quem sabe ele tenha apenas seguido uma receita da qual ouviu falar. Você bebe um gole, descobrindo que não está tão ruim assim, e ao acabar pede outra bebida diferente. Alguns drinks a seguir o barman te entrega sua mistura com outra postura. Ele parece confiante, dessa vez você sente que ele fez o melhor que pode. A decepção vem quando você bebe.

O drink não está ruim, na verdade está muito bom. Delicioso. Mas aquele olhar nos olhos do pobre coitado é desapontador. A mistura de oitenta por cento de rum com vinte por cento de refrigerante sabor Cola não é necessariamente inovadora, e mesmo assim lhe é apresentado todo aquele orgulho ao te servir. Em contraste, se aquele é o ponto alto da noite, o prazer de uma bebida alcoólica bem confeccionada se transforma em motivo de dó e tristeza.

Ao terminar o terceiro episódio, é bem esse sentimento que desce por sua garganta, apertado e melancólico.

Teimando um pouco mais nessa historinha cima, você já esteve nesse bar antes e foi atendido por outros barmen, que lhe serviram bebidas que te deram vontade de escrever a porra de uma análise sobre a vida. Essa Cuba Libre só é o ponto mais alto de uma série de coquetéis criados por uma pessoa insegura e inexperiente, não tem como enganar ninguém que aquilo é pura magia.

Então, pra encerrar: as boas novas se resumem em que esse último copo estava bem gostoso até, mas, nada pessoal, ou vocês me chamam outro cara pra misturar essas pingas com refrigerante, ou soca o Domecq em mim. Caso contrário, não sei se eu aguento voltar pro quarto episódio.

Hynx

Sobre

Um rapaz gordo com cara de mendigo, que só quer saber de: jogar, salvar state, carregar state, irritar pessoas, escrever, e quem sabe até ganhar um beijo doce da Rainha do Rodeio.

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