Qualé a desse tal de… Out There Somewhere

Não é sempre que fazemos reviews aqui. Essa é a primeira, alias. E esse também é o primeiro jogo brasileiro pago (celular não conta) a sair desde que o site foi inaugurado, então me parece uma boa hora pra começar. Mas então…

Out There Somewhere, do famoso estúdio MiniBoss, começa com uma homenagem clara a Zero Wing, classico B do Mega Drive e meme dos tempos dos gifs de bebês dançantes. Mas antes que toda a sua base pertença a nós,  o primeiro plot twist acontece quando você percebe que tem um jogo de navinha embutido no seu puzzle/plataforma. A sequência frenética de tiros no espaço serve muito bem pra explicar como Yuri (o nosso herói) caiu no Planeta Desconhecido (cujo nome aparentemente é esse mesmo, o que torna a vida dos Carteiros Espaciais bem difícil). Isso poderia ser contado por mais uma sequência de imagens estilo Zero Wing, ou até não ser contado e foda-se, você está num planeta desconhecido, se vira negão. Mas o fato é que assim foi bem mais legal. A sequência até te faz pensar que é possível evitar a queda (acreditem, eu tentei 🙁 ).

De onde sairam essas navinha?

Após tomar uma sova e cair no Planeta Desconhecido, Yuri sai da nave munido apenas de sua arma de teletransporte  e aí sim o jogo começa de verdade. A princípio com puzzles simplezinhos, só pra você pegar o jeito, e logo vão surgindo monstros, raios com efeitos diferentes e alienigenas amigaveis dispostos a te dar dicas.  Nisso o jogo vai ganhando sustança, os puzzles vão ficando mais complexos e passam a abusar cada vez mais das suas habilidades de pulo e teletransporte. Fui surpreendido várias vezes tendo que usar essas habilidades de maneiras que eu não esperava, e em vários momentos fiquei preso, olhando pra tela e pensando “Fudeu! É um jogo brasileiro que acabou de sair, nem página no gamefaqs tem!”, até conseguir avançar por mim mesmo e ficar me achando o cara. Algumas partes são difíceis, mas é aquela dificuldade que te dá orgulho depois. Não tem nada no nível de “Doing Things The Hard Way” e FICA A DICA: na maioria das vezes é mais uma questão de racicionio do que habilidade, ou seja, não é força, é jeito.

Lá pelas tantas, você ainda consegue uma segunda arma (dependendo do seu nível de frescura isso pode ser um spoiler, então nem vou dizer o que ela faz),  o que adiciona um novo elemento a muitos puzzles e um pouco de ação ao jogo, mas também torna boa parte dos inimigos desnecessários, uma vez que você consegue matá-los facilmente.

Como a maioria dos jogos do genero puzzle/plataforma de hoje em dia (VVVVVV, Limbo, etc) , Out There Somewhere é bastante linear, com puzzles bem separadinhos. São poucas as situações nas quais você precisa voltar ou resolver um puzzle que envolve duas salas diferentes. E falando em voltar, fica outra dica: resolva tudo que tem pra resolver de cara porque o final vem de repente e aí não dá pra voltar e pegar as peças que faltam (é, tem umas peças pra pegar no jogo, se eu não falei ainda). O que aliás dá origem a é uma das poucas reclamações que eu tenho: o jogo podia deixar eu escolher se quero ir pra batalha final ou não. Logo antes do ultimo chefe havia um item que só podia ser pego através da sala seguinte. Chamou a minha atenção, mas eu não pude pegar o safado porque o jogo me largou no chefe sem eu pedir. O que aliás deixa um gancho para a segunda reclamação: a batalha final. Sem fazer spoilers, digamos apenas que ela não tem muito a ver com o resto do jogo e isso me custou umas vidas e bastante frustração.

Mas vamos falar de coisa boa? Esteticamente o jogo é lindo, de verdade. As sprites são “carismáticas“ e têm animações bem detalhadas. Sobrou personalidade também na paleta de cores,  muito bem planejada. No mesmo nível está a trilha sonora, que se encaixa perfeitamente no jogo e ainda é legal de se ouvir fora dele. E contrário a algumas reclamações por aí, não tive problemas com o tamanho do jogo (cerca de 2 horas). Acho mais que o suficiente para um jogo desse gênero que custa menos do que um lanche no fast-food mais próximo. O lanche dura muito menos tempo e ainda pode te dar uma dor de barriga, mesmo assim todo mundo paga por ele sem reclamar.

To falando que é bonito o jogo…

Terminado o jogo, fiquei com a sensação de que alguns elementos podiam ter sido melhor aproveitados em desafios mais complexos. Cheguei até a pensar em alguns. Para termos de comparação, o ultimo jogo que me deixou com essa sensação foi Portal 2, meu favorito de 2011. Então deixo mais uma dica, mas agora pro Studio Miniboss: um editor de fases cairia muito bem. Melhor ainda se viesse acompanhado de uma continuação.

Mas afinal, seria esse o messias da indústria nacional, aquele que trará enfim a taça do hexa pra casa? Talvez não, mas já está conseguindo algo bem mais significativo: Out There Somewhere é um jogo capaz de fazer com que a dita imprensa brasileira de joguinhos eletrônicos vire seus holofotes para o próprio país, reafirmando que jogos independentes criativos, inteligentes e bem produzidos não estão apenas “em algum lugar lá fora”. Só por isso, já vale o investimento de 5 dólares.

GAMESFODA

Sobre

Dono dessa merda e entidade transcendental de GAMESFODICE. Eventualmente assume forma humana como um programador barbudo ou um negão de dreads.

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