New Age Retro Gamer #15: Monster World IV

  23/05/2012 - 15:30   NARG, SEGA, Wonder Boy,  
 

O quão antigo é algo, se o seu conteúdo ainda é novo?

O NARG de hoje é especial: ele fala sobre um clássico que só saiu no Japão, mas recentemente recebeu um lançamento oficial em inglês pro Wii VC, XBLA e PSN. E com recentemente, eu digo, tipo, hoje. Quer saber se vale a pena? Aproveita essa greve e lê aí, seu desocupado!

Cara… vamos ser honestos aqui: o Mega Drive era foda pra caralho. Lançado em 1988, o sistema era sinônimo de Sonic (que só debutou em 1991), mas de certeza não se resumia só a ele. Por mais que nunca tenha recebido um apoio tão fervoroso das third-parties como os seus rivais da Nintendo, ainda assim a Sega conseguiu arrastar o bichinho nas costas durante bem uns 6 a 7 anos, e só foi ultrapassado pelo Snes lá bem pro final. Seus últimos anos, em especial, são espetaculares: Comix Zone, Dynamite Headdy, Phantasy Star IV, Pulseman, Vectorman 1 e 2, Sonic & Knuckles, Alien Soldier, Streets of Rage 3, e mais uma porrada aí.

Deixando a Mônica no chinelo

O NARG de hoje vai falar de mais um desses títulos. Sequência direta de Wonder Boy in Monster World, Monster World IV (Mundo Monstruoso Quatro) é um action-RPG-plataforma com um pé no Metroidvania. Lançado em 1994, por alguma razão completamente inexplicável ele passou esse tempo todo exclusivo ao Japão, nunca antes tendo recebido um lançamento ocidental… até agora! Levou 18 anos, mas finalmente chegou: Monster World IV foi lançado agora mesmo para tudo quando é serviço de download disponível nos consoles. É isso mesmo que você está lendo! Pelo preço de um PF no bar do Zé, você pode experimentar um dos melhores games do Mega Drive como se ele fosse novo!

L'oreal: porque eu mereço

Bora ver qual é a desse treco. Ele pega após o final de WBinMW: durante a introdução do jogo, você pode ver o vilão do game anterior (que parece um pouco o Olho Voador Bizarro) tramando o seu maléfico retorno em uma cutscene que não mostra muita coisa. Iniciando o jogo você conhece a nossa heroína: Asha, uma garota de cabelo verde (alô, fetichistas!) que mora em uma aldeia nas montanhas. Como Asha não tem muito o que fazer por lá, um dos seus hobbies favoritos é ir pra beira de um penhasco e ficar viajando na maionese. Durante uma bad trip, ela começa a ouvir vozes dizendo que o mundo está em perigo e só ela pode salvá-lo ou coisa parecida. Muito influenciável, a garota taca o foda-se, se despede de todo mundo da aldeia e resolve seguir o seu caminho por causa de uma voz que ela nem sabe de onde veio. Pode não ser lá a melhor desculpa para uma emancipação, mas que se dane, deu certo.

Estou fugindo de você, seu doente!

Como nos WB anteriores, a gameplay é uma mistureba de açúcar, tempero, e tudo o que há de bom. Uma das principais diferenças de MW4 é a sua estrutura. Dessa vez não há vários vilarejos, apenas um ”hub world” por onde você acessa os outros lugares. Ele é o reino de Rapadagna, onde você pode comprar novos itens e conversar com os NPCs aleatórios pra saber quem pegou quem, perguntar quanto tá o preço do pão, e outras coisas importantes. O hub world muda um pouquinho a cada vez que você o visita, então é sempre bom dar uma boa olhada por uns baús ou itens coletáveis que antes eram inacessíveis.

Seguuuura peão

Mais uma vez, você usa uma espada para atacar os inimigos e um escudo (que dessa vez é acionado manualmente) para se defender. Derrotando os inimigos (que são muitos dos usuais da série) e abrindo baús você consegue mais dinheiro, que pode ser usado para comprar novos e melhores equipamentos. Nessa interação, uma pequena diferença se refere ao quesito plataforma – por mais que sempre fosse presente nos anteriores, aqui o enfoque em plataforming é bem maior, com mais desafios testando sua precisão além de um puzzle aqui e ali para incrementar o negócio. Você adquire mais HP comprando uma nova armadura ou então coletando as Blue Drops que estão espalhadas pelo jogo. Algumas dessas Blue Drops são bem na cara, já outras permanecem bem escondidas em algumas áreas secretas (só consegui coletar todas do jogo uma vez).

Matando a cobra e mostrando a espada

Os outros mundos temáticos são acessados a partir de um templo em um canto do reino de Rapadagna: mundo de gelo, vento, fogo, água. Não é muito criativo, mas foda-se. A conseqüência deles terem segregado o jogo nesses mundos específicos é que o fluxo é muito mais linear que os games anteriores (você entra nesses mundos em uma ordem certa e não pode revisitá-los), e até dá a impressão de que o game é mais curto do que realmente é. Você pode pensar que foram apenas quatro dungeons quando na verdade há bem umas sete ou oito áreas temáticas diferentes (com durações variáveis) a se explorar. O jogo não é muito longo, mas também não é tão curto quando pode parecer.

A noite na Arááábia, e o dia tambééém ♪

Uma outra grande mudança nesse game é que agora você não se aventura pelo Monster World sozinho. Dessa vez, você terá a companhia de um sidekick – Pepelogoo, um bichinho azul flutuante que parece um Kirby mal desenhado. A idéia de ajudantes já havia sido abordada bem de leve em  WBinMW, onde a fadinha Priscilla e aqueles outros bichos estranhos te acompanhavam (acho que foi uma forma de substituir as transformações de Dragon’s Trap. Aliás, esse conceito lembra bastante os Familiars de Castlevania: Symphony of the Night, não?) . A diferença é que aqui o seu ajudante é bem mais crucial para a jogabilidade ao invés de só cagar moedas tipo o Bidu fazia. Apertando o botão A, você segura Pepe sobre a sua cabeça. Pulando com ele segurado, você flutua e cai mais lentamente, além de ter o impulso de um pulo duplo. Arremessando ele, você pode acionar switches, encontrar portas escondidas e outras coisas do estilo.  Toda a jogabilidade, dos puzzles ao enfoque bem mais exacerbado em platforming, são baseados no fato de que Pepe está ali do seu lado. Isso acaba tornando os desafios um tanto fáceis… aliás, algo que pode ser dito sobre o jogo todo. All in all, Monster World é um jogo beeem facinho, mesmo pros padrões de 1994.

Não tente fazer isso em casa

Véi, quando eu digo que eu gosto MUITO das coisas que aparecem no final de uma geração, é por causa de games como este. MW4 é um verdadeiro espetáculo visual. Sprites enormes e expressivos, cores vibrantes, e um carisma ímpar que acompanha cada um dos personagens do jogo. Pequenos detalhes como o rebolar de Asha ao abrir um baú e as várias expressões de Pepe são a cereja no bolo. Eu já cantei louros sobre a incrível pirotecnia visual de Dynamite Headdy aqui, mas cara, MW4 é muito provavelmente o jogo mais bonito do Mega Drive.

Mais colorido que um clipe dos Beatles

A parte sonora dele também não fica nada atrás. O game possui uma música tema específica (um “motto”) que serve de base para as outras composições do jogo. É algo que pode não agradar a todos, mas eu pessoalmente amo – dá um aspecto bem característico ao jogo que já lhe é apresentado desde a tela título. É vero que isso acaba tornando sua parte sonora menos variada que os outros games da série, mas ainda assim, tudo o que há aqui é de boa qualidade. A música da área antes do vulcão, em especial, não sai da minha cabeça:

O que se pode dizer de MW4 é que ele é um “jogo jogo” em toda a sua extensão. Não há temas obscuros, filosofias inovadoras ou qualquer coisa parecida. É só puro, excelente game design, que pega emprestado algumas das melhores idéias e mecânicas que acompanham os seus respectivos gêneros e fundem-nas em um produto final que sabe muito bem o que está fazendo. É talento, empenho e competência em ação, com pouquíssimas vírgulas a se enunciar.

Nada de Magali dessa vez

Mesmo após 18 anos de seu lançamento original, MW4 envelheceu incrivelmente bem e vale tanto a pena de ser jogado hoje quanto ele era ontem. A menos que você tenha algo contra games retro (e se fosse esse o caso, o que raios você estaria fazendo aqui?), é um game que não exige tanto empenho ou firulas e vale bem a pena ser experienciado. Minha recomendação é: salva um pouquinho no final da semana, deixa de comer no Burger King algum dia aí, e salva as suas Dilmas para pegar o título no Wii VC, PSN ou XBLA.

Isso aqui é um jogo retrô, é verdade, mas é um jogo retrô com cara, feeling, e jogabilidade de jogo novo. Não fica muito melhor do que isso.

A partir de HOJE, disponível em todos os sistemas.
– Wii VC: 900 points.
– PSN: $4,99, tem Trophies.
– XBLA: 800 points pela coletânea que inclui MW4, Wonder Boy in Monster Land, e Wonder Boy in Monster World (!!!). Os Achievements são divididos entre os três jogos.

Sobre

Rodrigo "Rod" é de Salvador, Bahia. Estuda psicologia, finge ser escritor, e acha que entende alguma coisa sobre game design.

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